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Em lágrimas, Pedro Barroso recorda partida da avó: “Foi aqui que muita coisa balançou”

Íris Neto
9 min leitura

Pedro Barroso foi um dos convidados especiais do programa da tarde da SIC desta quinta-feira. O ator esteve à conversa com Júlia Pinheiro sobre vários aspetos pessoais e profissionais.

Pedro Barroso define-se como um “colecionador de momentos” e alguns desses momentos mais marcantes estão na infância.

“Na infância, eu cresço com os meus avós maternos até aos 10 anos em Queluz. É nesta altura que vais moldando pilares, a tua formação, a tua natureza”, começou por afirmar Pedro Barroso.

“O meu avô ainda hoje me ajuda muito a traçar o caminho, a tomar opções. Tive uma infância feliz, independentemente de algumas ausências”, revelou.

Apesar de estar longe fisicamente, “a minha mãe foi sempre presente, apesar de viajar bastante. Teve dois/três trabalhos para garantir a minha educação e edificação enquanto pessoa”, referiu.

“O meu pai esteve presente à maneira dele. Tu cresces de uma forma orgânica, natural, independentemente das ausências”, afirmou o ator.

“Na altura em que podia estar a ter alguns atos rebeldes preferia que ela [mãe] me batesse do que me obrigasse a ter conversas olhos nos olhos”, afirmou.

A progenitora de Pedro Barroso surpreendeu o filho e deixou-lhe uma mensagem. “Como sempre te digo, tu importas. Sinto-me feliz e orgulhosa por este teu novo desafio. Não sou só eu, somos tantos.. Que o caminho te traga sorrisos, todos os que tu quiseres. Gosto muito de ti. Tenho muito orgulho em ti”, afirmou.

A mãe trata o ator por “Menino Azul”. “Preciso de um universo azul ao meu redor, preciso do mar e do pôr do sol”, explicou o ator.

Com 12 anos, Pedro Barroso foi viver para o Algarve, onde ficou até aos 16

Com 12 anos, Pedro barroso foi viver para Albufeira com o pai, onde ficou até aos 16. “Ali em Albufeira, cresci de uma forma muito saudável, com uma gestão de liberdade larga”, salientando que a relação com o pai precisa de ser “continuamente trabalhada”.

Joaquim Barroso, pai do ator, não deixou de deixar uma mensagem ao filho, sob a forma de uma carta lida.

“Por muito que nos custe admitir nunca iremos saber o que fazer, se está ou se foi correto. Os “ses” não têm lugar nesta história. Ainda me recordo como se fosse hoje. Como estavas bem acomodado, não pretendias sair. O parto estava marcado para o dia seguinte o e parecia que teria de ser provocado”, começou por recordar.

“Perto das 23 horas, quando os meus colegas me iam deixar a casa, o teu avô e o teu tio disseram que afinal recusavas ajudas. Feitos doidos aí fomos nós diretos ao Hospital da Cruz Vermelha onde o pessoal me largou no meio de abraços, parabéns e sorrisos cheios de cumplicidade”, acrescentou.

“As vicissitudes da vida fizeram com que nos afastássemos e que eu iniciasse uma nova família […] Os teus irmãos iam nascendo e, a certa altura, vieste viver connosco para o Algarve, cheio de personalidade própria, com tiques de menino alfacinha. Chegaste frio por fora, mas inseguro por dentro. E, aos poucos, tornaste-te um doce”, continuou.

A representação aparece de forma muito rápida na vida de Pedro Barroso

“A representação aparece de forma muito orgânica, de forma natural e rapidamente começo a perceber que tenho ferramentas para trabalhar”, explicou a Júlia Pinheiro.

Pedro Barroso revelou que ficava muito “chateado” com as sessões como modelo porque “tinha de ficar parado muito tempo”.

Naquela altura, tinha uma vida dividida entre melhorias de notas, um estúdio de piercings, um curso de fotografia, entre outras atividades. Entretanto, entrou no workshop de teatro e surgiu a oportunidade de ir a um casting.

