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A Entrevista – Carlos Costa

David Soldado
17 min leitura

Fbcover Carlos%252520Costa A Entrevista - Carlos Costa

Em 2009, Carlos Costa ficou conhecido dos portugueses ao participar na terceira edição de Ídolos. Seis anos depois regressa às luzes da ribalta, desta feita, para integrar o lote de concorrentes de A Quinta, da TVI. Ainda que lamente a sua saída prematura, o jovem cantor não se arrepende e voltava a fazer tudo de novo. «Se eu quisesse mudar o quer que seja estaria a mudar a minha genuinidade e aquilo que eu sou», afirmou ao site A Televisão

1 A Entrevista - Carlos Costa

O que te fez aceitar este convite?

Aceitei este convite porque achei interessante o formato. Apesar de ter noção do que era um reality-show tinha curiosidade em saber como funcionava um. Também achei interessadíssimo esta vertente de quinta, isto é, estar com animais.

Estando cá fora e passado alguns meses da tua saída, a experiência de estar fechado numa casa correspondeu às tuas expectativas?

Eu não tinha expetativas em relação a isso. Simplesmente fui trabalhar como profissional de televisão e ao mesmo tempo enquanto aprendiz de agricultor. Foi com esse intuito que ali estive. Não pensei muito se estava fechado ou não, mas claro que sentimos privados e necessidade de algumas coisas. Porém não é nada que nos faça delirar.

Mas quais eram os teus objetivos quando entraste?

Acima de tudo queria ser eu próprio. Não fui para ali ser aquilo que não sou. Tentei mostrar às pessoas que o Carlos pode ter uma vertente extravagante, mas também ao mesmo ser simples.

Quais são os melhores momentos que guardas da tua participação?

Eu guardo excelentes momentos com excelentes pessoas. Guardo momentos muito ricos em carinho e afeto. Foi uma experiência humana muito enriquecedora. Até mesmo a pessoa com quem não me dava assim tão bem teve uma coisa para me ensinar.

E os piores?

Talvez o pior momento foi quando no palheiro a Teresa Guilherme me confrontou com algumas afirmações que eu fiz em frente ao António Raminhos, mas ficou bastante ciente na minha mente que foi um momento de auto defesa. Foi um momento menos feliz, lamento que tenha acontecido, mas sei que consegui dar a volta por cima.

Sentes que mudaste a opinião de alguém em relação a ti?

Todos eles [concorrentes] ficaram a compreender melhor quem é o Carlos e o porquê do Carlos ser de determinada forma. Acima de tudo consegui transmitir que sou alguém bastante simples e que o meu lado extravagante tem simplesmente a ver com o meu trabalho. É uma questão de gosto pessoal e não é o que define a minha personalidade e o meu interior.

Se entrasses de novo fazias tudo igual ou mudarias alguma atitude?

Faria tudo igual. Não me arrependo de nada porque conheço-me suficiente para perceber o porquê das minhas atitudes terem sido de uma determinada forma. Estou perfeitamente tranquilo em relação a isso. Talvez se tivesse sido de outra forma as coisas poderiam ter sido melhores ou piores mas o que lá vai, lá vai. Mas lá está, se eu quisesse mudar o quer que seja estaria a mudar a minha genuinidade e aquilo que eu sou.

Há quem tenha ficado dececionado com o lote de concorrentes de A Quinta. Alguns até acusaram a produção de reunir concorrentes pouco famosos. Concordas com essas opiniões?

A opinião do público será sempre a opinião do público. As pessoas interpretam coisas onde elas não existem e observam coisas que existem e que nós nunca imaginamos que elas vão reparar. Acho sinceramente que o elenco foi coeso, talvez pode não ter sido muito chocante, pode ter acontecido nós darmos todos muito bem e isso não ser bem o suposto num reality-show.

E, sendo tu famoso, como é que foi partilhar o mesmo espaço com anónimos?

Tranquilo até porque eu partilho o meu espaço com a família e amigos que são anónimos. Os concorrentes anónimos tinham ali uma vertente já bastante desenvolvida e bem adaptada para o lado da fama e como tal não foi de todo chocante. Por exemplo, a Angélica tem amigos famosos, o Gonçalo era jogador de futebol, convivia e teve casos com pessoas famosas, a Inês também tem amigos famosos em que já tiveram em outros programas, etc.

Como é que viste a entrada de ex-concorrentes da Casa dos Segredos n’ A Quinta? Lá dentro, há quem não tenha gostado.

