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Nuno Markl perde o amigo Jorge Costa: “Passou pela minha vida como uma estrela cadente”

Duarte Costa
4 min leitura
Instagram

Nuno Markl recordou os momentos difíceis que o amigo viveu, fruto da doença de que sofria e do facto de, numa certa fase, ter sido sem-abrigo, e manifestou o desejo de realizar uma série ou um filme que conte a história de Jorge Costa.

“Morreu o Jorge. Passou pela minha vida como uma estrela cadente – fugaz, mas com luz intensa. Descobri-o quando descobri a Mensagem de Lisboa, o belo jornal online da cidade em que nasci”, escreveu Nuno Markl, esta quarta-feira, na rede social Instagram.

“O Jorge Costa – na altura apenas uma silhueta anónima ao pé de um nome, nas Crónicas de um Sem Abrigo – foi um homem que perdeu tudo: trabalho, teto, dignidade. Mas tendo ele estado do outro lado, o das pessoas que tiveram uma vida dita normal e que viraram a cara a tanto sem abrigo que com elas se cruzou na rua, assim que se viu do lado de quem nada tem e que não só precisa de dinheiro mas de empatia, decidiu escrever a sua saga numa série de crónicas arrebatadoras”.

“Fiquei agarrado. A escrita do Jorge, viva, fresca, tragicómica, era a aventura definitiva de um peixe fora de água: um homem como nós, obrigado a dormir na Gare do Oriente e arredores, ao relento, a lutar por espaço, por comida, por tudo. A tentar sobreviver”.

“Senti que tinha de adaptar as Crónicas de um Sem Abrigo. Para uma série? Para um filme? Não sei. Sei que falei com as boas pessoas da Mensagem de Lisboa, e que tivemos uma reunião com o Jorge. Pouco mais velho do que eu, fã de música e de cinema, colecionador de argumentos do Tarantino e agora – graças à boa vontade de leitores das suas crónicas – a viver debaixo de um teto humilde (mas um teto!) e a escrever os textos finais da sua aventura num computador cedido por uma leitora”.

“Senti-o feliz com a ideia de transformar As Crónicas numa ficção baseada numa dura e por vezes surreal realidade. Envolvi entretanto a Filipa Amaro, que conheci quando fiz uma pequena participação na série dela, Frágil. Pareceu-me a pessoa ideal para ajudar a transformar as crónicas da vida do Jorge nas ruas numa história audiovisual digna. Também ela se empolgou com a escrita dele”.

“Não cheguei a apresentá-los. Não tivemos tempo. O Jorge tinha uma doença grave que o tempo nas ruas agravou, e apesar do entusiasmo dele neste projeto, o corpo já fraquejava e hoje partiu. Não irá ver o filme ou a série que fizermos da sua história, mas deixou-nos tanto com que trabalhar. Incluindo a alegria de acreditar que isto vai acontecer. Obrigado, Jorge. Boa viagem. E para nós, mãos à obra”, acrescentou ainda Nuno Markl.

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