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A Entrevista – Carina Caldeira: «A televisão é um mundo fechado»

A Televisão
10 min leitura

Sub-16, Sala de Aulas, Personal Shoopper, Soccer Cities e, mais recentemente, Azul ou Branco. Tudo programas conduzidos por Carina Caldeira. A apresentadora estreou-se no Porto Canal em 2006 e, passados dez anos, garante que a evolução do projeto é «gigante». «É um canal de todos e para todos».

Carina, de regresso à televisão com o programa Azul ou Branco. De que se trata este novo formato?

É um formato inovador feito de raiz pela Farol de Ideias e o Porto Canal. O objetivo é que seja um programa familiar, onde se testam os conhecimentos a vários níveis de conhecimento, e ao mesmo tempo divertido também. Ter eliminatórias como se fosse a liga dos campeões também ajuda a que o espírito competitivo do programa esteja presente, o que dá uma dinâmica muito engraçada ao concurso.

Mais do que um mero programa de entretenimento, Azul ou Branco também tem uma clara dimensão cultural e pedagógica.

Sim, claro, a vertente cultural e pedagógica é um dos objetivos do concurso. Eu própria já aprendi imensas coisas que não sabia e é muito giro pôr o nosso conhecimento à prova.

Como é trabalhar com Tiago Girão?

Trabalhar com o Tiago é muito engraçado. Temos registos completamente diferentes. Ele é muito mais sério e ponderado e eu mais extrovertida. O que acaba por funcionar muito bem pois há um equilíbrio muito natural.

É mais fácil apresentar sozinha ou em dupla?

São formas de trabalhar completamente diferentes. Acho que depende muito da dupla em questão, da empatia que se cria. Claro que trabalhar em dupla é mais difícil porque temos que respeitar os tempos um do outro, e adaptarmo-nos à personalidade e forma de fazer televisão do coapresentador. Mas se houver diálogo e um bom entendimento, por um lado é bom não estarmos sozinhos, e com o Tiago isso acontece e acabamos por nos ajudar mutuamente.

Também é apresentadora do programa de lifestyle/desporto Soccer Cities. Está a correr nem?

O Soccer Cities não podia estar a correr melhor. Com a primeira série, estamos em 45 países diferentes pelo mundo, espalhados pela Europa, Ásia, América do Sul… Estamos em praticamente todo o mundo e em canais de renome mundial. Não podíamos estar mais satisfeitos! O programa superou todas as nossas expetativas.

O que podemos esperar da segunda série?

A segunda série vai ser muito forte. Já gravamos  em Londres com o José Mourinho e com o Óscar do Chelsea, em Buenos Aires com o  Enzo Francescoli e o Pablo Aimar, em St. Petersburgo com o Hulk e o André Villas-Boas. Temos já gravações agendadas para os próximos meses com grandes nomes do futebol mundial.

Em algumas entrevistas, os jogadores falaram muito da vida pessoal, em outras nem tanto. Como geriu os temas a abordar?

Tem muita a ver com a «abertura» que o próprio jogador me dá para entrar na esfera pessoal. Eu tento sempre dar a volta à situação e tentar entrar por um caminho mais íntimo. São como todas as pessoas: uns mais tímidos e fechados, outros mais extrovertidos. Mas consigo sempre, de uma forma ou de outra, entrar na esfera pessoal, é também esse o objetivo do programa. Não houve nenhum que eu não conseguisse dar a volta.

Qual foi o entrevistado mais difícil?

Foi o Frank de Boer. Ele é nórdico, muito fechado e tímido, de sorriso muito difícil. Como costumo dizer, quase que tive de fazer o pino para o fazer rir, mas consegui!

E qual dos jogadores abriu mais facilmente o seu coração?

O Bruno Alves. Ele fez a entrevista com a mulher e eles têm uma relação mesmo apaixonada e sentia-se essa energia. Também porque não estava a contar, pois o Bruno em campo tem uma imagem bastante forte, de uma defesa implacável. O Hulk também é mesmo muito divertido. Passamos a entrevista toda a rir e a brincar, tem um sentido de humor muito apurado.

