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Rui Tavares: “Acho que há, hoje em dia, um discurso muito tóxico em Portugal”

“Há muita gente que nasceu, cresceu, viveu e nunca viu a democracia."

Ana Ramos
4 min leitura
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Rui Tavares esteve, esta terça-feira, no “Dois às 10”, da TVI, para dar a conhecer mais sobre o seu lado pessoal e político.

O porta-voz do Livre foi surpreendido com uma mensagem de várias pessoas próximas, incluindo a mãe, de 93 anos, e a irmã, 19 anos mais velha do que o político. As duas contaram que sempre falaram de política em casa e que Rui Tavares, o mais novo de cinco filhos, sempre queria intervir nas conversas.

Rui Tavares acredita que o seu lado “mais afetivo” vem muito do seu pai. Hoje, é pai de Elias, de seis anos, e Helena, de quatro, e contou que tem a diferença de idades para os seus filhos que os seus pais tinham para si. Foi pai pela primeira vez aos 45 anos e confessou: “Veio na altura certa”.

A dada altura da conversa, Rui Tavares, escritor, professor e historiador, falou sobre a democracia: “Há muita gente que nasceu, cresceu, viveu e nunca viu a democracia”.

“Nós precisamos de memória para imaginar o futuro, porque, ao mesmo tempo, a gente também pode pensar tudo o que a gente conseguiu. Eu acho que há, hoje em dia, um discurso muito tóxico em Portugal, que é um discurso que nos quer fazer ter vergonha daquilo que a gente conseguiu e que nos quer fazer pensar que a democracia é uma vergonha, que os políticos são todos uns malandros, etc.”, comentou Rui Tavares.

“Fomos um dos primeiros países do mundo a pôr o ambiente na Constituição. Nós, quando pensamos na amizade, na entreajuda que nós tivemos durante a pandemia… foi o Serviço Nacional de Saúde a laborar em pleno, mas também o cuidado que a gente tinha precisamente para poder voltar à aldeia para não infetar ninguém”, continuou Rui Tavares.

“Temos de trazer esse lado que nós temos gregário, de amizade, de cordialidade, ao invés do discurso de ódio e de divisão que está aí e que é um discurso oportunista, porque as pessoas usam o discurso de ódio e divisão para chegar ao poder e, depois, para não o largar. Já aconteceu no passado e está a acontecer noutros países da Europa, aconteceu na Hungria”, destacou Rui Tavares.

“Quando isso acontece, voltar atrás é muito mais difícil, portanto, nós temos de nos concentrar naquilo que faz do nosso país um país especial, é a capacidade de cordialidade, de conviver, a capacidade de fazer vizinhos e amigos dos cabo-verdianos, dos ucranianos, dos brasileiros e vamos fazer dos nepaleses e dos bangladeshis”, descreveu Rui Tavares.

“Há quem nos tente dizer que não é impossível, que não vamos conseguir e eu acho que isso é um discurso que nos deve fazer fazer estas coisas, vir para a política, porque não vem cá ninguém fazer isto por nós, temos de ser nós”, rematou Rui Tavares.

Veja aqui uma parte da conversa.