José Carlos Malato assumiu, recentemente, que é não-binário.
Menos de um mês depois de ter assumido, no Instagram, que é não-binário, José Carlos Malato partilhou um novo desabafo nessa plataforma da Internet.
“Dizem que não domino a complexidade da linguagem não-binária. Que não sou rigoroso. Não sou mesmo. Apesar das novas nomenclaturas, continuo a ser, afinal, o que sempre fui. E sim, não passo de um tosco. Lenhador. Rudimentar, digamos. Não pretendo ser mais do que sou“, escreveu o apresentador da RTP1.
José Carlos Malato assume-se como não-binário
José Carlos Malato utilizou a rede social Instagram, no final do mês de agosto, para reagir a uma notícia do A Televisão que dá conta de que o apresentador da RTP é “não-binário”. Segundo ele, fá-lo por uma questão de “demonstração de empatia com todes os que sentem como [ele] e um manifesto contra todas as formas de discriminação e violência que muit@s sofrem/sofremos todos os dias”.
“Ser não-binário é uma questão de princípio ativista, pelo menos para mim. Acredito que a dualidade masculino/feminino ou outro está presente nos seres humanos apesar da cultura fascista e da sociedade patriarcal a tentarem esmagar. Isso significa que a minha identidade de género e expressão de género não são limitadas ao masculino e feminino. Estão para além desse espartilho maniqueísta”, começou por escrever.
“Por exemplo, ao nível da linguagem, dizer que se está cansada é mais forte, semanticamente, do que cansado. Sou portuguesa! Portuguesa, com certeza – verso de Rosa Lobato de Faria – expressa melhor o que eu sou do que sou português ou Sou um homem. Assim o provam as calças!, como tão bem disse Ary dos Santos”, aludiu.
“Esse não-binarismo está até presente nas insondáveis palavras do Papa João Paulo I quando afirma que Deus é pai e mãe. O meu não-binarismo-pessoal é uma forma de dar representação e visibilidade a todos/todas/todes que sentem/são assim! É o meu dever enquanto megafone que detém algum poder de fala na sociedade portuguesa”, explicou.
“É também uma demonstração de empatia com todes os que sentem como eu e um manifesto contra todas as formas de discriminação e violência que muit@s sofrem/sofremos todos os dias numa era marcada pelo terrorismo das redes sociais! Ninguém pode ser quem não é. E ser quem se é não prejudica ninguém. E a mais ninguém diz respeito! Disse!”, acrescentou ainda José Carlos Malato.
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