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A Entrevista – Fátima Lopes | Pequenos Gigantes

A Televisão
17 min leitura

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Finalmente um programa de domingo à noite para Fátima Lopes. Depois de quatro anos a conduzir diariamente as tardes da TVI, a anfitriã do A Tarde é Sua chega agora ao prime time com o concurso Pequenos Gigantes. Assume-se como uma «criatura bem-disposta e ramboieira» e garante que o seu registo vai continuar o mesmo. «Não vou mudar nada. Não vou criar uma personagem nem um boneco. Vou mostrar-me como sou». Feliz por trabalhar pela primeira vez com crianças em televisão, Fátima tem a certeza que vai aprender muito com elas. Ainda não será desta que vamos ver a apresentadora integrada numa dupla, mas isso… pode estar para breve. «Ainda não me arranjaram companhia. Um dia destes vai acontecer, quando menos se espera», confessou ao A Televisão.

1 A Entrevista - Fátima Lopes | Pequenos Gigantes

No ar desde janeiro de 2011, que balanço faz do A Tarde é Sua?

O balanço é o melhor possível, porque com estes anos que o programa já tem nós temos conseguido manter a nossa liderança; e manter a liderança é um trabalho diário, muito exaustivo, muito exigente por parte de toda a equipa. Mas o facto de continuarmos aqui em primeiro lugar dá-nos ainda mais responsabilidade. Portanto, eu não podia estar mais satisfeita porque os espetadores estão cá, seguem-nos, acompanham tudo o que nós fazemos e ainda por cima com muito entusiasmo e muita participação.

Está satisfeita com o seu percurso até hoje?

Muito contente. E acho que a TVI também está muito satisfeita por me ter contratado, porque pelo menos até agora os formatos que tenho feito para a casa têm sido sempre formatos vencedores. E eu estou muito contente porque felizmente vim parar a uma equipa que me recebeu e recebe com muito carinho. Sinto que as pessoas estão mesmo felizes por me terem aqui.

Está formada uma grande equipa, uma grande família?

Felizmente, sim. E isso é para mim uma das mais-valias deste programa. São as muitas «formiguinhas» que o espetador nem conhece, mas que são peças fundamentais para o sucesso do programa. Esta equipa é muita coesa, é unida, muito profissional e trabalha com entrega. É uma equipa que não gosta de fazer «mais ou menos», é para fazer bem feito.

Dá gosto trabalhar com pessoas que nós gostamos?

É muito importante. Trabalhar numa equipa que nós não apreciemos as pessoas ou saber que não nos apreciam é complicado.

O que é que dita este sucesso?

Eu acho que é nós sabermos quem é que está do outro lado. Ou seja, eu não posso fazer o programa a pensar em mim. Eu não posso fazer o programa a olhar para o meu umbigo e dizer «o que é que os meus amigos gostariam de ver no programa?». Não é os meus amigos, é o que é que o espetador que está a esta hora em sua casa, tranquilo, gostaria de ver para se sentir satisfeito. O que é que faria com que a pessoa que está em casa achasse que havia motivo para ligar a televisão no canal quatro. É quase como uma missão em que nós temos que servir os outros, e eu acho que nós estamos muito atentos a quem está do lado de lá e procuramos respeitar o espetador o mais possível. Se nós fazemos um tema que não resulta, é sinal de que o espetador não gosta. Então, não vou voltar a servir esse «prato».

Ainda assim o Há Tarde e o Grande Tarde têm-se aproximado do A Tarde é Sua

Eu não trabalho a pensar nos números. Eu não faço melhor ou pior por causa de quem está do lado de lá – se é o apresentador X ou se é o apresentador Y. Eu procuro fazer o melhor, nem que do outro lado esteja um filme. Não mudo a minha prestação por causa disso. O nosso programa não se ressentiu com a estreia dos programas da concorrência, mantém uma liderança muitíssimo confortável. Se calhar houve programas, nomeadamente o da RTP, que conseguiu uma performance melhor do que tinha, mas nós não nos ressentimos.

Estou a ver que tem um grande respeito pela concorrência.

