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Uma novela, duas gerações

Pedro Vendeira
3 min leitura

Realizador de “Vila Faia” original é pai de um dos realizadores do “remake” da mesma trama


Pai e Filho. A mesma profissão. Até aqui nada de novo. A grande coincidência reside no facto de o pai ter assinado a realização da versão original de “Vila Faia” e, 25 anos volvidos, o filho estar à frente do seu “remake”.

Foi numa agradável tarde, em Alcochete, que o JN conversou com Nuno Teixeira e com o filho Duarte Teixeira. A tónica do discurso foi naturalmente colocada na ironia do destino que uniu os dois na feitura da história da primeira novela portuguesa. Fluída e descontraidamente, Nuno e Duarte partilharam a experiência separada por mais de duas décadas. Duarte fazia parte da equipa de “Morangos com açúcar” e “Doce Fugitiva”, juntamente com Patrícia Sequeira, quando aquela foi convidada pela SP Televisão para dirigir o projecto do “remake”, pelo que a acompanhou.

Interrogado se foi embarcar numa aventura realizar a versão original de “Vila Faia”, Nuno responde: “Foi mais um atrevimento, não deixando de estar implícita uma consciência profissional forte”. Afinal, a RTP ia concorrer com a Globo, cuja máquina à data contemplava uma parafernália de meios. “Nós comparávamos a nossa produção às oficinas de Alverca e a da Globo à Nasa”.

“Vila Faia” surgiu numa altura em que, segundo Nuno Teixeira, “havia o chavão de os actores serem teatrais”. Ainda a novela não fora para o ar e já havia profetas da desgraça a condená-la ao fracasso. Porém, “o público aderiu em força”, embora, na opinião do próprio, se tenha exagerado “na apreciação positiva que se fez”.

Nuno antecipou a pergunta inevitável: “Não é dos genes”, garante. Mas afinal como é que o filho seguiu as suas pisadas? “Acompanhava bastante os trabalhos dele, pois não tinha onde ficar nos tempos livres. Mas não foi aí que nasceu o bichinho “, realça Duarte Teixeira. Relações internacionais foi o curso pelo qual enveredou. Todavia, foi como que seduzido pelo trabalho em part-time e não mais parou de realizar.

A saber-se, quem dá conselhos nesta relação é o filho ao pai, no entanto, este não se demite de uma postura crítica: ” Faço comentários em relação ao trabalho dele mas não sou obcecado com essa situação”, releva Nuno, que ficou satisfeito com a ideia do ‘remake’. “Achei excelente”, exclama.

A antevisão dos imponderáveis consta da bagagem privilegiada, fruto da convivência com o pai. Por forma a contornar a pressão do quotidiano laboral há uma frase de Nuno que Duarte faz uso recorrente: “O máximo que pode acontecer é não se fazer a cena”.

Entretanto, Nuno está já reformado. Saudades? “Só do futuro”. Duarte encontra-se a realizar a série “Pai à força” para a RTP1.

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Amante da tecnologia e apaixonado pela caixinha mágica desde miúdo. pedro.vendeira@atelevisao.com