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Ruben Aguiar quebra o silêncio: “Acho que a mim me roubaram a liberdade”

"Acho que ainda se está em Portugal, que se diz que é um país seguro."

Ana Ramos
8 min leitura
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Manuel Luís Goucha conversou, recentemente, com Ruben Aguiar, que foi acusado de tentativa de homicídio, numa entrevista transmitida esta segunda-feira, na TVI, na qual o cantor descreveu o que se passou naquele dia que mudou a sua vida.

“Posso considerar que foi o pior ano da minha vida! Foi o perder da minha liberdade”, começou por dizer.

Ruben Aguiar explicou que foi detido no aeroporto de Lisboa, quando se encontrava a fazer uma escala para o aeroporto do Canadá, onde tinha um espetáculo agendado: “Fui detido pela Polícia Judiciária no aeroporto e fui informado que eu tentei matar uma pessoa”.

Nessa altura, Ruben Aguiar recordou o que se tinha passado cerca de um mês antes, em abril de 2023, e falou com as autoridades: “Sempre colaborei com a justiça pela verdade da justiça”.

Em relação ao dia em que tudo aconteceu, Ruben Aguiar referiu que se encontrava em Alcochete, depois de, no dia anterior, ter estado em estúdio, no Norte: “Fiz três horas de viagem. Eu ia fazer o ‘Preço Certo’, no estúdios da Fremantle, que ficam atrás dessas bombas de Alcochete. Eu não conhecia a zona, simplesmente, deu-me fome e eu decidi parar e fui a uma hamburgueria. Estava a sair e, aparentemente, estava a sair pela entrada, o que fez o homem vir na minha direção, do meu carro, agredir-me, dá um murro no carro”.

“Nas bombas de Alcochete, fui abordado por uma pessoa extremamente agressiva, que abordou-me pelo simples facto de, aparentemente, eu estar a sair pela entrada. Mas eu, posteriormente, já mandei a minha mulher e o meu próprio advogado ir ao próprio local onde aconteceu o acidente e, efetivamente, nem sequer há sinais. Está muito mal sinalizado, eu apenas vinha seguindo o meu GPS e o GPS estava a dar-me informação de que eu teria de sair por ali”, lembrou Ruben Aguiar.

“Ele vinha na estrada e parou em frente ao meu carro. Na hora em que eu estava a avançar, ele agrediu-me o carro e eu parei. Simplesmente por isso e começou-me com ameaças a dizer que eu estava em contramão, que eu era isto, que eu era aquilo, que vou levar assim, ameaçou-me até de cabeçada. Eu vi logo que a pessoa não estava bem”, relatou Ruben Aguiar.

“Eu saí do carro porque estava a sentir-me ameaçado, ele estava a falar-me ali perto do vidro do carro… Eu saí do carro e informei ao homem se achava bonito o que tinha feito ao carro e ele disse: ‘Não estás contente? Ainda levas uma cabeçada’. E eu vi logo que o homem não estava mesmo… psicologicamente, não estava bem e eu disse: ‘É pá, não tenho como falar com você. Por favor, deixe-me em paz’”, continuou Ruben Aguiar.

“E fui para dentro do carro. O homem, não contente, passa em frente do meu carro. Aliás, se eu quisesse matar o homem, na hora em que ele está a passar bem em frente do meu carro, eu atropelo o homem e isso não aconteceu. Aliás, em torno do que me aconteceu houve uma campanha de injúrias e difamação”, acredita Ruben Aguiar.

Segundo contou Ruben Aguiar, uma das câmaras do local “não estava em funcionamento”, de acordo com informações que lhe foram prestadas pela Polícia Judiciária.

Ao se aperceber que eu ia arrancar, começa-me a dar murros outra vez, já do lado direito do carro. Eu entrei em pânico e decidi ir embora. Não me apercebi que passei por cima do pé, única e exclusivamente do pé, porque, nas filmagens que se tem, só passo por cima do pé. O homem não esteve um único segundo em perigo de vida, porque, efetivamente, também no vídeo vê-se o homem a tentar se levantar”, sublinhou Ruben Aguiar.

“Com os abanões que o próprio indivíduo estava a fazer no meu carro, pela agressividade nas palavras e nos atos que ele estava a fazer, qualquer pessoa… Não estamos num país de Terceiro Mundo, acho que ainda se está em Portugal, que se diz que é um país seguro. Eu sou de uma pequena ilha da Madeira, mas confesso que acho que Portugal é um país seguro e isso não é uma atitude normal de um cidadão agredir um outro ao murro e ameaçar”, considerou Ruben Aguiar.

Questionado por Manuel Luís Goucha, Ruben Aguiar confessou que, caso se tivesse apercebido que tinha magoado o homem, “nem saía dali”: “Eu não me apercebi que passei por cima do indivíduo pela seguinte razão, ele estava a dar-me abanões e murros no carro. Foi um misto de emoções onde eu entrei em pânico e isto foi sair dali para uma zona de mais conforto, onde eu não fosse agredido. Não tive a noção porque, se eu tivesse a noção, eu próprio tinha parado na hora e tinha chamado os bombeiros e tinha explicado a situação ali e tudo isto era evitado”.

Passado cerca de um mês, Ruben Aguiar, apesar de não se ter esquecido do ocorrido, garantiu que “não ia ocupar” a sua mente com “um problema que se tinha passado”. Dessa forma, assegurou que foi “surpreendido” quando foi abordado pela Polícia Judiciária no aeroporto.

“Não fui informado. A Polícia Judiciária podia ter bem querido ouvir a minha parte, por que razão aconteceu aquilo, não fui convocado para prestar declarações. Fui logo detido no aeroporto onde estava a fazer escala, não foi do meu ponto de partida. Eu saí do Funchal, quando estava a fazer escala, fui detido pela Polícia Judiciária onde me informaram disso tudo que estava a acontecer”, disse Ruben Aguiar.

Ruben Aguiar foi, então, para o Estabelecimento Prisional do Montijo, onde ficou dois meses. “Antes disso, ainda fui a tribunal e eu próprio colaborei com a investigação”. “Uma vez mais, colaborei com a justiça, porque eu podia e bem ficar calado. Não sou obrigado a responder porque é um direito do cidadão. Eu não, eu quis colaborar com a justiça e contei a verdade dos factos, o que na verdade aconteceu naquele dia, 19 ou 18 de abril. Foi-me decretada a medida mais gravosa”, afirmou.

“Acho que a mim me roubaram a liberdade, porque, num estado de direito democrático, todos os cidadãos têm direito a benefício da dúvida e eu não tive”, rematou Ruben Aguiar, que se encontra em prisão domiciliária.

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