fbpx

A Entrevista | Buddy Valastro, o “cake boss” do TLC

Diana Casanova
17 min leitura

Buddy Valastro é mais conhecido como “cake boss” do TLC e acaba de estrear o seu novo programa Bake You Rich, que se manterá na grelha do canal de cabo até setembro. Como tal, o A Televisão esteve à conversa com ele e revela agora as suas respostas em mais uma A Entrevista.

A Televisão – O novo programa Bake You Rich tem como objectivo enriquecer os participantes, mas de uma maneira diferente, certo?

Buddy Valastro – Absolutamente. O prémio do programa é ser o meu parceiro para vender o produto, usando os meus canais de distribuição e o meu site. Não é como noutros programas em que o prémio é de 5 mil ou 10 mil dólares. Este prémio é um investimento. Se as pessoas gostarem do produto e continuarem a comprá-lo, então o vencedores vão continuar a receber dinheiro por isso.

Qual o primeiro bolo que fez e que idade tinha?

O primeiro bolo que fiz foi para a minha mãe. Tinha provavelmente 12 anos. O meu pai  não me deixou fazer um bolo para um cliente – eu estava a trabalhar na pastelaria – e o primeiro foi para o aniversário da minha mãe. Ela adorou.

Tem uma sobremesa favorita?

A minha sobremesa favorita é a lobster tale que fazemos. É estaladiça, tem uma massa leve, é o nosso folhado mais famoso. Tem um recheio cremoso e é maravilhoso.

Qual o bolo em que teve mais orgulho em criar na sua carreira? Já fez uns bolos incríveis e artísticos. Qual o preferido?

É uma questão difícil.  É como perguntar qual o meu filho preferido. Não conseguimos responder a essa questão. O bolo Transformer foi um dos mais impressionantes. O bolo que fizemos na final de Buddy vs Duff foi fenomenal. Éramos só dois, por isso trabalhamos no bolo durante cinco dias! O bolo dragão que cuspia fogo e o bolo Dr. Seuss foram bem fixes também. Mas o que teve um valor mais sentimental foi uma replica que fiz da minha mulher porque estava sempre a dizer-lhe: um dia vou fazer um bolo com a tua forma. E depois surpreendi-a com isso e ela ficou doida!

Qual o maior desafio do novo programa, Bake Me Rich?

É difícil escolher o vencedor. Tivemos tantas ideias boas. Houve um episódio em que queria dois vencedores, mas só pode haver um. E na realidade é uma forma de um pasteleiro conseguir chegar ao topo. Quero ajudar estas pessoas, ser um mentor – já filmámos o programa há uns meses e continuamos a falar, ficámos amigos. Eles pedem-me conselhos sobre outras coisas. Porque é muito diferente ter uma pequena pastelaria e uma fábrica enorme, como a que temos aqui. Ser capaz de partilhar essa experiência, é uma experiência única para os espetadores.

Qual é a premissa do programa?

A premissa do programa é: quem será a próxima estrela, a próxima ‘grande cena’. A próxima sobremesa doida e impensável. E os concorrentes fazem o que sabem melhor – não tem de ser uma sobremesa. Gosto de lhe chamar  prato. Depois de o fazerem, pego em 2 ou 3 e digo: agora vai para a fábrica e faz mil. Porque é diferente fazer 12 bolachas e 12 mil bolachas, mantendo a mesma consistência, textura… não é fácil. E colocar estas pessoas, que estão habituadas a fazer poucas quantidades, a fazer mil ou 10 mil bolachas , é interessante. Com um pouco de ajuda conseguem atingir resultados incríveis. Algumas das sobremesas ainda ficam melhores! Dá ao espetador a perspectiva de alguém que faz 12 bolachas em casa e depois essa mesma pessoa faz o mesmo, mas num ambiente de fábrica.

Já passaram alguns anos desde que chegaram ao pé de si e disseram: queremos filmar-te a fazer bolos. Tinha noção do fenómeno que se tornaria?

Bem, não tinha noção. E especialmente a nível internacional. Para ser sincero, nem sabia como a Discovery estava presente por todo o mundo. Ao fazer este programa, pensava que ia ser bom para o meu negócio. Mas quando comecei a fazer o programa, comecei a viajar e a ver as pessoas, em várias partes do mundo, de diferentes culturas e religiões, a adorar o programa e isso fez-me pensar. A essência do programa é a família. Sou eu e a minha família a gerirmos um negócio. Não interessa de onde vimos, a família tem uma dinâmica e essa é a mesma, um pouco por todo o mundo. As pessoas relacionam-se com isso, sentem-se inspiradas e parece que inspiro as pessoas, sem o fazer com essa intenção.

