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Raminhos sobre o Japão: “Há uma cultura aqui para se ser perfeito, eficaz, sem falhas”

“Nada do que eu disse sobre o Japão é falso nem perde validade por eu falar sobre uma empresa com a qual trabalho”, esclareceu.

Ana Ramos
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António Raminhos tem estado no Japão nos últimos dias e partilhou, esta terça-feira, uma visão do país em relação à saúde mental, mas recebeu algumas críticas.

“É engraçado como num país tão educado e avançado a nível tecnológico está muito atrás, por exemplo, em relação a Portugal quando se fala de saúde mental. Há uma cultura aqui para se ser perfeito, eficaz, sem falhas”, começou por dizer o humorista.

“Pedem mil vezes desculpas e ficam atrapalhados quando não sabem resolver uma situação. Como se não houvesse alguém que lhes tivesse dito que é normal falhar. Têm uma das mais altas taxas de suicídio do mundo e vivem o fenómeno chamado de karoshi… indivíduos que, literalmente, trabalham até à morte devido ao stress, exaustão ou doenças relacionadas com o trabalho. Não param, não se cuidam… porque não é ético”, relatou António Raminhos.

“Vê-se isso no metro ao fim do dia. Todos completamente derreados. Nas lojas 7/11, aqueles pequenos supermercados sempre abertos, vendem-se camisas brancas e meias para eles comprarem e seguirem para o trabalho”, contou ainda António Raminhos, referindo que uma amiga que lá vive há dois anos lhe contou que, “a partir dos 10 anos, as crianças têm os dias completamente ocupados com aulas, atividades com constantes avaliações e uma pressão enorme”.

“A própria estrutura hierárquica da sociedade japonesa, com um conceito de grupo, o ser diferente ou revelar que se é diferente é ser colocado à parte. Quando alguém se suicida no metro, o governo obriga a família a pagar um valor por causa do transtorno causado”, continuou António Raminhos.

“Portanto, neste #diainternacionaldasaúdemental não pensem que estamos assim tão mal. Há muito a ser feito entre todos nós, falar mais, procurar mais ajuda, ter mais condições, mas hoje pode ser até um bom dia para darem esse primeiro passo rumo ao vosso equilíbrio”, rematou António Raminhos, mencionando uma empresa da qual é parceiro.

Mais tarde, António Raminhos, depois de receber algumas críticas à sua publicação, decidiu pronunciar-se e esclarecer alguns pontos. Há dois anos, o humorista foi convidado a ser embaixador para a área da saúde mental da Multicare.

“Explicaram como é, óbvio, que é um seguro sim, mas que trabalham para que seja cada vez mais acessível e, acima de tudo, queriam a minha ajuda para divulgar uma cobertura que muitas pessoas nem sabiam que existia! Nesse sentido, pareceu-me bem e passei a fazer parte como embaixador para poder comunicar a quem tem seguro ou a quem pensa em ter que há esta valência… e é realmente proveitosa até para os próprios psicólogos que veem assim o seu trabalho mais reconhecido”, explicou António Raminhos.

“Ainda agora fiz um post sobre a saúde mental no Japão e no fim falo da Multicare e há gente muito ofendida. Mas nada do que eu disse sobre o Japão é falso nem perde validade por eu falar sobre uma empresa com a qual trabalho”, sublinhou António Raminhos.

“Porque é que uma pessoa se torna um vendido? Ou um falso? Faço um podcast sobre saúde mental há dois anos que pago do meu próprio bolso e não há gente ofendida com isso – atenção não me estou a queixar e continuarei a fazê-lo. Crio conteúdos e sketches sobre a saúde mental onde recebo ‘bola’ por isso… e continuarei a fazê-lo”, afirmou António Raminhos.

“Partilho a minha história, expondo-me e, às vezes expondo coisas que ainda me são dolorosas e continuarei a fazê-lo porque acho importante e faz sentido. Vou a instituições falar com utentes e colaboradores, dedicando o meu tempo, sem pedir nada em troca… e continuarei a fazê-lo. Uma coisa não invalida a outra”, garantiu António Raminhos.

“Durante muito anos foi a minha irmã que me pagou o psicólogo no privado, tive essa sorte. Hoje continuo a fazer no privado porque sim, no SNS não é fácil, e isso foi mais uma razão para poder comunicar esta ideia da cobertura de saúde mental porque me parece genuinamente boa”, declarou António Raminhos.

“O ideal era que todos tivessem acesso a ela. Pode ser que um dia assim seja”, rematou.

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