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Entrevista a Diana Chaves

A Televisão
7 min leitura

A actriz, que ficou conhecida com o reality show da TVI, “Primeira Companhia”, começou a “dar cartas” na representação em novelas daquela estação. Depois da estreia em “Morangos com Açúcar”, passou pela apresentação em “Clube Morangos”. Agora, além de actriz, também é modelo. Recentemente, depois de actuar na novela “A Outra”, trocou a TVI pela SIC e agora é uma das actrizes em “Podia Acabar o Mundo” (SIC), onde terá um romance lésbico com a personagem de Ana Guiomar.

Leia, na íntegra, a entrevista feita pelo “Jornal de Notícias”:

Sente-se pioneira ao dar vida a uma lésbica na ficção nacional?

Não. Hoje em dia, é tão natural que temos obrigação de ter mentes mais abertas. Não sou, de todo, preconceituosa. Não me custa fazer a personagem nem me faz impressão. É óbvio que não tendo a experiência, tenho de procurar maneiras de estar e de pensar.

Como reagiu quando lhe propuseram este papel?

Com surpresa. Não estava à espera, principalmente por ser uma abordagem tão explícita. É um tema na ordem do dia. Esta novela trata de assuntos actuais.

Tem problemas em gravar cenas de maior intimidade com Ana Guiomar?

De um modo geral, tenho “reticências” em fazer cenas íntimas, seja com a Ana Guiomar seja com outro colega qualquer. Pelo meu feitio, gera constrangimento, nervosismo acrescido. Porém, ser com mulher ou homem é igual.

Impôs limites à produção?

Não tenho de impor. As cenas não pretendem chocar. Há bom senso por parte de quem escreve e realiza.

Recorreu a alguma amiga homossexual para compor a Cláudia?

Fiz pesquisa. Quando a personagem é parecida connosco, vamos buscar as nossas experiências, neste caso, inspiro-me em conhecidos, amigas, mas também sigo a intuição. Faço-o com o máximo de naturalidade: as pessoas são livres de amar quem quiserem. Transporto a minha realidade heterossexual para uma homossexual. É mais uma história de amor, o facto de ser com uma mulher é um simples pormenor.

O mais recente filme de Woody Allen contempla cenas escaldantes entre Penélope Cruz e Scarlett Johansson. Estaria disposta a essa ousadia?

Isso não se justifica em novela que comporta um ritmo acelerado. Essas cenas têm de ser feitas com o máximo de cuidado. Quando há exposição de corpo, há preocupação com maquilhagem, luz e demora muito tempo. Em cinema fica lindíssimo, mas no ecrã não resultaria bem.

Esta abordagem na novela pode contribuir para desmistificar preconceitos?

Espero que sim. O nosso país é um bocadinho preconceituoso. Mas não se alteram mentalidades de repente. É de uma ignorância e maldade criticar, ou julgar uma pessoa pela sua orientação sexual.

A nossa sociedade estará preparada para ver um beijo entre mulheres?

Não sei, vamos ver. Talvez não, embora não seja um bicho-de-sete-cabeças. As pessoas complicam o que é simples.

Como olha para o mediatismo que já tem tido antes de ir para o ar?

É a ordem natural das coisas. Tendo em conta o país que temos, faz todo o sentido que se explore o assunto, na medida em que vende.

Foi pacífica a transição para a SIC?

Na minha cabeça não foi muito pacífica. Foi uma grande mudança que não foi tomada de ânimo leve. Tive de pensar muito. É um passo arriscado, mas que fez todo o sentido para mim. Claro que, às vezes, aprendemos quando não corre bem. Mas estou confiante, acho que vai correr lindamente.

Não está arrependida de ter deixado a estação líder de audiências?

É uma questão de oportunidade. Quando me foi dada a de trabalhar na TVI, agarrei-a. A vida é mesmo assim. Esta surgiu, tinha muito boas condições, aceitei e não estou nada arrependida.

Como justifica os fracos resultados de “Podia acabar o Mundo”?

Assim como as mentalidades, não se mudam rotinas de um dia para o outro. O público está habituado a ver um género em tal sítio e é fiel. Apesar de o produto ser muito bom, é preciso dar tempo e os resultados aparecerão.

Que segredos guardam as novelas de Queluz para um estatuto imbatível?

Não há segredo. Levam uns anos a mais no mercado. Não se trata da qualidade, o patamar é igual.

A representação era um sonho?

Nunca foi um sonho, mas uma oportunidade que apanhei. Na altura, fiquei reticente, pois achava que não tinha jeito. Mas, à medida que fui evoluindo, comecei a tomar-lhe o gosto. Não foi nada que tenha perseguido. Aconteceu. Não faço planos.

Sem formação na área, “Morangos com açúcar” foi a melhor escola que poderia ter tido?

Claro. Não só uma escola teórica, mas sobretudo prática. É com a experiência que evoluímos. Foram muitos meses a trabalhar 12 horas por dia com grandes profissionais e foi lá que aprendi tudo.

Sente que a experiência acumulada fez suprir as carências da técnica?

Sim e tento pesquisar muito. É óbvio que há coisas básicas que quem não tem formação sente a falta. Mas conto com a ajuda dos colegas, dos grandes actores.

Ser telegénica contribuiu para a catapultar para a fama.

A imagem é um trunfo muito importante. Não o facto de sermos bonitos, ou não, mas de termos um aspecto cuidado.

Cinema e teatro são metas a atingir?

Qualquer actor gosta de fazer um pouco de tudo. Quanto ao teatro, tive uma experiência pequenina, gostava de repetir, e cinema adorava. Mas há tempo para tudo, uma coisa de cada vez.

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