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CMTV vai processar o autor do vídeo do carrinho que ficou submerso

"Para mim, que não sou psiquiatra, chama-se imbecilidade", diz o advogado do canal.

Duarte Costa
3 min leitura
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Em outubro de 2023, numa altura na qual o país era assolado pelo mau tempo, um telespectador da CMTV enviou um vídeo que mostrava um carro que, alegadamente, ficou quase submerso na sua totalidade na Póvoa de Varzim. Sem confirmar a veracidade do mesmo, o canal passou-o num dos seus noticiários.

Agora, imagens muito elucidativas dos estragos que o mau tempo está a provocar. Vamos ver imagens de um carro que ficou completamente submerso na rua de Santo André de Cima, na Póvoa de Varzim (…) Não temos uma vista mais panorâmica, possivelmente numa rua que ficou alagada, transformada num autêntico lago. Estas são imagens desta manhã e que estão a chegar à nossa redação“, informou o pivô às 11:10 horas de 19 de outubro, como o A Televisão verificou e noticiou na altura.

Poucos minutos depois, a página de humor Bilbia Mt Engarsada partilhou um vídeo desse momento e também o original, que prova que, afinal, era apenas um carro de brincar inserido numa poça de água. “Nunca deixes de existir, CMTV. Ontem meti este vídeo no Twitter a dizer que era no Porto, alguém deve ter enviado para a CMTV e eles colocaram como se fosse real“, lê-se na legenda da publicação.

Cerca de dois meses e meio depois desse insólito, sabe-se que a CMTV decidiu processar o telespectador que enviou esse vídeo para o canal. A ação deu entrada na passada sexta-feira, 5 de janeiro, e “pretende uma pesada indemnização por danos“.

Em comunicado, a CMTV sublinha que o autor alterou “propositadamente o vídeo” e quer responsabilizá-lo “até às últimas consequências“.

Carlos Cruz, advogado da Medialivre, marca de comunicação social que detém o CM, Negócios, Sábado e Record, entre outros, diz que “na sua boa-fé, a CMTV passou o vídeo que, nas redes sociais, o autor passava na íntegra e se via que era uma infeliz montagem com a miniatura“.

Há gente que, por falha de formação, se diverte à custa das angústias e preocupações dos outros. Em psiquiatria esse distúrbio tem um nome. Juridicamente essa conduta não merece, por enquanto, criminalização, digo por enquanto, porque o flagelo das fake news, inevitavelmente, vai ser combatido pelos ordenamentos jurídicos. Portanto, para mim, que não sou psiquiatra, chama-se imbecilidade“, diz o advogado.

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