Morreu Armando Gama! Júlio Isidro lamenta o desaparecimento do “Beatle lusitano”

5 min leitura
Facebook

Armando Gama morreu na madrugada desta segunda-feira, aos 67 anos, vítima de cancro. Estava internado no IPO de Lisboa e a notícia foi tornada pública por Herman José.

O querido Armando Gama mudou-se esta noite para palcos mais celestiais. Fica a memória de um impecável colega e de um querido amigo“, escreveu o humorista na rede social Instagram.

Júlio Isidro lamenta a morte de Armando Gama

O profissional da RTP dedicou um longo texto a Armando Gama, artista que fazia parte do seu leque de amigos.

Foram tantas as vezes que nos cruzámos no ar e com os pés em terra que deu para perceber que, se os Beatles fossem portugueses ou o Armando cidadão das terras de sua majestade, ele seria o quinto ou o sexto, já que o maestro George Martin não lhe cederia o lugar“, escreveu na rede social Facebook.

Leia aqui a mensagem completa:

«ESTA AMIZADE QUE TE DOU

Vem dos anos oitenta, quando o país padecia salutarmente de Febre… de Sábado de Manhã. Esse programa de rádio que criei, sem sequer lhe adivinhar as consequências, parava o país a ouvir rádio, agitava o pessoal da pesada e estimulava músicos e intérpretes a fazerem mais e melhor porque havia uma porta aberta para eles no cinema Nimas, depois nos pavilhões e finalmente nos estádios.

Foi com a febre que conheci o Armando, que já tinha sido “Tantra” coisa musicalmente, desde o duo “Marinho & Gama”, nome que mais parecia de uma empresa de import/export do que um grupo musical, até outro duo de seu nome Sarabanda.

Ele e a Kris Kopke abanaram a cena musical pelo contraste tão evidente entre o menino quase angelical de cabelos pelos ombros e o olhar fatal da jovem que deve ter feito palpitar muitos corações da nossa praça.

Foram “Made in Portugal” no Festival da Canção de 1980, cantaram “Coisas simples“ e outras mais complicadas e acabaram o duo sem pôr fim à amizade que os unia. Cada um seguiu pela sua banda na vida e o Armando, qual formiga trabalhadora, foi fazendo música e cantando.

Foram tantas as vezes que nos cruzámos no ar e com os pés em terra que deu para perceber que, se os Beatles fossem portugueses ou o Armando cidadão das terras de sua majestade, ele seria o quinto ou o sexto, já que o maestro George Martin não lhe cederia o lugar.

Foi ao pódio do XX Festival Canoro Nacional, em 1983, onde Armando cantou “Esta balada que te dou”, encantou o júri e, não contente com o resultado, conquistou o coração da apresentadora, Valentina Torres.

Foi campeão de vendas em Portugal e até top no estrangeiro esta canção, que não sendo à la Paul McCartney, era uma balada para ficar na antologia da nossa pop. Entretanto, o casal deu um pequeno/grande passo na vida e lá estava outra vez o Armando em duo. Como tantas vezes acontece, um dia acabou o casal e o duo.

O Armando sempre tranquilo, sempre sorridente, foi animando noites de gente que lhe deve o prazer de cantar em coro, num bar cheio de pouca luz, muito fumo e alguns eflúvios alcoólicos. Muito profissional, o artista tocava e cantava com a sua banda Revival e o pessoal bebia água do Xafarix.

O Armando Gama é um ser delicado para toda a gente e dedicado à família que ama, creio eu, ainda mais do que a música. Adivinho as músicas que o Armando guardou nas suas gavetas de compositor inspirado, e é melhor que as guardem bem, senão ainda um dia sir Paul desinspirado pode plagiar inadvertidamente este Beatle lusitano que só nunca o foi porque a geografia não deixou.

Sem trabalho não se faz nada, e o seu conselho a tanta gente com talento, que anda por aí, continua a ser muito inspirador: “Lutem sempre porque um dia as coisas acontecem”. E hoje aconteceu o que os seus amigos e admiradores não queriam. Neste momento de partida, este é o abraço que te dou, amigo Armando Gama.» (Júlio Isidro)

Leia também: Teresa Guilherme dedica palavras de carinho a Júlio Isidro: “Com ele continuamos a ter uma televisão ‘inesquecível’…”

Exit mobile version