Isso eu sempre tive. Foi uma das coisas que eu aprendi com os apresentadores mais velhos, nomeadamente o grande Júlio Isidro, o nosso querido Henrique Mendes (que já cá não está) e outras pessoas que me ensinaram muito – a sempre olhar para os outros colegas como colegas. Não interessa o resto. Não vamos ver: «ai não, este é assim, então respeito mais; aquele é assado, respeito menos». Não, são colegas. E são colegas que estão lá com o mesmo objetivo que eu, ou seja, fazer o melhor possível e ganhar. Eu encaro todos da mesma maneira. Alguns até são meus amigos, portanto, é impossível fazer as coisas sem respeito. O caso do João Baião: é meu concorrente, mas antes de ser meu concorrente é meu amigo. O que é que eu hei-de fazer?

2 A Entrevista - Fátima Lopes | Pequenos Gigantes

A Fátima era líder na SIC, veio para a TVI e continuou líder. Acha que foi uma grande perda para a SIC?

Eles é que poderão dizer. Não me vou manifestar em relação a isso. Agora, eu não me esqueço de todas as coisas bonitas que vivi naqueles dezasseis anos. Foi lá que eu nasci, foi lá que eu cresci, foi lá que eu aprendi tudo o que sei. O meu coração tem sempre um sítio especial para a SIC, e vai ter toda a vida. É como um primeiro amor, nunca mais se esquece.

O A Tarde é Sua tem um lado muito emotivo. Como é que lida com esta carga tão dramática?

Ele não tem propriamente uma carga dramática. Como é um programa que é um retrato da vida real e da vida comum de qualquer ser humano, às vezes temos aqui histórias que são efetivamente pesadas. E há histórias, que eu quando as acabo de fazer, sinto-me abalada. Por mais que eu esteja emocionada, por mais que eu esteja abalada com o que eu estou a ouvir, eu tenho sempre que me lembrar que sou eu que estou a dirigir este barco. Procuro não perder a cabeça, digamos assim. Procuro que a emoção não domine completamente aquilo que está a acontecer.

Sente necessidade em esconder as emoções?

Tenho é que me controlar um bocadinho. Não posso ter um ataque de choro convulsivo em direto, embora muitas vezes já me tenha apetecido. Choro, como as outras pessoas, e nota-se na minha cara que me está a custar muito ouvir aquela história. Mas eu não posso virar costas e dizer «vou-me embora». Tenho que permanecer no meu posto, mas às vezes chego a casa e aí a história ainda foi comigo. Procuro que ela fique aqui [no programa], mas nem sempre consigo.

É fácil conduzir um programa de três horas diariamente?

Eu acho que é difícil quando se está mal preparado, quando não se fez o trabalho de casa e quando se está à espera que os convidados façam o trabalho do apresentador. Está errado, os convidados são as estrelas do programa e têm que brilhar com a ajuda do apresentador.

Como é que descreve o seu dia a dia na TVI?

O meu dia a dia é sempre uma coisa bastante movimentada [risos]. Antes de entrar aqui no estúdio, há muitas reuniões, há boa preparação do próprio programa, estudar o material… Enfim, há milhares de coisas. Depois eu entro aqui, tenho as promoções para gravar, tenho os destaques, tenho que conversar com cada um dos convidados. A partir do momento em que eu passo aquela porta do estúdio, é um non-stop, não há tempo para nada. Mas esta é a nossa vida e é a vida que eu escolhi.

Imagina-se a ver o A Tarde é Sua a ter o mesmo percurso que o Você na TV!, que já lá vão dez anos?

Imagino. Acho que este programa tem todas as condições para estar cá dez, quinze anos… Porque não? É um programa que é um retrato tão próximo da vida das pessoas, que tem todas as condições para estar cá muitos anos. Eu já me habituei a apresentar formatos que duram muito tempo.

Outro programa que é apresentado por si, embora seja com uma participação esporádica, é o Somos Portugal. Nesse programa podemos ver uma Fátima mais descontraída. Gosta desse registo?

Gosto desse registo e gosto acima de tudo de poder ter contacto com as pessoas, porque nós aqui estamos fechados num estúdio (temos contacto com os nossos convidados, mas não há contacto com as pessoas que nos vêem lá em casa). O Somos Portugal é uma oportunidade excelente de nós nos deslocarmos até outras terras, termos a proximidade das pessoas, ouvirmos muitas vezes aquilo que elas nos têm a dizer (as sugestões, os comentários). E por outro lado, é um programa que não tem situações tristes e, portanto, eu posso ser só a Fátima bem-disposta, porque eu sou uma criatura muito bem-disposta e muito ramboieira; as pessoas é que não sabem [risos].