Quando comecei a fazer o programa, queria sempre fazer os maiores bolos, os mais doidos e levava-me ao limite, porque era a minha visão. Posso fazer isso, posso trabalhar no duro para atingir os meus sonhos. Não percebia que ao ser eu próprio, tocava as pessoas dessa maneira. Tive tantos pasteleiros, um pouco por todo o mundo, a dizer-me que eu era uma inspiração para eles, que avançaram com os seus designs e que foram reconhecidos por isso. Nunca fiz isso intencionalmente, mas quando percebi que estava a acontecer, percebi que o programa era sobre isso. Quero inspirar as pessoas. Quero mostrar às pessoas o que adoro fazer.

Taata-se de trazer pessoas novas para a família neste novo formato ou é uma dinâmica diferente?

Para mim, trata-se de trazer novas pessoas porque gosto sempre de tentar coisas diferentes. Sinto que vivo o Sonho Americano. Comecei com uma pequena pastelaria: Tinha uma visão, tinha um sonho. Queria tornar a loja do meu pai uma marca (Carlo’s Bakery)  e sinto que fiz isso. Como posso ajudar as pessoas a fazer o mesmo? Como posso dar-lhes uma oportunidade? Porque há pessoas que só precisam de uma pequena ajuda.

Pela primeira vez vai trabalhar na preparação de salgados. Vai virar-se para outro tipo de comida?

Sim, quero introduzir elementos salgados nas pastelarias e porque tenho restaurantes também e adoro cozinhar. Nada junta mais as famílias do que a comida. Não se trata apenas do bolo que fazemos, é a massa que comemos, os vegetais, etc. Adoro cozinhar e levar essa experiência às pessoas. Os salgados são a nova evolução da Carlo’s Bakery.

Na maior parte das pastelarias, por todo o mundo, há doces e salgados. É mais comum, especialmente na Europa, ter um pouco dos dois. Mas aqui nos EUA não temos tanto isso.

O que considera uma combinação perfeita quando faz um bolo,  falando de gosto e ingredientes?

Gosto de equilíbrio e de sabores mais tradicionais. Se vou usar fruta fresca, quero mesmo o sabor dessa fruta. Tento extrair a doçura e os sabores da fruta. Se tivesse de escolher o bolo perfeito, seria um bolo de baunilha com crème francês, framboesas frescas e ganache de chocolate.

Já fez alguma coisa que não estava boa em termos de sabor e que a sua família não gostou? Ficou envergonhado?

Normalmente sou muito bom na cozinha. Talvez ponha um pouco de sal a mais, por vezes, porque acho que o sal realça o sabor dos alimentos. As pessoas não acreditam, mas se querem que os croissants sejam mais saborosos, adicionamos mais sal. Não tenho assim um falhanço, as coisas nunca correram assim tão mal! E tenho uma casa de pessoas exigentes com a comida, por isso não é assim tão fácil.

No novo programa, Bake You Rich, tem concorrentes com diferentes estilos e situações. Aprendeu alguma coisa com os concorrentes que tenha utilizado depois nos seus próprios bolos?

Claro que sim! Vi técnicas diferentes, diferentes métodos. Acredito que podemos sempre aprender e gosto sempre de ver como os outros fazem. Aprendi muito com o programa. Mas não poderia deixar alguém ganhar e copiar aquilo que faz. Vou usar o produto do concorrente e tento também ensinar alguma coisa. Tem sido uma mistura interessante.

A área da pastelaria é um negócio competitivo?

Muito competitivo. Não importa de onde somos, todos temos um doce regional que adoramos. Há sempre competição naquilo que fazemos. Para mim, que tenho tido a sorte de viajar pelo mundo, tenho provado sobremesas e doces de  todo o lado. Alguns são mesmo doces, outros nem por isso. É interessante ver como o palato é diferente, em várias partes do mundo. Na América tudo é mais doce, na América Latina, ainda mais doce . Na Ásia, é tudo menos doce.

Há tantos programas de talentos na tv neste momento. Como asseguram que o vosso tem a qualidade que querem?

Honestamente, temos um bom processo de casting feito pela minha própria empresa de produção. Temos de proteger o programa, os concorrentes. Estamos à procura da próxima grande ideia. Toda a gente tem uma receita que diz: são as bolachas da minha avó, a tarte da minha tia, a massa da minha mãe, que são as melhores do mundo. E se olharem bem para mim, posso ser o criador da próxima bolacha Oreo. Bem, é esse papel que quero ter com o programa.

