fbpx

A Entrevista – «Companheiros de Luta»

Pedro Vendeira
14 min leitura

Entrevista a Lindsey Stanek

O que a inspirou a criar a organização Paws and Stripes?

O meu marido, Jim Stanek, por causa da sua retirada do exército com um diagnóstico de transtorno de stress pós traumático (TSPT) e traumatismo crânio-encefálico (TCE). Além disso, sempre quis ajudar pessoas e animais de alguma forma.

Que tipo de treino recebem os cães da Paws and Stripes? É diferente do que recebem outros animais de assistência?
A Paws and Stripes treina cães provenientes de refúgios, não vamos buscar os animais a criadores. Esta situação apresenta os seus próprios desafios, contudo também tem recompensas únicas. Nem todos os cães que são treinados para cães de assistência têm sucesso. O que acontece a estes cães quando falham? Muitos estão em risco de acabar em canis como os cães que são adotados e depois devolvidos. Descobrimos que os veteranos e estes cães têm muito em comum. Também treinamos os cães de acordo com as necessidades de cada veterano inscrito. Todo o treino é positivo, nunca usamos castigos físicos ou equipamento agressivo como coleiras estranguladoras de picos.

Por que motivo é importante para si usar cães provenientes de refúgios de animais no programa da Paws and Stripes?

Penso que existem vários motivos. Entendo que haja desafios associados ao uso de cães provenientes de refúgios, mas penso que os benefícios ultrapassam as dificuldades. Em primeiro lugar, existe um motivo prático de contribuir com uma solução para o grande número de cães sem casa e taxas de eutanásia. Mas mais do que isso, considero gratificante dar-lhes uma oportunidade de ter um lar e um objetivo. Há uma sinergia entre o veterano e o animal que é única: eles entendem-se e podem reconstruir as vidas em conjunto.

Como descreveria a sua função na Paws and Stripes?

Enquanto CEO dirijo as operações do programa. Basicamente supervisiono os projetos, as questões financeiras, planeamento estratégico, gestão de contratos e por aí fora. A minha função é bastante abrangente. Tanto posso estar a trabalhar numa página para o nosso website, como a ter uma reunião com potenciais doadores ou parceiros estratégicos, escrever procedimentos ou emitir pagamentos. No entanto, independentemente das minhas funções em concreto, sinto-me privilegiada por ter as pessoas ao meu lado como tenho na Paws and Stripes.

Qual a melhor parte do seu trabalho? E a pior?

Há tantos pontos fantásticos no meu trabalho!!! Claro que a melhor parte é poder estar com o Jim ou um amigo e encontrarmos um dos nossos alunos com o seu animal em ação. Eu persegui literalmente um deles no World Market porque estava tão entusiasmada por ver como estavam a trabalhar em conjunto durante uma época tão movimentada como a natalícia. Em segundo lugar, os colaboradores da Paws and Stripes. Adoro as pessoas que trabalham connosco e sinto-me abençoada por ter cada um deles. São a minha família Paws and Stripes. A pior parte: a preocupação constante em conseguir financiamento e encontrar recursos para melhorar o nosso programa. É uma batalha constante. Muitas vezes não conseguimos fazer melhorias porque nos faltam recursos. Estas preocupações são muito complicadas porque penso bastante sobre como a situação afeta os veteranos e os meus colaboradores.

Quais as suas expetativas para o futuro da Paws and Stripes?

Sinceramente, só espero ter instalações bem equipadas, pessoal e recursos para nos permitir fazer o nosso trabalho ainda melhor, servir mais veteranos e expandir o impacto dos nossos serviços. Desejo sustentabilidade e qualidade para os veteranos e colaboradores. É só isso.

O que acontece a potenciais cães de assistência que não têm um veterano para trabalhar com eles?
Todos os nossos cães são provenientes de canis locais com os quais temos parcerias, por isso, os que não forem escolhidos, ficam nos abrigos até lhes serem encontradas casas.

Companheiros-De-Luta-Lindsey

Há alguma coisa que tenha aprendido com a criação e gestão da Paws and Stripes que pensa que pode chocar as pessoas? Ou algum facto em particular relacionado com o que faz que gostaria que as pessoas soubessem?
No geral, penso que das muitas coisas que gostaria que as pessoas soubessem sobre esta missão escolheria a consciencialização do que é a TSPT e a TCE, como se manifestam e por que motivo estes homens e mulheres têm as batalhas que têm. Não são maus nem loucos, são indivíduos fortes e incompreendidos que aceitaram carregar um pesado fardo após servir o país. Da mesma forma, penso que as famílias também devem ser informadas sobre a sua força e o fardo que carregam. Estas deficiências são bastante incompreendidas. É altura de nós enquanto país fazermos um esforço para entender e agir.

O que gosta de fazer nos tempos livres?

Quando tenho tempo gosto de fazer várias coisas: ler, pintar, desenhar, jardinar, passar tempo no meu ginásio, campismo, música, caminhadas, cozinhar, passar tempo com amigos e família. Se pudesse, estaria no ginásio todos os dias. Gosto de trabalhar no jardim e tratar das galinhas, sim das galinhas. Basicamente qualquer coisa relacionada com a natureza e ao ar livre faz-me feliz.

Que facto sobre si surpreenderia mais as pessoas?

A maior parte das pessoas pensa que eu sou uma das treinadoras dos cães, mas na verdade sou péssima a treinar cães. Sou também uma grande fã de ficção científica.

Se não tivesse o trabalho que tem agora, o que estaria a fazer?

Voltaria à escola e terminaria o meu curso. Comecei por estudar Artes Visuais e Psicologia há milhões de anos atrás… e agora quem sabe o que escolheria?

Quem ou o que a inspira? Porquê?

Acho que deveria mencionar uma das mulheres famosas da história. Contudo, sou inspirada por tantas pessoas e coisas. A minha família, ver os veteranos a superar os desafios, a resiliência e amor incondicional dos cães, uma música, um livro, algo que alguém disse… talvez a melhor forma de responder a esta questão seja que tento encontrar inspiração onde quer que esteja porque todo o tipo de pessoas e acontecimentos inspiradores nos rodeiam. Os meus colaboradores são verdadeiramente uma família e a sua dedicação, diligência e amor ao que fazem é uma grande inspiração.

Última questão: qual a sua opinião sobre gatos?

Eu adoro gatos! Costumava ter gatos até começar a trabalhar num veterinário e fazer trabalho de salvamento no Kansas e aprendi como os cães são extraordinários! Contudo, a Paws não tem planos futuros para treinar gatos…

Siga-me:
Amante da tecnologia e apaixonado pela caixinha mágica desde miúdo. pedro.vendeira@atelevisao.com