Um doloroso dia a dia de insónias e medos. Uma marca do forte impacto psicológico na população portuguesa da COVID-19, para conhecer na reportagem Gente Normal.
A COVID-19 tem tido um forte impacto psicológico na população portuguesa. Nenhum de nós estava preparado para as súbitas alterações que a pandemia provocou nas nossas vidas. “A parte emocional foi o mais difícil de gerir” revela-nos a enfermeira Teresa Garcia que passou 45 dias infetada com COVID-19, sozinha em casa, afastada 700 km dos filhos pequenos. O apoio psicológico foi fundamental para aguentar o isolamento. Isabel Macedo, assistente operacional no Hospital de S. João, no Porto , viveu 69 dias sozinha no seu quarto à espera de um teste negativo. “A minha filha mais pequenita quando me via, fugia de mim, tinha medo de mim”. Um doloroso dia a dia de insónias e medos que a fez recorrer a apoio psicológico.
A Organização Mundial de Saúde identifica os profissionais de saúde como um dos grupos de maior risco devido à pressão causada pela pandemia. Foram os primeiros e continuam na linha da frente no tratamento do Sars-Cov2, com turnos prolongados, intensos rituais de limpeza, pesados equipamentos de proteção individual.
O Linha da Frente procurou junto deste grupo profissional, mas também noutras áreas da sociedade, identificar o impacto da COVID-19 a nível psicológico. “A saúde mental é uma questão de todos, não é uma questão das pessoas que tem doenças mentais” refere Miguel Xavier, diretor do Programa Nacional de Saúde Mental.
Procurar ajuda ainda está envolto num estigma. Mas, como assumem a cantora/compositora Carolina Deslandes e o humorista Nuno Markl que recorrem a ajuda psicológica, não se trata de um capricho. Mas antes, de uma situação que afeta um quinto dos portugueses. “As pessoas que recorrem a ajuda são pessoas normais”, refere a psicóloga Patrícia Romão.
“Gente Normal” é uma reportagem da jornalista Cândida Pinto com imagem de Rodrigo Lobo, edição de Vanessa Brízido, grafismo de Nicolau Tudela e Ricardo Dias. Para ver hoje, dia 30 de julho, às 21h00, na RTP1.
