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Novelas usam polémicas para captar audiências

Pedro Vendeira
4 min leitura

A competição pela liderança nas audiências está a fazer com que ‘A Favorita’ e ‘Chamas da Vida’ recorram a temas polémicos como relações homossexuais, pedofilia, violência doméstica, VIH ou drogas.


Ou seja, nem só de amor, encontros e desencontros românticos vivem as novelas de hoje.

O objectivo é ainda sensibilizar e discutir os temas

As telenovelas brasileiras A Favorita, da TV Globo, e Chamas da Vida, da TV Record, estão a apostar em temas fracturantes da sociedade. Concorrentes directas no Brasil, passam no mesmo horário em estações diferentes, a aposta na polémica é a nova estratégia para conquistar mais público.

A novela A Favorita, em exibição em Portugal na SIC, vai trazer para o ecrã a hipótese de um relacionamento lésbico entre as personagens Cleo (Paula Burlamaqui) e Catarina (Lília Cabral), em resposta aos temas abordados pela telenovela Chamas da Vidas: pedofilia, violência contra as mulheres, VIH e drogas sintéticas.

Apesar de tal desenvolvimento do argumento ainda não ser certo, parece claro que Cleo e Catarina vão demonstrar um grande interesse mútuo. Em entrevista, a actriz Paula Burlamaqui afirma ainda não saber quais os planos para a sua personagem, mas não põe da parte a hipótese da relação homossexual. “Acho que seria possível, afinal, Catarina é carente, vai encontrar uma amiga, uma pessoa que a respeita, que gosta dela. Vamos esperar para ver. Na vida real acontece, eu conheço um caso parecido. Na ficção também pode ‘rolar'”, diz.

No entanto, Burlamaqui considera que tal desenvolvimento é “improvável. Seria preciso uma reviravolta muito grande. Ela é muito tradicional, leva muito a sério aquele casamento, mesmo com aquele homem horroroso que é o Leonardo”.

Por seu turno, Chamas da Vida é emitida em Portugal pela TV Record Portugal, sendo muitas vezes líder de audiências nos canais por cabo. No Brasil, ocupa o segundo lugar no ranking das audiências, sucesso que poderá ser explicado pela inovação nos temas tratados. Pela primeira vez na história das telenovelas brasileiras, a pedofilia é abordada. Lipe, interpretado por André di Mauro, marca na Internet encontros com rapazes adolescentes, fingindo ser mais novo do que os seus 30 e poucos anos. Além disso, viverá uma relação com a personagem Vivi (Letícia Colin), de 15 anos.

A violação e as suas consequências são encarnadas por Raíssa (Ana Paula Tabalipa), uma mão emocionalmente distante do seu filho de seis anos, Gabriel, que é fruto da agressão sexual que sofreu.

Guilherme (Roger Gobeth) personifica o alerta lançado pela autora da novela, Cristianne Fridman, sobre o vírus da sida. Promíscuo, Guilherme contrai o vírus VIH, e o público irá acompanhar todo o percurso que Guilherme fará ao longo da doença. Por fim, os adolescente António (Dado Dolabella) e Manu (Juliana Iohmann) acabarão envolvidos no consumo e tráfico de drogas sintéticas.

Resta agora saber quais destas polémicas causarão mais interesse entre o público brasileiro, ou seja, qual das novelas levará a melhor em termos de audiências.

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Amante da tecnologia e apaixonado pela caixinha mágica desde miúdo. pedro.vendeira@atelevisao.com