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Entrevista a Rui Vilhena

A Televisão
6 min leitura

Rui Vilhena, autor de novelas com sucesso, nomeadamente “Ninguém Como Tu”, está a escrever “A Face do Mal” (nome provisório) para a TVI. A novela estreará no último trimestre deste ano e substituirá “Fascínios”.

Leia, na íntegra, a entrevista do “Correio da Manhã”:

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Quando começa um trabalho novo qual é a sua principal preocupação?

Gosto sempre que esse trabalho seja um desafio. Não gosto de trabalhar dentro de áreas de conforto. Para mim não faz sentido, como artista, não evoluir profissionalmente, portanto ‘A Face do Mal’ não poderia ter nem o tom nem o perfil de ‘Ninguém como Tu’ ou de ‘Tempo de Viver’.

Onde encontra inspiração?

Vou sempre buscar inspiração a casos reais. É importante que não haja um distanciamento do que o público está a ver no quotidiano. Também vejo muito o que se faz lá fora, como ‘CSI’ e ‘A Patologista’, e tento analisar as tendências. O guionismo é muito como a moda, está sempre a evoluir e temos que acompanhar as tendências. Se as cenas são mais longas ou mais curtas, que tipo de histórias é que estão a funcionar perante o público… Portanto, ‘A Face do Mal’ nasce já com base nesse estudo e, depois, é traçar, mais ou menos, um perfil para a diferenciar das novelas anteriores.

E isso é fácil?

É sempre difícil para qualquer artista fazer um trabalho que supere os anteriores. Vai sendo cada vez mais difícil. Há um esforço para tentar superar sempre o último trabalho e isso para o artista gera uma enorme ansiedade. Quer queiramos quer não, sentimo-nos na obrigação de que o último trabalho supere sempre o anterior. Se isso não acontecer, parece que não houve evolução e isso é difícil de digerir. Emocionalmente é uma estagnação.

Pode falar um pouco da trama de ‘A Face do Mal’?

A novela vai contar a história de uma mulher que dá à luz uma criança depois de morta – já foram noticiados pelo menos dois casos -, vai ter uma personagem que sofre de xerodermia pigmentosa (incapacidade hereditária de reparar um dano ao ADN causado pela luz ultravioleta), uma doença em que a pessoa não pode estar em contacto com a luz do Sol; e focar as famílias com problemas financeiros. São temas muito actuais e polémicos.

Paulo Pires é o protagonista. Pode falar dos seus papéis, já que o actor interpreta gémeos?

Gosto de fugir ao óbvio do bom e do mau. Por isso, no caso dos gémeos interpretados por Paulo Pires, um é mau e o outro supermau. Vai existir uma luta entre os dois vilões da história. É um grande papel e um grande desafio para o Paulo. Já tive oportunidade de ver algumas cenas e ele está muitíssimo bem. É um papel muito difícil, pela diferença de personalidades dos gémeos e a maneira de estar de cada um. Há também uma novidade em relação a estes gémeos, que permite ao actor interpretar diversos papéis, não é um em dois, estamos a falar de dez em um, porque um deles tem várias personalidades. Os personagens do Paulo são, sem dúvida, os mais complexos de todos os que já criei. É o maior desafio de sempre.

E da trama pode falar?

Achei que nesta novela não havia apenas um mistério mas sim uma avalanche deles. Ou seja, só um mistério já daria para fazer a espinha dorsal da novela, mas nesta cada núcleo terá o seu grande segredo. É uma novela que se alimenta muito dos mistérios. Se eu não tiver pequenas-grandes histórias, chega a um momento em que a história começa a maçar, parece que não tem por onde avançar. Enquanto se tiver um núcleo muito forte posso ‘descansar’ um pouco algumas histórias e avançar com outras. Ficamos com aquela sensação de que na novela está sempre a acontecer muita coisa. E está, de facto. Como autor isso permite–me trabalhar ou jogar com a história X ou Y e o público está constantemente a ser surpreendido, se isso não acontecer a trama também perde a sua força.

Há um leque de actores com quem gosta especialmente de trabalhar…

É óbvio que me sinto mais confortável com alguns actores com quem já tenho empatia, confiança, um mecanismo de trabalho e uma boa relação. Não somos só colegas de trabalho, somos amigos. Mas seria incapaz de trabalhar com uma pessoa só porque sou amigo dela. Não estaria disposto a passar 13 a 14 horas por dia em frente de um computador a escrever para uma pessoa que não tenha os atributos artísticos necessários, até porque a personagem acabaria por não funcionar. Isso para mim não faz sentido.

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