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A Entrevista – Diogo Faro, o Sensivelmente Idiota das redes sociais

David Soldado
9 min leitura
Foto: MTV

Nas palavras de Diogo Faro, conhecido nas redes sociais por Sensivelmente Idiota, o humor está a ganhar o seu espaço em Portugal. Em entrevista ao site A Televisão, o licenciado em Publicidade e Marketing falou dos seus projetos nas várias vertentes – rádio, televisão e imprensa escrita – e confidenciou ainda as suas maiores ambições.

O MTV Play Love foi uma das tuas últimas atuações enquanto comediante. Como correu?  

Tive que meter-me mais com o público do que estava à espera. A maior parte das pessoas não me conhecia. Elas vieram para conhecer o Mickael [Carreira] como natural, mas foi fixe. Além das piadas que tinha planeado fazer, o que ajudou foi a interação. Meter-me com as pessoas e elas alinhavam e riam.

Diz lá a verdade. O teu objetivo era conquistar os fãs do Mickael Carreira?

[Risos] Não, cada um com as suas.

Para quem não te conhece ainda, como é que se define o Diogo Faro?

Ah esta é como a pergunta “O que dizem os teus olhos?” [Risos]. Sou uma pessoa normalíssima como é óbvio. O meu trabalho é um trabalho criativo. Era publicitário mas já era criativo desde que trabalhava e assim a página foi crescendo e comecei-me a dedicar a isto, não foi à 2, foi quase à 3 anos a tempo inteiro, tem corrido bem.Comecei na Cidade 1 vez por semana, na Forum TV, eu o Salvador Martinha e o Franco Bastos tivemos na Fox Comedy, e pronto aos poucos penso que estou a conseguir avançar bastante para o tempo de carreira que eu tenho, prefiro fazer as coisas sustentadas, fazer o meu trabalho e pronto, tenho amor.

Muitas vezes as tuas piadas não correm bem…Até já foste bloqueado nas redes sociais. 

Tenho de tentar seguir o meu caminho. Eu tenho ideias vincadas, as minhas opiniões. Não digo piadas por dizer, são as minhas opiniões. Da última vez fui bloqueado, não à muito tempo, precisamente por gozar com o Pedro Arroja, completamente racista e homofóbico. E eu faço uma crónica completamente irónica que era como se eu tivesse do lado dele a dizer “Tudo bem, sim vivemos no século XVI”  e fui bloqueado.

Não consideras isso um elogio? O facto de seres denunciado é porque crias impacto…

Tenho impacto mas estraga-me o trabalho. Eu uso a página de Facebook também para trabalhar. Na altura foram sete dias e condicionou-me, tive de pedir à minha agência, “olha publica-me isto se faz favor”,  é estúpido.

O facebook é um aliado ou um inimigo para ti? 

Não sei… É claramente um aliado, mas aqueles padrões de norma…Mas a culpa não é do Facebook, mas sim da mentalidade estúpida das pessoas que têm de ficar ofendidas com tudo e mais alguma coisa.

Nos dias de hoje muitas são as pessoas a aventurarem-se no Youtube. Nunca pensaste seguir o mesmo caminho? 

Eu tenho alguns vídeos, mas nunca criei o hábito de fazer vídeos à Youtuber: as coisas muito bem trabalhadas, a olhar para a câmara, a ter um discurso e depois pôr imagens. Não me consigo motivar com isso.

E como vês a tua evolução? Estás em todas as frentes: na rádio, em televisão e até tinhas uma crónica no semanário Sol…

Sim, o semanário Sol é fixe.

Estavas com receio que te censurassem no jornal? 

Não. Uma vez pediram-me para não pôr lá a palavra “anal”, mas depois mandaram outro mail a dizer “Diogo esquece, está tudo bem” e não censuram nada e é bom. Escrevo tudo o que me apetece. E é bom porque estou a falar para um público gingante e é uma boa divulgação para mim. Gosto de escrever e ali também posso escrever coisas mais sérias.

Escreves, portanto, para vários públicos? 

Tenho muitas pessoas que gostam do meu trabalho e são fiéis. Por exemplo, às vezes faço uma piada má e dão-me o desconto, por isso, acho que já tenho um público. Mas o meu público ainda é pequeníssimo em Portugal. O meu objetivo é manter o meu sentido de humor, mas sei que ainda vou ter de trabalhar muito.

Quais são as tuas grandes referências no humor? 

Mickael Carreira e o Tony Carreira [Risos]. Bruno Nogueira e Ricardo Araújo Pereira. Também gosto muito de outros comediantes, como os meus colegas, o Salvador, o Luís Franco Bastos por aí…

O humor está cada vez mais a ganhar o seu espaço em Portugal? 

Está a crescer. Há cada vez mais espectáculos e há cada vez mais comediantes. Agora as pessoas conhecem cada vez mais comediantes como eu, que começaram à pouco tempo. Há mais bares para se fazer Stand Up´s em que as pessoas vêm 15 minutos e depois dizem “Ah não conhecia, mas adorei!”

E na tua opinião, o humor deve ter limites? 

Não! Não deve ter limites. Cada um diz o que vai na cabeça de cada um.

Mas levas a mal quando as pessoas não entendem as tuas piadas? 

Não levo a mal. Não me venham é denunciar e estragar o meu trabalho. Não gostam do meu trabalho, tirem o like da minha página e não me denunciem. Chamem-me nomes, eu nem apago comentários. Tenho lá ameaças de morte e de pancada, insultos, mas quando é para insultarem a minha família aí é que eu apago e bloqueio.

E como lidas com as críticas? Sentes necessidade de responder? 

Há várias vezes que respondo ironicamente. Respondo só por gozo para os chatear ainda mais, porque elas já estão irritadas comigo e eu vou lá e gozo mais um bocadinho e elas ficam ainda mais chateadas. Mas quando são críticas construtivas que são menos frequentes do que as destrutivas como é óbvio, vou lá e falo com as pessoas e aceito. Pelo menos têm um ponto de vista que eu consigo perceber.

Não há aquela piada do “És mesmo idiota”?

Há e dizem não és sensivelmente, és completamente idiota! [Risos]. Totalmente idiota e estupidamente idiota, há de tudo.

E projetos para o futuro? 

Atualmente, estou num programa, às sextas-feiras à noite, eu, o João Cunha e o Vasco Soares. É um programa de comentários de futebol, mas somos três comediantes. Fazemos piadas para que as pessoas possam rir. Vou continuar no semanário Sol a escrever, tenho também um livro que já está escrito. Quero voltar a fazer talk shows como fiz no Villaret onde tive a minha avó, o Kapinha, a Blaya. Tive uma data de gente e queria fazer outra vez uma coisa assim.

Gostavas de ter um talk show próprio em televisão? 

Gostava, mas em Portugal é complicado e o tempo também é muito limitado. Lá fora está cada vez mais censurado, eu até conheço pessoas que trabalham lá. Na RTP também não podes dizer nada porque agora está na moda ficar ofendido com tudo, seja no Facebook ou na vida.

Há mais possibilidade de fazer humor nos canais privados do que na RTP que é uma estação pública? 

Tens um bocadinho de mais liberdade, mas mesmo assim… Tens, por exemplo, a SIC Radical.

Para terminar, se te convidassem para ir trabalhar para a Benfica TV, ias? 

Não! [Risos]. Ainda por cima agora que há a Sporting TV, é contra os meus princípios. Não ia estar feliz, não dava.

Agradecimentos: Agência de comunicação Ogilvy e MTV

Redactor.