Mas depois de apresentar o A Tarde é Sua cinco dias, chegar ao Somos Portugal é preciso ter uma grande bagagem para aguentar seis horas em direto…

É preciso ter fibra, mas eu tenho muita fibra. Aí são seis horas, sempre a bombar e depois normalmente na segunda-feira estou cá (às vezes tenho folga, outras não tenho). É cansativo, não vou dizer que não, mas faz-se. Se fosse um sacrifício, eu acho que aí era um bocadinho complicado. Agora, eu faço com tanto prazer. Eu gosto tanto daquilo que faço, talvez por isso é que não me canso.

E finalmente a estreia nos domingos à noite, com o Pequenos Gigantes. Não podia estar mais feliz…

Estou muito feliz. E vou trabalhar com crianças, que é uma coisa que eu nunca fiz. Vai ser a minha primeira experiência, e isso deixa-me particularmente contente, porque eu tenho a certeza que vou aprender muito. Se calhar não vão ser eles que vão aprender comigo, sou eu que vou aprender com eles.

Foi preciso esperar quatro anos até conseguir um formato desta dimensão na TVI. Sentiu-se injustiçada?

Não, porque o mais difícil de tudo é fazer isto que eu faço aqui. Os programas de daytime são os programas mais difíceis de fazer. As manhãs e as tardes, é preciso ter os dedos muitos afinados para tocar esse «piano». E quando as pessoas falam em horários nobres, para mim horários nobres são todos. Não é só à noite que é um horário nobre, a manhã e a tarde também. E o público das manhã e das tardes é muito exigente, e muda com muita facilidade de canal. E eu acho que fazer estes programas é realmente a maior de todas as exigências. Talvez sentisse que estava subaproveitada se não estivesse a fazer este programa, se estivesse a fazer coisas só pontualmente. Agora, a fazer isto todos os dias, estes anos todos… Não estou nada subaproveitada, estou a ser muito bem aproveitada [risos].

6 A Entrevista - Fátima Lopes | Pequenos Gigantes

Então concorda quando o Manuel Luís Goucha diz que o daytime é a maior escola que um apresentador pode ter?

Não há outra. Um apresentador que só tenha feito na vida prime time (só), tem ainda muito de televisão para aprender. Se calhar alguns colegas vão dizer: «não faz sentido o que a Fátima está a dizer». Então eu sugiro que troquem de papéis. Vão fazer um estágio ao daytime (um daytime sem teleponto, todos os dias ler uma pilha de informação). E depois eles que me digam se realmente tinham esta escola feita ou não. Esta é a escola mais dura, mas também é a mais completa.

Está preparada para o que aí vem?

Preparadíssima. Podia ser já este próximo domingo.

Vai manter o teu registo ou vai inovar?

O registo é a personalidade da pessoa e eu não vou mudar a minha personalidade por fazer à noite. Vou continuar a ser eu própria. Eu comecei por fazer programas de prime time, programas onde eu podia mostrar essencialmente o meu lado divertido e o meu lado bem-disposto. Essa não morreu, eu continuo a ser a mesma. Depois, a vida profissional empurrou-me para um tipo de formatos mais sérios, onde, por exemplo, quando fiz as manhãs, também havia muitos momentos de diversão. Nós tínhamos muitas rábulas com atores, coisas muito bem dispostas e, portanto, eu aí podia mostrar na mesma o meu lado divertido. Neste talkshow, que é puro talkshow, eu não tenho isso, mas esse lado continua a ser a Fátima. E portanto, à noite eu não vou mudar nada. Eu vou ser simplesmente a Fátima. Aliás, foi uma decisão quando eu me estreei como apresentadora: eu vou mostrar-me como sou. Se as pessoas gostarem de mim, eu vou ficar cá. Se as pessoas não gostarem de mim, eu vou continuar a fazer o que eu fazia. Agora, eu não vou criar uma personagem nem um boneco para poder trabalhar em televisão.

No A Tarde é Sua está sozinha, no Pequenos Gigantes também. Quando é que lhe arranjam um parceiro?

[risos] Não sei, ainda não me arranjaram companhia! Ainda por cima eu dou-me muito bem com os apresentadores da casa, eu sou amiga dos apresentadores da casa. Quando trabalhos juntos é uma festa: com o Manuel, com a Iva, com o Nuno… é uma festa. Mas tem-me sempre calhado formatos que eu estou sozinha. Um dia destes vai acontecer, quando menos se espera.

Quais são as suas maiores ambições?

Continuar a fazer aquilo que tanto gosto, com o mesmo prazer. No dia que eu já não sentir esse prazer, tomarei eu a decisão de me ir embora.

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