“No primeiro casting fico selecionado para um papel na TVI. Era um papel mais curto e eles foram aumentando, numa novela da noite. Fui aprendendo. Mais tarde, fui continuando a fazer formação”, realçou.

“À medida que me iam dando oportunidades, fui tentar perceber que ferramentas podia trabalhar e como me podia edificar enquanto ator”, complementou.

Ator chegou a uma fase da sua vida onde precisava de se reencontrar

“Depois de me ir construindo enquanto ator, os projetos foram vários. Existe uma altura que percebo que não estava a parar”, começou por afirmar.

“Houve alturas que gostei menos [de mim] e quanto mais trabalhasse menos olhava para mim. Havia qualquer coisa que já não me chegava”, acrescentou.

Pedro Barroso salienta que nem sempre lidou bem consigo e que houve uma fase em que “lidou pessimamente”.

O ator confessa que estava “revoltado, magoado consigo próprio, mais desconfiado e mais reativo”.

“Depois falhei, deixei produções na mão e isso tem um preço neste meio. É bem real e eu paguei algum preço de algumas escolhas”, recorda.

“Esse afastamento foi necessário para a minha sanidade, repensar valores, o tipo de pessoas que quero à minha volta, os tipos de compromissos que quero assumir. Preciso de sintonia e de energia à minha volta que tem de compactuar com aquilo que preciso”, salientou.

Artista é surpreendido pelo avô

José Eduardo Gonçalves, avô do artista, também decidiu deixar-lhe uma mensagem.

“Quando ele era pequenino tinha medo da areia, foi crescendo e só queria banhar-se, até tal ponto que eu batizei o meu neto [de Jacaré]”.

“Tornou-se um menino bom. Foi crescendo. Éramos todos muito, muito programados para uma boa disciplina e ele hoje nos seus 30’s tornou-se um menino correto, educado e bondoso. Espero que ele continue pela vida, fazendo o bem, sem olhar a quem”, acrescentou o avô.

Pedro Barroso teve um passado ligado a drogas e fez desintoxicação

O avô de Pedro Barroso sempre foi muito importante na sua vida e foi visitá-lo à clínica. “Foi incrível. Foi um grande trabalho de família. Muitas mãos que me ajudaram naquela altura”, recorda.

O ator salienta que a perda da avó Amélia, em 2017, foi muito difícil. “Após a morte dela, fez-me balançar […] não saber lidar com a dor”.

“Acho que foi aqui que muita coisa balançou”, reforça.

Pedro fez caminho espiritual numa ilha do Japão durante 70 dias

Pedro Barroso revela que viveu momentos marcantes durante esta viagem de “redescoberta” e foi num desses dias que conseguiu fazer o luto da avó.

“Foi num desses dias…No dia em que caminhei mais à noite. Não consegui parar de caminhar. Caminhei umas 20 horas, entre templos e montanhas, uns 48 quilómetros. Tinha de gastar. Acho que consegui chorar aquilo que não tinha chorado”, revelou.

O ator é surpreendido pelos melhores amigos

João Barroso Viegas, primo de Pedro Barro, enalteceu a relação com ator. “Esta é a minha relação com os meus primos, distante, mas muito presente. Quero-vos a todos comigo na minha vida”.

Por sua vez, Luís Tavares Alves, amigo do ator, também lhe deixou algumas palavras: “O Pedro consegue tirar o melhor de nós e é uma pessoa extremamente bondosa”.

Já André Samora, afirma que sente “o maior orgulho por teres encontrado um caminho. Espero ver-te em breve”.

Clife Barbosa salienta que Pedro é “uma pessoa terra a terra, humana, que está sempre disposto a ajudar os outros”.

“É alguém que adora crianças. A minha filha delira com o Pedro e é isso. Às vezes temos os nossos atritos. No final vem sempre com aquele abraço dele apertado”, concluiu.

Pedro Barroso foi ainda surpreendido pelo afilhado.

Recorde-se que Pedro Barroso está a gravar “Golpe da Sorte” da SIC e envolveu-se recentemente no projeto Associação “Vizinho Amigo” que pretende ajudar pessoas em dificuldades durante a pandemia de Covid-19.