Eu adoro aquilo que a Érica foi lá fazer. Tenho que lhe tirar o chapéu. A Sofia e a Fanny foram ingredientes indispensáveis para o desenrolar do programa. E eu sou sincero, apesar de não me lembrar de muitas das polémicas, eu era espectador assíduo da Casa dos Segredos porque é uma fórmula de entretenimento. É ótimo que as pessoas tenham com o que distrair e como tal respeito os concorrentes dos reality-shows.

E o Larama que passou de concorrente a convidado depois da sua expulsão?

O Larama é, foi e continuará a ser o ingrediente chave indispensável daquele programa, ou seja, é alguém que veio destabilizar e isso é importante num programa daquela natureza. Eu percebo que os telespectadores possam ter ficado indignados com a sua entrada mas também entendo o porquê de ele ter entrado. Ele saiu prematuramente e no fundo fazia ali um bocadinho do papel de vilão que era indispensável no desenrolar do programa. Além disso as ligações com Angola são bastantes importantes e isso nós não podemos negar.

Em média, A Quinta perdeu sempre contra o The Voice. Só nas últimas semanas é que o reality-show conseguiu impor-se nas audiências. Como explicas estes resultados?

Inicialmente, o programa perdeu um bocadinho devido ao excesso de trabalho que os concorrentes tinham dentro da casa. Nós trabalhávamos imenso porque eram muitas horas e depois não estávamos muito dispostos a dar canal, passando a expressão. E isso fez com que os portugueses viessem espreitar quem nós éramos, mantivessem interesse sobre aquilo que sobressaía mas que não acompanhassem de forma tão assídua. O facto de não haver o diário da noite veio também influenciar as audiências e o agarrar a audiência. E, claro, o The Voice é um programa que está bem produzido, mas acho que não devemos basear o nosso programa na concorrência. O The Voice tem o seu valor e é um formato incontornável a nível mundial mas A Quinta também é um formato bastante forte.

Um das críticas que os internautas apontam é que os concorrentes fizeram muito anti-jogo. Concordas?

Concordo sem dúvida alguma. Eu nunca recusava a fazer o quer é que seja, sempre cooperei para o melhor do programa e sempre confiei a 100% na produção porque eles mais que ninguém sabem o que é necessário. Acho completamente errado nós estarmos a recusar, mas compreendo [os concorrentes] quando recusavam a fazer determinadas coisas porque o objetivo era que houvesse choques entre nós, aí compreendo apesar de não ser proveitoso para o programa.

2 A Entrevista - Carlos Costa

Muitos apontaram-te como o sucessor do José Castelo Branco. Levas isso como elogio ou uma crítica?

Eu compreendo esse comentário porque efetivamente somos ambas pessoas excêntricas e dois homens andróginos em alguns momentos. Agora não posso aceitar o julgamento porque eu e o Castelo Branco somos completamente diferentes no que diz respeito à personalidade. Se eu quisesse tornar-me numa figura afeminada não seria o Castelo Branco que seguiria, mas sim uma diva como a Rihanna, a Beyoncé ou a Angelina Jolie.

Acusam-te de seres uma personagem. Há fundamento para essas opiniões?

Eu não sou uma personagem, mas sim alguém que interpreta personagens. Eu sou alguém que tem várias personagens e gosto de brincar com isso. Gosto de mudar, gosto de ir do 8 ao 80, gosto de recolher e provocar sensações nas pessoas, gosto de fazer com que as pessoas não sejam indiferentes não a mim mas àquilo que eu faço.

Se eu pedisse a um universo de pessoas para te descrever numa só palavra, talvez excêntrico ganhasse. O facto de seres excêntrico por natureza é uma das principais razões para estares onde estás?

Descobri e percebi que uma das formas de fazer com que as pessoas não virem a cara quando eu apareço é justamente usar essa excentricidade, mas com uma pitada de bom gosto, alguma educação e também ao mesmo tempo aproveitar para transmitir mensagens ao público. Apesar de chocar transmiti sempre a mensagem de que bem ou mal nós somos todos iguais independentemente das nossas escolhas. Eu não estou a fazer nada de mal e como tal tenho direito a expressar-me da maneira como eu acho que é a mais correta. É importante haver pessoas como eu e o José Castelo Branco na nossa sociedade que chocam realidades para depois a realidade vir ao de cima e que seja encarada naturalmente.

Com a tua saída d’ A Quinta, sucederam-se algumas polémicas. Como é que tu lidas com as críticas?

