Dona de uma carreira invejável em televisão onde protagonizou series como A Mulher do Senhor Ministro ou VIP Manicure, a atriz Ana Bola não poupa criticas ao estado pequeno ecrã em Portugal e tece duros comentários pelo cancelamento da aposta em formatos de humor.
« Em relação ao último programa de humor que fiz na RTP, Estado de Graça, este cumpria o serviço público e tinha uma share considerável e acabou. Ninguém o tirou do ar, a série terminou. Eu acho estranho, pois o que seria normal era renovar», explica a comediante à revista TV 7 Dias, revelando que procurou saber junto da RTP os motivos que afastaram o programa da grelha da estação pública: «Enviei alguma mensagens à direção, mas nem sequer foram respondidas, embora isso seja normal. A única pessoa nos deu alguma explicação foi o produtor do programa, Nuno Artur Silva, das Produções Fictícias, que nos disse apenas ” não se faz mais” e, quanto às razões, disse não saber».
Mesmo sem baixar os braços a atriz apresentou propostas aos canais de televisão com excepção da TVI com quem não estabeleceu contatos e justifica a opção: «Acabei por perceber que não faria sentido fazer um programa de humor. A TVI tem um humor involuntário dos Big Brothers e formatos similares. Não fazem falta humoristas… pagos[risos]», comentou à revista do grupo Impala.
A atriz arranca esta quarta-feira uma nova peça de comédia no Teatro São Luiz intitulada Ana Bola Sem Filtros. Um monólogo onde a atriz de 62 anos quer ser « a voz de algumas pessoas». Com uma crítica mordaz, Ana Bola sai em defesa dos colegas atores. «Se visse programas de comedia com gente nova a aparecer… mas o que vejo são os novos atores a escorregar no Cenário Inclinado [prova do programa Vale Tudo da SIC]», diz, e acrescenta que em Portugal há uma: «total falta de respeito pela Arte, pelos artistas, pelo trabalho sério, substituindo por verdadeiros atentados ao talento e à experiência, levando muitos artistas a participar nesses programas, cada vez mais mal pagos, permitindo a ascensão a vedetas de pessoas que não têm nenhum tipo de talento e não têm onde cair morta», atira.
Revoltada com a atual situação dos humoristas a atriz dispara na direção da estação de Carnaxide e da RTP. « Por exemplo, a SIC colocou no ar uma série cómica, Sal, com César Mourão, que foi empurrada para a meia-noite. A ficção na RTP é empurrada para a uma da manhã. Parece que os humoristas têm um prazo de validade, e isso não é verdade», explica a atriz que conclui: «É por essas razões que estou cansada de televisão, por isso digo o que me apetece e não tenho medo», finaliza.