Catarina Furtado: “Quando era criança, assisti a episódios angustiantes de violência física”

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Catarina Furtado partilhou um forte testemunho nesta sexta-feira, Dia Internacional para a Eliminação da Violência sobre as Mulheres. Segundo lembra a apresentadora, 44 mulheres morreram em Portugal, nos últimos dois anos, vítimas da prática do crime de violência doméstica.

“Hoje assinalamos o Dia Internacional para a Eliminação da Violência sobre as Mulheres”, começou por dizer Catarina Furtado num vídeo que partilhou na rede social Instagram.

“Eu era criança, ainda, vivia no Bairro Alto, e foram vezes demais que da minha janela, de um baixo primeiro andar, assisti na rua a muitos episódios angustiantes de violência física. Percebi então mais tarde que também existia a violência silenciosa. Foi aí que decidi nunca mais me calar. Enquanto voluntária, enquanto embaixadora de Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População, enquanto fundadora e presidente da Associação Corações Com Coroa, enquanto documentarista de programas de televisão, enquanto mulher, mãe, promotora e protetora dos direitos das meninas, raparigas e mulheres”, recordou.

“Hoje inicia-se um calendário de 16 dias de ativismo que termina no Dia Internacional dos Direitos Humanos, a 10 de dezembro, para chamar a atenção para este terrível flagelo. De acordo com a ONU, em 2021, a cada hora, mais de cinco meninas ou mulheres foram mortas por alguém da sua própria família. De todas elas que morreram de forma intencional, no ano passado, em todo o mundo, cerca de 56% foram vítimas dos seus parceiros íntimos ou de outros membros próximos. Para muitas mulheres, afinal, a casa onde moram não significa um lugar seguro”, lamentou Catarina Furtado.

“Recuando um ano no tempo, uma em cada cinco mulheres entre os 20 e os 24 anos, casaram antes de completar a maioridade. Isto também é violência”, referiu.

“No nosso país, em Portugal, nos últimos dois anos, 44 mulheres não sobreviveram à violência doméstica. A violência contra mulheres e meninas é a violação dos Direitos Humanos mais comum em todo o mundo e está de facto enraizada na desigualdade, na discriminação de género, em relações desiguais de poder e em normas sociais nocivas. Nós não podemos assobiar para o lado. Todos e todas seremos cúmplices se não agirmos perante estes números”, alertou Catarina Furtado.

O assédio físico ou online, as mutilações genitais femininas, os casamentos precoces, o tráfico sexual, o não consentimento, entre muitas outras. É fundamental fazer mais e melhor, com medidas políticas e de prevenção, informando, porque nós estamos a falar de situações que podem e devem ser evitadas através da intervenção precoce e da garantia de que as mulheres e as meninas têm acesso a apoio, têm acesso a proteção e a serviços de justiça que são sensíveis às questões de género”, afirmou.

“Este é o momento para focar também a atenção nos agressores. Este é o momento de dizer às sobreviventes que são umas verdadeiras heroínas, e que não aceitamos mais continuar a contar vítimas que ainda por cima são quem normalmente mais se expõem para tentar irradicar uma realidade vergonhosa que é da responsabilidade de toda a sociedade, de todos nós”, acrescentou ainda Catarina Furtado.

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