fbpx

Pedro Chagas Freitas reflete: “Não somos pessoas quando nos aproveitamos da debilidade do outro para ganhar força”

"Quando deviam ter mais voz, quando deviam ser mais ouvidas, as pessoas são silenciadas, somos todos surdos perante os mais velhos."

Ana Ramos
2 min leitura
Facebook

Pedro Chagas Freitas fez uma reflexão sobre o envelhecimento, esta quinta-feira, nas redes sociais, partindo do caso de José Castelo Branco e Betty Grafstein.

“Não sei se José Castelo Branco é culpado ou inocente. Essa é uma questão que será dirimida nos lugares próprios. Este texto não é sobre ele”, começou por referir o escritor no Instagram.

“Este texto é sobre a discussão que está por debaixo da espuma da notícia. Sobre a maneira como tratamos os mais velhos. Mais ainda: sobre a maneira como não tratamos os mais velhos. A idade invisibiliza-nos. Aos poucos, vamos ficando menos visíveis”, continuou Pedro Chagas Freitas.

“A idade paralisa-nos. É uma doença social. A idade incapacita-nos socialmente. Os mais velhos continuam capazes, sabem muito, tanto, sobre tanta coisa, mas são desprezados. É como se o passar dos anos nos tornasse cada vez mais transparentes, uma ilusão que não é ótica, é estrutural”, escreveu Pedro Chagas Freitas.

“Quando deviam ter mais voz, quando deviam ser mais ouvidas, as pessoas são silenciadas, somos todos surdos perante os mais velhos. Desvalorizamos o que dizem, o que pensam. Não temos paciência para as suas histórias, para as suas perceções”, comentou Pedro Chagas Freitas.

“Pior do que não ter voz, mais doloroso do que não ter voz, é ter uma voz que ninguém ouve, é gritar para o vazio. Imaginar a quantidade de velhos que são maltratados em silêncio, em surdina, sem poderem responder, dependentes de uma migalha de compaixão, é excruciante, desumano, aperta as entranhas, estala os ossos”, descreveu Pedro Chagas Freitas.

“Não somos pessoas quando nos aproveitamos da debilidade do outro para ganhar força, para exercer poder, para de alguma maneira tirar dividendos da fragilidade alheia. O mais fraco é que manipula, oprime, usa, os mais fracos”, rematou Pedro Chagas Freitas.

Relacionado: