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Pipoca esclarece motivo pelo qual Titan é mais “mediático” do que os refugiados

"Não tem a ver com que vidas valem mais", salientou Pipoca sobre os casos Titan e o drama dos refugiados...

Duarte Costa
4 min leitura

O submersível Titan desapareceu com cinco pessoas a bordo, no domingo, durante uma expedição ao Titanic, e as operações de busca pelo aparelho acabaram por “fascinar” a comunicação social, que fez vários especiais sobre o assunto até esta quinta-feira, dia no qual foram localizados os destroços e confirmada a morte de todos os ocupantes.

Durante a semana, surgiram também várias críticas, por parte de anónimos e até de figuras públicas, que compararam a atenção mediática entre o caso Titan e os naufrágios de embarcações com centenas de migrantes a bordo, como aconteceu ainda recentemente.

Numa publicação mais séria do que o habitual, Ana Garcia Martins, conhecida como A Pipoca Mais Doce, explicou o motivo pelo qual o Titan prende mais atenção do que o drama dos refugiados.

Estão a ver O Homem Que Mordeu o Cão, a rubrica do Nuno Markl? Sabem porque é que existe? Porque fala de coisas que fogem ao comum e é uma das primeiras regras que se aprendem em jornalismo: notícia não é um cão morder um homem, é um homem morder um cão“, começou por escrever.

Porque acontece pouco, porque surpreende, porque é inesperado. E é isso que se tem passado com a história do submersível que, sabe-se agora, causou a morte a cinco pessoas. Só vejo gente altamente indignada com a atenção mediática que este caso está a recolher, a fazer comparações com os barcos de migrantes que todos os dias se afundam e causam milhares de mortos. Percebo e nem sequer estou aqui a defender, em termos humanos, o que é mais relevante, porque não faço essa distinção. Mas a primeira situação é um homem a morder um cão, a segunda, infelizmente, é um cão a morder um homem“, esclareceu.

Não tem a ver com que vidas valem mais, tem a ver com uma situação excecional (no sentido de ser rara) com outra a que já assistimos tantas vezes que nos causou alguma habituação (com tudo o que de mau e triste isso acarreta). E depois tem a ver com proximidade e sentido de identificação. Vejam o post do Raminhos que também escreveu sobre isto. Gera-nos mais curiosidade e choque a história de cinco ocidentais, do que a de milhares de pessoas que, dia sim, dia sim, arriscam a vida para fugirem a um destino de guerra, fome, violência“, acrescentou.

É uma grande m*rda que assim seja, que prestemos mais atenção a umas coisas do que a outras, que pareça que damos um destaque desmedido a um evento singular e que praticamente ignoremos uma situação recorrente? É. Mas é o homem a morder o cão. O que se calhar temos de começar a perceber é que há mordidelas de cão graves, que causam mais danos e que não podem ser desvalorizadas. Enquanto isso não acontece, é só o mundo a ser o mundo“, concluiu.

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