Como se deu a sua entrada no mundo da televisão?

Cheguei ao Porto Canal no dia que abriu, em 2006. Estava na faculdade, no curso de Ciências da Comunicação. Soube por uma amiga que havia um casting e fui. O Bruno Carvalho, diretor do canal na altura, viu e decidiu apostar em mim. Comecei por fazer um programa semanal chamado Sub 16 com crianças, e houve um dia que o Bruno me chamou ao gabinete  e disse-me «Tenho aqui um programa que quero que faças, é o Sala de aulas!» Fiquei assustada, pois era um programa em direto, todos os dias, em que eu estava sozinha a falar sobre temas que os telespetadores me enviavam para o programa. Aceitei o desafio e foi por tantas horas em direto que aprendi muita coisa em televisão. O Bruno foi, sem dúvida, o grande impulsionador da minha carreira e entrada na televisão.

Em janeiro deste ano o Porto Canal sofreu grandes transformações.

As mudanças são gigantes. Um canal de televisão para evoluir precisa também de meios técnicos profissionais e isso custa muito dinheiro. Com esta entrada do FCP, houve um grande investimento, temos estúdios feitos de raiz ao nível de qualquer televisão generalista, o que faz uma diferença abismal, muito mais meios para produzir o que faz com que o canal esteja mais do que no bom caminho.

O que é que difere o Porto Canal dos outros canais portugueses?

Primeiro que tudo é importante perceber que o Porto Canal é um canal generalista, mas que tem uma preocupação de se debruçar por todas as regiões do país. É um canal com uma programação muito diversificada e diferente dos outros canais, tem programas muito originais e com conteúdos interessantes. Claro que tem conteúdos únicos e importantes sobre o FCP, mas não é de todo um canal de desporto.

Já sentiu algum preconceito em relação ao Porto Canal, no sentido em que pode ser visto como um canal dedicado só aos portuenses?

Não sinto esse preconceito, aliás, na realidade isso não é verdade. Ainda no outro dia, em conversa com a Debora Sá, que apresentava o consultório e agora está nas manhãs, me dizia que grande parte dos telefonemas que recebia dos telespetadores eram de Lisboa e regiões próximas, aí está uma prova que é um canal de todos e para todos.

Quais são as maiores dificuldades com que se tem deparado neste circuito da televisão?

As dificuldades no mundo da televisão são muitas. São sete cães a um osso e é um mundo fechado. Mas acredito que com a televisão por cabo as coisas vão mudar.

Enquanto apresentadora, quais são as suas grandes ambições?

As minhas ambições são muitas. Sou sonhadora e tenho muitos planos. Fundamentalmente, espero continuar a ter oportunidade de estar no ar, de aprender e comunicar com as pessoas, que é o que eu mais gosto de fazer na vida.

Gostava de dar o salto e passar para a RTP, a SIC ou a TVI?

Para já, estou muito feliz no Porto Canal, e com o Soccer Cities. Não gosto de criar expetativas. Vivo cada dia intensamente e com total entrega ao meu trabalho.

Feliz com o seu percurso?

Sinto-me mesmo muito feliz, mas como tudo na vida, é fruto de muito trabalho e de tomar decisões importantes. Por exemplo, depois de estar um ano e meio a fazer o Sala de Aulas, decidi ir para Nova Iorque apostar na minha formação e depois para Madrid. Estive em formação contínua mais de quatro anos, o que fez toda a diferença na minha carreira.

A televisão é um meio propício a boas e verdadeiras amizades?

Claro que sim. Eu posso dizer que tenho bons amigos. É como em todo o lado, há pessoas boas e más.

Desejos para 2016?

Muito trabalho, saúde, harmonia e que a nossa economia melhore para que todos os portugueses possam ter uma vida melhor.

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