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Príncipe Harry sobre afastamento da Família Real: “Não tenho arrependimentos”

Alexandra Gomes
6 min leitura

Harry deu um tocante testemunho no seu novo programa sobre saúde mental na Apple Tv+, onde falou sobre a morte da princesa Diana, o consumo excessivo de álcool, os ataques de pânico e o afastamento da família real.

O príncipe Harry, de 36 anos, em parceria com Oprah Winfrey, criou um novo programa sobre saúde mental na Apple Tv+, no qual deu esta quinta-feira, dia 20 de maio, um tocante testemunho sobre os ataques de pânico que sofreu enquanto estava com a família real, sobre a forma como lidou com a morte da mãe, o consumo excessivo de álcool e sobre a decisão de se afastar da família.

A princesa Diana, mãe de Harry e William, perdeu a vida num polémico acidente de viação em 1997 quando o duque de Sussex tinha apenas 12 anos. No funeral, foi pedido aos filhos de Lady Di que caminhassem atrás do caixão. “Aquilo de que mais me lembro é o som dos cascos dos cavalos ao longo do caminho. Mas nessa altura estávamos ambos em choque. Era como se estivesse fora do meu corpo… Apenas estava a caminhar e a fazer aquilo que se esperava de mim, a mostrar um décimo da emoção que toda a gente estava a mostrar”, disse o jovem.

Seguiu-se à morte da mãe um período mais negro na vida do príncipe.  “Estava disposto a beber, a consumir drogas, estava disposto a experimentar coisas que me levassem a sentir menos o que estava a sentirVia-me a beber, não porque gostava, mas porque estava a tentar esconder algo“, contou.

O duque revelou que chegou a ter ataques de pânico: “Todas as vezes que vestia um fato e uma gravata e tinha um papel a desempenhar… Antes mesmo de sair de casa estava a transpirar com a minha camisola, o batimento do meu coração estava… em modo de alerta. Ataques de pânico, ansiedade severa – dos 28 aos 32 a minha vida foi um pesadelo…“. Harry explicou ainda que sempre que via uma câmara “começava a transpirar” e sentia que a sua temperatura corporal “estava dois ou três graus acima de toda a gente na sala”.

Da família real, o jovem não recebeu o apoio que precisava. “Pensava que a minha família ia ajudar, mas cada tarefa, pedido, aviso, o que quer que fosse, foi recebido com silêncio ou negligência total… Membros da família disseram para entrar no jogo, que a vida seria mais fácil, mas ainda tinha muito da minha mãe dentro de mim. Sinto-me fora do sistema, mas ainda estou preso lá. A única forma de te libertares é contares a verdade… Não estava num ambiente onde era encorajado a falar sequer. Era como se fosse esmagado”, contou Harry.

Depois de casar com Meghan Markle, o duque de Sussex revelou que chegou a acordar com o choro da mulher a meio da noite. “Por causa das manchetes e do esforço combinado da Firma [nome usado para designar a realeza britânica] e dos meios de comunicação para mancharem a imagem dela, acordava a meio da noite com ela a chorar na almofada porque não me queria acordar pois já carregava um peso demasiado grande… Foi de partir o coração. Segurei-a, conversámos e ela chorou, chorou e chorou“, recordou.

Sobre o afastamento da Família Real, Harry não está arrependido: “Não tenho arrependimentos, é incrivelmente triste, mas não tenho arrependimentos agora que estou num lugar onde sinto que deveria ter estado há quatro anos… Não tenho dúvidas de que a minha mãe ficaria muito orgulhosa de mim, estou a viver a vida que ela queria… Continuo a ser pessoa que era, mas agora sou uma melhor versão. Sinto que era para isto que estava destinado”.

Ainda sobre a morte da mãe de Harry e William e na sequência de um inquérito feito à entrevista que a princesa Diana deu ao jornalista Martin Bashir, da BBC, em 1995, o duque de Sussex emitiu um comunicado elogiando a mãe e condenando as práticas utilizadas para conseguirem a entrevista: “A nossa mãe era uma mulher incrível que dedicou a sua vida a ajudar os outros. Era resiliente, corajosa e inquestionavelmente honesta. O efeito em cadeia da cultura de exploração e de práticas pouco éticas, numa última instância, tiraram-lhe a vida”.

“Para aqueles que assumiram algum tipo de responsabilidade, obrigado por o fazerem. Este é o primeiro passo para a justiça e a verdade. Ainda assim, o que me preocupa profundamente é este tipo de prática – ou ainda pior – que continuem a ser usadas hoje em dia. Na época e agora, é superior a um meio de comunicação, uma empresa de media, uma publicação… A nossa mãe perdeu a vida por causa disto, e nada mudou. Ao proteger o seu legado, protegemos toda a gente, e aumentamos a dignidade com a qual viveu”, concluiu.

De recordar que foi concluído que o jornalista recorreu a documentos bancários falsos para convencer a mãe de Harry a dar a entrevista.

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