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Nuno Markl recorda papel da rádio no 25 de Abril: “Acho tudo mágico”

"E também adoro, em todas as gravações radiofónicas do 25 de Abril, a cápsula do tempo que são de uma Rádio que já é rara."

Ana Ramos
4 min leitura

Nuno Markl assinalou o 25 de Abril, esta quarta-feira, nas redes sociais, sublinhando o papel da rádio nesta revolução.

“Enquanto pessoa que ama a Rádio, o facto de o 25 de Abril começar na Rádio fascina-me desde sempre. Todos os anos ouço estas gravações, a começar por esta. Acho tudo mágico, desde o tema do Hawaii Five-O a servir de base instrumental, ao quão épica soará sempre a entrada de ‘E Depois do Adeus’”, começou por referir o locutor no Instagram.

“Dou por mim a imaginar os ouvidos atentos nos quartéis, tudo a começar neste exato instante”, continuou.

“E também adoro, em todas as gravações radiofónicas do 25 de Abril, a cápsula do tempo que são de uma Rádio que já é rara: a Rádio em que seres humanos trabalhavam madrugada dentro, em direto, na mais elementar e afetiva missão da Rádio: ser companhia, dar alma à noite… e lidar com uma Revolução em curso, se fosse caso disso”, comentou Nuno Markl.

Mais tarde, Nuno Markl recordou ainda: “A história de como ‘Grândola, Vila Morena’ foi senha da Revolução é um pequeno thriller em si mesmo”.

“O Público publica hoje um ótimo artigo sobre toda a aventura – Verdade e Encenação na Transmissão Radiofónica da Grândola Como Senha – e desde o encontro secreto entre o jornalista Carlos Albino, ligado aos militares, e o produtor do programa ‘Limite’, da Rádio Renascença, Manuel Tomás, na Igreja de São João de Brito, até ao suspense de conseguir enganar o censor de serviço e assegurar que a gravação ia sem atrasos para o ar, é uma pequena grande aventura”, descreveu Nuno Markl.

“Leite de Vasconcelos gravou a voz da emissão, sem saber que estava a ser um protagonista da História. ‘- Porque não me disseste?’ – perguntou ele, horas depois, ao companheiro de trabalho, Manuel Tomás. ‘- Não te disse para te proteger a ti e à tua família’ – respondeu o amigo – ‘Vem para cá’. Este vídeo simbólico, encenando a emissão da noite, seria filmado no dia seguinte, para que o acontecimento ficasse registado em imagem nos arquivos da RTP”, mostrou Nuno Markl.

Noutra publicação, Nuno Markl lembrou também: “Às 4 da manhã, o comunicado escrito por Vítor Alves e lido por Joaquim Furtado”.

“Este som acompanha-me desde a infância; como é óbvio, não me lembro de nada do dia 25 de Abril de 74, porque tinha três anos; mas os meus pais tinham um LP fabuloso chamado ‘O Dia 25 de Abril – Diário da Revolução 1974’, que terá sido onde ouvi, pela primeira vez, este som, extraído da emissão do Rádio Clube Português, nas instalações onde hoje faço rádio”, contou Nuno Markl.

“Quando, muitos anos mais tarde, estudei jornalismo no CENJOR, acabei a conhecer o grande Joaquim Furtado. Eu e a Catarina, perto dos 20 anos, estávamos a fazer um trabalho para o curso e fizemos uma pausa na casa dela para lanchar. Joaquim, sempre simpático mas sarcástico: ‘Então isto é que são repórteres, aqui sentados a lanchar, em vez de estarem na rua?’”, relatou Nuno Markl.

“Acho que foi aí que percebi que, de facto, ser jornalista não era o meu destino – ali estava à minha frente, enquanto eu degustava uma sandes e um sumo, um jornalista a sério e, ainda por cima, o que anunciara ao país que tudo mudara naquela madrugada”, completou Nuno Markl.

Saiba mais aqui sobre o papel da rádio na Revolução dos Cravos.

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