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Vítor Soares prejudicado pelas “explicações estapafúrdias” em tribunal? “Vai ser muito difícil com esta argumentação”

As explicações de Vítor Soares aos juízes foram analisadas por Tânia Laranjo e Manuel Rodrigues no programa 'Rua Segura', da CMTV.

Pedro Vendeira
6 min leitura

A primeira sessão do julgamento de Vítor Soares, no Tribunal de Bragança, decorreu esta segunda-feira, 29 de maio.

O noivo de Sónia Jesus foi ‘apanhado’ na operação ‘Sementeira em Pó’ da GNR, culminando com o desmantelamento de uma rede de tráfico de droga no norte do país.

Detido há quase um ano, Vítor Soares falou aos juízes esta manhã e negou todas as acusações de que é alvo e esclareceu que é apenas consumidor e que a noiva, Sónia Jesus, e família, não sabiam de nada.

O caso foi analisado por parte de Tânia Laranjo e Manuel Rodrigues no programa ‘Rua Segura’, da CMTV, e os dois

Eu acho que estes arguidos, o melhor que deviam fazer era sempre estarem calados, porque mais que teoricamente possam mentir em tribunal de facto, os juízes já andam todos aqui há muitos anos e já ouviram muitas explicações. Vitó já foi condenado uma vez por tráfico de droga, Vitó, estamos a falar, por exemplo, esta última transferência que nós vimos nesta peça são 400 e tal euros, alguém que lhe vai comprar alguma coisa, e lhe paga 400 e tal euros…”, começa por explicar Tânia Laranjo.

A jornalista aborda ainda as explicações dadas por Vítor Soares aos juízes. “As explicações que são de facto demasiado estapafúrdias normalmente têm o efeito inverso nos coletivos de juízes, porque de facto os juízes também não gostam de ser feitos de parvos, é como a história do azeite, eu compro azeite em Trás-os-Montes há muitos anos, mas não vou buscar azeite todas as semanas porque não tenho um restaurante, todos usamos azeite e 5 litros dão para vários meses, naturalmente.”

Tânia Laranjo revela ainda que as provas “são muito fortes”.

“Todas estas explicações parece-me que são um bocadinho contraproducentes. A prova é muito forte, há muitas escutas, há muitas vigilâncias, há muita droga em casa, mas nem a quantidade de droga que é apanhada em casa, nem nos sítios que é apanhada em casa. O que é que se escuda Vitó? Aquela quantidade de droga, de facto, era passível em termos teóricos de ser considerada para consumo. O problema é a prova que está para trás, que são as escutas, são as transferências bancárias, os contactos, porque Vitó era alegadamente, segundo diz a GNR, o abastecedor de Trás-os-Montes, Vila Real e de Bragança“, explica a jornalista.

Quando foi detido há quase um ano, Vítor Soares estava na reta final da pena suspensa, o que poderá agora agravar a situação.

“As viagens a levar droga aquele local e todas as violências que foram feitas, ou seja, há muita prova por trás disto que não basta explicar aquelas 30 gramas em casa. As 30 gramas podiam de facto ser consumo, mas há muita prova para além disto. Parece-me claramente insuficiente vir explicar e isto não nos podemos esquecer que alguém que já foi condenado por tráfico, que beneficiou de uma pena suspensa, que é apanhado no decorrer ainda que no final da pena suspensa, é uma pena de 5 anos, que é no limite máximo de, se fosse 5 anos e um mês já, não podia ser suspensa, portanto, os juízes de facto deram-lhe uma oportunidade e é difícil agora acreditarmos que os juízes lhe vão dar outra oportunidade“, confessou Tânia Laranjo.

Já Manuel Rodrigues, coloca em causa a versão apresentada por Vítor Soares em tribunal e que o pode prejudicar.

“Penso que há duas opções, realmente em tribunal ou o arguido se cala ou fala. Ambas são aceitáveis e estão previstas na lei. Se opta por falar, aquilo que eu concordo perfeitamente quando alguém acha que está a ser injustamente acusado de alguma coisa, aquilo que se exige é que a versão que apresenta ao coletivo seja algo de verdadeiro, ou seja, pensar que falar em tribunal, inventando qualquer argumentação, uma história na perspetiva de tentar convencer, se calhar como a Tânia dizia pode não
ser muito benéfico”, disse.

Tânia Laranjo acrescentou: “Eu acho que ele não é consumidor, embora ele hoje tenha vindo com a versão, não me parece que seja um consumidor. Ele vive da droga“.

Se realmente a prova é substancial, se há escutas telefónicas, se existem vigilâncias feitas, se há toda uma investigação que demorou meses a concluir e que dá a este indivíduo como um abastecedor daquela região, vai ser muito difícil com esta argumentação deste jovem, ver-se livre da acusação que sobre ele recai“, afirmou Manuel Rodrigues.

O comentador tem sérias dúvidas que a versão apresentada pelo noivo de Sónia Jesus em Tribunal, tenha o resultado pretendido.

Eu não estou muito otimista que a versão que ele apresentou colha em Tribunal, mas é um direito que lhe assiste, é uma opção de ele e da defesa“, rematou Manuel Rodrigues.

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Amante da tecnologia e apaixonado pela caixinha mágica desde miúdo. pedro.vendeira@atelevisao.com