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Qual é o futuro da televisão? Canais generalistas tentam responder à questão em debate

David Soldado
3 min leitura

Os principais players do mercado televisivo reuniram-se este mês na Universidade Católica, em Lisboa, para debater o futuro da televisão e as novas formas de consumo. As opiniões diferem na ótica de programar mas igualam-se na certeza de que a televisão não «morrerá». Mas para isso, os meios de comunicação social devem «abraçar as mudanças».

Para Gonçalo Reis, presidente do conselho de administração da RTP 1, os canais portugueses têm «armas poderosas» para se manterem no ativo no futuro, a começar pela credibilidade que os telespectadores depositam nelas há anos, no entanto, devem «compreender e seguir» aquilo que o público de hoje quer para, assim, resguardar a sua «relevância» no mercado. Ainda que o crescimento dos canais por cabo seja uma «questão importante, o desafio da estação pública passa também pela internet. «É uma grande oportunidade para nós porque é uma forma de conectar com outras gerações. O digital permite chegar ao mundo inteiro, servir os 10 milhões de pessoas em Portugal e ter também uma atenção aos de lá de fora», explicou Gonçalo Reis.

Rogério Canhoto, CRO do Grupo Impresa, dona da SIC, defende que a mudança «não é no futuro, é já». Atualmente, a televisão portuguesa tem muitos desafios pela frente. A começar pela tecnologia, onde hoje existem um conjunto de novas ferramentas como a Netflix e a acabar nos conteúdos, muitos deles gerados pelos próprios consumidores. O responsável antecipa ainda uma «constante mudança» no perfil dos telespectadores.

Quanto à posição da TVI, Bruno Santos tem noção do crescimento «rápido e violentíssimo» do cabo mas não vê ainda esse cenário como uma «ameaça». Isto porque, explica o diretor de programas, qualquer canal por cabo têm shares abaixo de 3%. «Em 2010, os canais [generalistas] tinham 80% do mercado. Em seis anos perdemos 25% dessa fatia e o cabo passou de 17% para 36%», sustentou-se nos números mais recentes.

Nos dias de hoje, a forma de ver televisão é «diferente de há 20 anos» e quem o prova é Pedro Mota Carmo, CEO da Dreamia, empresa que produz e distribui vários canais para o mercado português e africanos de expressão portuguesa. Em conferência, o responsável revelou, por exemplo, que 25% do consumo do canal Panda Biggs é feito já em diferido. Este número vai, assim, ao encontro do estudo As Novas Dinâmicas do Consumo Audiovisual, realizado em 2016 pela ERC, em que as gravações automáticas já consomem mais de 30% do mercado televisivo português.

Redactor.