Aos poucos fui habituando a lidar com as críticas. Inicialmente era muito complicado, depois não queria saber, depois provocava até que cheguei ao ponto de ser completamente indiferente. Há coisas que são demasiado flagrantes, demasiado descaradas, não magoam, mas também não deixo passar ao lado. É muito fácil estar atrás de um computador e elaborar na nossa cabeça uma opinião sobre alguém que não conhecemos. Eu próprio faço isso no meu dia-a-dia e compreendo essas críticas e aceito algumas delas.

Até que ponto a imprensa é importante na tua vida?

A imprensa foi muito importante na minha vida quando eu achava que quanto mais eu fosse cúmplice melhor, ou seja, um dia que fosse promover o meu trabalho eles poderiam ser meus cúmplices também. A imprensa deixou de ser tão importante no momento em que percebi que não era bem assim.

Mas respeitas o que é dito de ti?

A imprensa sabe que já me fez muito mal para atingir certos objetivos, mas ao mesmo tempo sabe também que nunca fui mal-educado com ninguém. As pessoas só escrevem porque efetivamente eu vendo: as pessoas querem saber o que eu fiz, deixei de fazer, o que vou fazer e porque é que fiz e quando fiz. Para mim isso até é um elogio indireto, ou seja, não gosto daquilo que ali é dito mas gosto de saber porque é que é dito.

A imprensa aponta-te como um dos concorrentes do novo reality-show da TVI. Seria uma aventura a aceitar ou já chega deste tipo de género de televisão?

Sinceramente eu sei muito pouco deste programa que vai estrear e cada vez mais tento isolar, tendo em conta algumas das polémicas que surgiram à minha volta…

Mas se houvesse um convite aceitavas?

Tinha que ponderar, isto é, ver como as coisas iam ser feitas e as contrapartidas. A minha entrada n’ A Quinta foi bem pensada e bem ponderada. Tenho noção disso e lamento até que a minha saída tenha sido prematura, mas entrar num novo programa tinha que ser bem discutido e bem negociado. Iria depender também da minha atitude perante o jogo e perante o programa porque eu posso alimentar a vertente daquilo que falam ou posso simplesmente ignorar e ser politicamente correto.

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Falando agora da tua verdadeira área artística – a música. Sentes que a tua participação n’ A Quinta possa ter prejudicado a tua imagem enquanto cantor?

Acho que todos os cantores a nível mundial e não só têm sempre um lado polémico. A minha vida pessoal e este meu lado polémico podem estar a abafar agora o meu lado artístico, mas entretanto o público esquece. Não acho que tenha destruído este meu outro lado. O balanço da Quinta foi extremamente positivo, talvez, o pós-quinta possa não ter sido tanto.

Sentes que o The Voice foi uma maior rampa de lançamento que o Ídolos onde ficaste conhecido dos portugueses?

Não. O Ídolos é uma grande rampa de lançamento. Em primeiro lugar expõe muito mais tempo o concorrente em si. O Ídolos explora o lado mais pessoal e emocional e tem ali uma forma que acaba por prender mais o público.

Recentemente lançaste o single e videoclip My Ghetto. As expectativas foram superadas?

A receção por parte do público foi justamente aquela que eu queria. O My Ghetto foi um tema feito, escrito e gravado com o intuito de chocar e de ser controverso. Foi muito complicado gravar certas cenas daquele vídeo porque eu próprio sou muito mais tímido do que aquilo que as pessoas possam imaginar.

Sentes que a imprensa só te dá destaque pelas más razões e não pelo reconhecimento do teu trabalho enquanto cantor?

A imprensa só consegue dar destaque pela minha vida pessoal. Tudo aquilo que não é a minha vida pessoal não interessa e lamento isso. Sou alguém que já está no mercado musical há alguns anos e eu estou a tentar vingar-me nesse sentido. Mas sei que a imprensa internacional está atenta e, essencialmente, há também imensos euro-fãs atentos ao meu trabalho e que estão orgulhosos.

Lançaste o teu primeiro álbum, Raio de Sol, em 2013. O que podemos esperar do teu novo álbum?

O meu segundo álbum tem temas bem mais fortes e interessantes do que o My Ghetto. Este single foi simplesmente o primeiro cheirinho. O restante álbum está no segredo dos deuses apesar de já estar completamente gravado e finalizado. Estou à espera do melhor momento para lançá-lo. Vou tentar explorar da melhor forma até porque ainda não sei que vou fazer, mas a altura certa é agora. Tenho que aproveitar esta altura mediática e esta maré para relembrar as pessoas que tenho um projeto a sair.

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