Durante o programa, se as pessoas não estiverem alinhadas comigo, têm menos hipóteses de se tornarem minhas sócias. Mas tenho de dizer, temos concorrentes ferozes! Foram pessoas que odiei ter de mandar para casa. Houve episódios em que queria que ambos os finalistas ganhassem.

Não se considera uma estrela, mas considera-se um artista? Os seu bolos são obras de arte?

Não me considero mesmo uma estrela. Sou um tipo normal, falo com toda a gente, sou a mesma pessoa que era antes do Cake Boss. Tenho os mesmos amigos, gosto das mesmas coisas. O melhor é que agora não tenho de esperar quando quero fazer uma reserva num restaurante (risos). E o chefe das sobremesas vai levar-me a mesa todas as sobremesas do menu. Mas tento manter-me humilde, é importante para mim. É importante que os meus filhos vejam que temos uma vida abençoada. Saí-me bem, tenho boas coisas. Tenho coisas que muitas pessoas não têm, mas mantenho os pés no chão, com humildade. E trabalho muito.

No verão, tenho de admitir, tiro uns dias de folga durante a semana. Vou para uma casa que tenho na costa. Adoro lá estar e passo mais tempo com os meus filhos, que não têm escola durante o verão. Ontem fui pescar com o meu filho, fomos à pesca do atum a 50 milhas da costa e foi fantástico. São estas coisas que me mantêm humilde.

Qual o prato preferido dos seus filhos?  Aquilo que lhe pedem sempre para fazer?

Provavelmente o meu linguini com ameijoas. Como estamos agora na casa de férias, conseguimos ir buscar as ameijoas diretamente à baía. Vamos buscá-las e fazemos o linguini na hora. É muito bom.

Tem alguns conselhos ou recomendações para quem está a começar uma carreira na pastelaria e quer ir mais longe?

Sim, quem está a tentar tornar-se num pasteleiro, deve seguir algumas regras fundamentais na vida. Primeiro, temos de encontrar aquele trabalho que fomos destinados a fazer. Se fores trabalhar todos os dias e odiares o teu trabalho, nunca conseguirás ser excelente. O que quer que queiras ser – um pasteleiro ou um jornalista – tens de amar aquilo que fazes. Tens de dizer: estou entusiasmado por ir trabalhar.  A segunda coisa é que nunca podemos desistir. Tens de acreditar que consegues fazer tudo. Tens de pensar fora da caixa. Tens de fazer a pergunta: porque não? Não existem impossibilidades. Tens de o fazer com o coração e dar tudo o que tens. Eu prometo, percebe qual o teu trabalho de sonho, trabalha no duro e acredita no karma. Acredito que temos de ser boas pessoas. Se formos bons para as pessoas, as coisas boas voltam para nós.

Gostava que os seus filhos seguissem as suas pisadas?

Honestamente, adorava que os meus filhos seguissem as minhas pisadas mas eles têm de encontrar aquilo que amam na vida. Secretamente, sim (risos), espero que se tornem pasteleiros, mas realisticamente quero que encontrem algo que amem e sejam excelentes na vida. Vamos ver o que acontece.

Ainda sobre Bake You Rich, qual foi o seu momento preferido do programa, que realmente captou a essência da série?

Uau, foram muitos. Houve um, em particular, em que o produto que ganhou, quando o provei, mudou a minha vida. Era uma coisa única e não posso adiantar muito porque o episódio ainda não foi para o ar – mas pensei: isto é mesmo uma coisa que pode mudar o mundo, é uma coisa que todas as pessoas vão querer comer. É mesmo… uau! Até disse “holly shit’, isto é mesmo bom! Desculpem pela asneira.

Falando de momentos incríveis vi que recentemente juntou-se a Randy Fenoli de Say Yes to The Dress para fazer um gigantesco bolo de casamento para 52 casais.

Sim, o Randy é o maior.  Adoro o Randy.  Eu e ele somos amigos há mais de 10 anos, desde que entrei na Discovery. Começámos ao mesmo tempo. Nunca trabalhamos juntos e fazermos esse projeto juntos, esse episódio, ver 52 casais felizes com um bolo de casamento, foi fenomenal. Foi um dos melhores bolos de casamento que já fiz. Era lindo e ultrapassou as expectativas. Apanhámos flores de cada estado dos EUA para colocarmos no bolo. Acho que vão adorar esse episódio.


Bake You Rich é exibido todas as segundas-feiras no TLC, a partir das 20h.

Redatora e cronista