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Raminhos: “Tive mestres a medirem-se ao meu lado, o tamanho das mãos, dos pés, como se fosse uma ave rara”

"É engraçado como aquele rigor marcial japonês se mistura com uma certa inocência. Acreditavam em tudo o que eu dizia! Um perigo!"

Ana Ramos
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António Raminhos partilhou, esta segunda-feira, mais alguns detalhes sobre a sua visita ao Japão, através de uma publicação nas redes sociais.

“No final dos anos 90, já andava eu a tentar ‘entender-me’, descobri nos Olivais uma arte marcial diferente. Era defesa pessoal, com projeções e chaves dolorosas, mas tinha uma forte componente budista, de respeito e amizade sob a filosofia de dar metade de nós mesmos aos outros”, começou por contar o humorista.

“Por várias razões, entre as quais uma operação e ter uma cabeça que precisava era de terapia, acabei por desistir, como desistia de tudo para depois sentir-me culpado. Perdi nessa altura a oportunidade de ir ao Japão”, acrescentou António Raminhos.

Contudo, 20 anos depois, António Raminhos decidiu voltar a treinar: “Não vos sei dizer quantas vezes, no meio do nada, como estar a ver um filme ou com as miúdas, a minha cabeça dizia ‘Não quero ir!’. Como um grito de uma criança assustada pelo desconhecido”.

“Os meses antes da viagem foram terríveis, com ansiedade, medos antigos, como se todos os meus poros dissessem: ‘não sabes o que vai acontecer!’. Pois não. E ninguém sabe. E é essa a beleza da coisa, é isso que nos liberta quando, com passos pequenos, nos propomos a algo. E fui”, relatou António Raminhos.

“Este é o templo do Shorinji Kempo, a 700 km de Tóquio, numa pequena vila, onde estive, eu e outros, a beber a sabedoria de vários mestres japoneses. Havia um ancião de 83 anos, que parecia que a qualquer momento ia desfalecer, chegava ao pé de um aluno e metia-o a sofrer com um toque. Depois ria-se”, descreveu António Raminhos.

“Muitas vezes, não entendiam uma palavra minha, mas eu ria-me e eles riam-se! Tive mestres a medirem-se ao meu lado, o tamanho das mãos, dos meus pés, como se fosse uma ave rara. E quando lhes disse que no basket tinha amigos de 2m10 exclamaram naquele japonês surpreendido: ‘ohhhhhhhhh’”, continuou António Raminhos.

António Raminhos referiu ainda que, nos treinos, repetiu “vezes sem conta coisas que achava que já sabia”: “É uma bela analogia da nossa própria vida. Às vezes, temos de passar pelos mesmos processos e ver o que ainda não fazemos bem. E isto não é voltar atrás, é continuar a aprender connosco e com os outros”.

“E é engraçado como aquele rigor marcial japonês se mistura com uma certa inocência. Acreditavam em tudo o que eu dizia! Um perigo! E eu ria-me e eles riam-se e depois torciam-me o braço”, disse ainda António Raminhos

António Raminhos acredita ainda que o Shorinji Kempo pode ser uma “boa ajuda” para quem lida com “a ansiedade, questões de autoestima, inseguranças”.

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