Catarina Furtado em lágrimas perante novo e emocionante testemunho de vida

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A apresentadora da RTP1 partilhou mais uma emocionante história de vida com os fãs. Desta vez, em relação a Miriam, uma mulher de 49 anos que conheceu na Colômbia e que “só viveu violência e sofrimento desde que nasceu”.

Catarina Furtado iniciou o longo texto que partilhou no Instagram a admitir que chorou “com cada palavra” que ouviu. “Miriam é uma mulher de 49 anos, que só viveu violência e sofrimento desde que nasceu. Questiona-se todos os dias porquê. Não encontra respostas e agarra-se ao amor incondicional pelos seus cinco filhos. Duas filhas já morreram”, explicou.

“Miriam é venezuelana, filha de pai colombiano que nunca quis saber dela. Com o padrasto sofreu violações sucessivas desde os nove anos que lhe deixaram marcas invisíveis e muitas visíveis”, continuou. “Fugiu depois de um casamento baseado em violência doméstica e trouxe as filhas para a Colômbia. Foi vítima do conflito armado que já dura há cerca de 60 anos neste país”.

A profissional da RTP1 prosseguiu, de seguida, o longo desabafo e revelou ainda mais detalhes emocionantes da história de vida desta mulher.

Texto completo aqui:

“Eu não queria mas não consegui controlar. Chorei com cada palavra da Miriam que me atingia o coração. Sei que se não fosse mãe, teria a mesma empatia por esta dor imensa mas sendo, confesso que permanentemente penso nos meus filhos. Miriam é uma mulher de 49 anos, que só viveu violência e sofrimento desde que nasceu. Questiona-se todos os dias porquê. Não encontra respostas e agarra-se ao amor incondicional pelos seus 5 filhos, duas filhas já morreram.

Só há pouco tempo perdeu a esperança de voltar a ver a sua Luisa, desaparecida há 17 anos . Miriam é venezuelana, filha de pai colombiano que nunca quis saber dela. Com o padrasto sofreu violações sucessivas desde os 9 anos que lhe deixaram marcas invisíveis e muitas visíveis, que mostra, para a câmara do Hugo. Fugiu depois de um casamento baseado em violência doméstica e trouxe as filhas para a Colômbia.

Foi vítima do conflito armado que já dura há cerca de 60 anos neste país: Lembra-se do dia em que a filha Luisa, de 15 anos, foi aliciada por uma guerrilha e partiu, numa ignorância profunda, acreditando que poderia vir a ter uma vida melhor, e consequentemente, a sua mãe e irmãos. As promessas de ‘coisas boas’ são muitas e assim se faziam (e ainda fazem) os recrutamentos.

Miriam chorava e pensava que um dia a filha se iria arrepender e talvez a deixassem voltar. Uma vez recebeu uma mensagem para se dirigir a um local secreto onde se poderia encontrar com a filha. Foi a correr, numa saudade que não lhe cabia no peito. Quando chegou viu Luisa muito magra, olhos desmaiados, pálida e avidamente sussurrou à mãe o inferno que estava a viver: ‘obrigam-me a matar, a beber o sangue para perder o medo da morte e a dormir com os comandantes. Já tentei fugir mas apanham-me sempre’.

Como fica uma mãe depois de ouvir isto e regressar a casa? Durante anos alimentou a esperança de a ter de volta nos seus braços. Numa outra ocasião em que recebeu uma mensagem, foi ao local mencionado mas disseram-lhe que por dois minutos a filha já tinha partido. Desde esse dia nunca mais soube nada da sua Luisa.

O CIVC tem um departamento de apoio às vítimas do conflito armado na problemática das pessoas desaparecidas e dá aconselhamento psicossocial. Miriam confessa que sempre achou que um dia tinha mesmo de contar a sua história em voz alta a alguém que a ampliasse para o ‘mundo’. Fui eu a escolhida pelo destino ou pelo acaso.

Já no fim da entrevista abraço-a com força, desejando o maior sucesso para o seu pequeno cabeleireiro que está no ativo com a ajuda do CIVC e peço-lhe que não desista da vida, como tantas vezes já desejou. A outra filha morreu com uma doença. Tem o rapaz de 20 anos e uma menina de 11. Prometeu-me que sim. E assim fico, esmagada por uma história de vida real que ultrapassa a ficção e penso: E se isto tivesse acontecido com a minha Maria Beatriz?”

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