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Bandas juvenis rendem fortunas às estações

Pedro Vendeira
7 min leitura

Uma agressiva operação de marketing e de multimédia é garantia de como a SIC vai ganhar milhares de euros com a série juvenil ‘Rebelde Way’ e a sua banda musical, RBL

As bandas saídas de formatos televisivos juvenis são, acima de tudo, um negócio. Um negócio que começa com o sucesso da série e se estende, posteriormente, à banda. Depois dos D’ZRT, 4 Taste, Just Girls (todos da TVI) e Floribella (SIC), o fenómeno televisivo está prestes a repetir-se com RBL, a banda mista de ‘Rebelde Way’, cuja estreia está marcada para segunda-feira, dia 25, na SIC. “O lançamento do CD da banda sonora original será o primeiro produto a ser lançado logo depois da estreia da série”, diz à ‘Correio TV’ Sofia Moura, do departamento de Marketing da estação de Carnaxide.

Cerca de 80% da totalidade das vendas dos discos e dos DVD das bandas é a percentagem auferida pelas editoras, que no caso da TVI e da SIC pertencem ao mesmo grupo económico que detém as estações privadas. Actualmente, a banda feminina de ‘Morangos com Açúcar’, Just Girls, já valeu à Media Capital, detentora da TVI, mais de um 1,5 milhões de euros com a venda do CD e do DVD. Valores mais altos renderam os D’ZRT, que deram a ganhar mais de 2,5 milhões de euros. Já os 4 Taste, grupo que deu música à terceira temporada de ‘Morangos’, rendeu pouco mais de um milhão de euros com a venda dos dois CD. O segundo disco – ‘Take 2’ – vendeu apenas oito mil exemplares. Por outro lado, a banda Floribella foi a que mais deu a ganhar, mas à SIC. Só o primeiro CD alcançou as 10 platinas, ou seja cerca de 200 mil unidades. Na totalidade, os três discos da banda liderada por Luciana Abreu renderam ao grupo Impresa, que detém a SIC, o equivalente a 4,5 milhões de euros. Mas destes valores pouco sobra para os artistas. A ‘Correio TV’ apurou junto de uma editora que pertencer a uma banda ‘colada’ ao sucesso de uma série juvenil não lhe permite receber de mais de 1% de ‘royalties’ da venda dos discos. Mesmo os grandes artistas como os Da Weasel, por exemplo, não auferem de uma percentagem muito superior, refere a mesma fonte. “São bandas que vão e que vêm”, frisa Manuel Moura Santos, agente de músicos como Rui Veloso e Jorge Palma.

O profissional explica assim que estes grupos são efémeros e que dificilmente sobrevivem para lá do formato em que se tornaram conhecidos. “É evidente que a banda RBL pode sair da televisão para concertos pelo País”, salienta Nuno Santos, director de Programas da SIC. Contudo, esta é outra questão, pois quando se fala em concertos, os ganhos, dependendo dos contratos de cada actor com o canal, são “mais vantajosos”, explica à Correio TV Madalena Zenha, advogada e ex-representante dos D’ZRT. Veja-se o caso de Luciana Abreu, que estreia dia 30 na SIC o novo formato infantil ‘Programa da Lucy’. Na época dos concertos da banda Floribella, a menina bonita da estação de Carnaxide ganhou, segundo a própria, “cerca de 15 por cento dos lucros por cada espectáculo”.

Realidade diferente poderá ser a de RBL, já que a banda de ‘Rebelde Way’ conta com um grupo musical de suporte para os seus espectáculos. Ainda assim, os actores Tiago Barroso (Pedro) e Nélson Antunes (Manuel) asseguram as guitarras, enquanto as actrizes Joana Anes (Mia) e Joana Alvarenga (Lisa) formam o coro. Segundo Carla Carvalho, directora de produção da série, o contrato assinado por cada um dos protagonistas prevê “que cada um receba uma participação de igual valor nos lucros da venda dos discos”. Mas o proveito maior para os actores é a projecção do seu trabalho, iniciado há meses. “Está a ser preparado, com uma popular marca de roupa, um projecto inédito de lançamento de uma nova colecção que irá vestir a banda”, salienta Sofia Moura. Outros produtos relacionados com o grupo irão aparecer, mas numa fase posterior e relacionados com a hipótese de espectáculos ao vivo. “Já estão assinados contratos para o lançamento de produtos escolares, musicais, têxteis e de perfumaria”, revela.

‘Rebelde Way’ assume-se, assim, um projecto vencedor. E ainda não estreou. “Estamos perante uma marca com enorme potencial de licenciamento, mas com características muito distintas de ‘Floribella’, pois destina-se a um público menos infantil” conclui Sofia Moura.

MERCHANDISING RENDE AINDA MAIS

OPERAÇÃO MULTIMÉDIA

‘Rebelde Way’ vai seguir o exemplo de ‘Floribella’ e apostar em força nos conteúdos multimédia e no merchandising. Recorde-se que o lançamento de produtos e marcas relacionadas com a série protagonizada por Luciana Abreu rendeu, só em 2006, cerca de 2,7 milhões de euros. Antes de estrear, ‘Rebelde Way’ já é um sucesso na internet, dominando sites e blogues. Em breve serão criadas outras páginas relacionadas com as temáticas abordadas na história e que oferecem aos fãs todo o tipo de downloads.

DIREITOS CONEXOS

LUCROS PARTILHADOS

A SIC vai assumir o poder total de negociação da marca RBL, detendo os direitos de autor e alguns conexos. Os direitos conexos são aqueles que, não fazendo parte da actividade criativa da obra, pertencem a quem a exterioriza ou torna pública. Neste caso, a SIC e os próprios artistas vão ganhar mais uns euros. Ainda assim, a Direcção-Geral dos Artistas (DGA) vai apenas buscar às televisões uma “’remuneração justa’”, salienta à Correio TV Maria Eduarda Graça, assessora da direcção.

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Amante da tecnologia e apaixonado pela caixinha mágica desde miúdo. pedro.vendeira@atelevisao.com