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Nuno Markl: “Já olho para o X branco em fundo negro como uma espécie de nova suástica”

“Estas pessoas não são chungaria básica. É gente com discurso refinado, letrada, orgulhando-se do seu racismo como se o racismo fosse uma corrente de pensamento aceitável e digna de pertencer ao debate público."

Ana Ramos
3 min leitura
Instagram/X/Twitter

Nuno Markl partilhou, esta quarta-feira, com os seguidores uma reflexão sobre o Twitter/X.

Elon Musk adquiriu a rede social Twitter no ano passado e anunciou, em julho deste ano, que iria mudar, gradualmente, o nome e o logótipo desta plataforma para “X”.

“Sou um lurker [alguém que lê as discussões em fóruns, grupos de notícias, chats, etc., mas nunca ou raramente participa de forma ativa] do X. Sou-o desde que o ‘Taskmaster’ começou, ainda aquela chafarica se chamava Twitter, porque adoro ver as reações em tempo real dos fãs do programa”, começou por escrever Nuno Markl.

“É o lado bom daquilo. Sou bastante criterioso com o que sigo ali e ainda mais agora que aquilo é um aterro de ódio a céu aberto”, comentou Nuno Markl.

“Ontem cruzei-me com uma mensagem bem intencionada de alguém que denunciava uma série de perfis racistas portugueses, na vã esperança que a plataforma os extermine – o que, claramente, não vai acontecer. E atenção: quando digo ‘perfis racistas’ não estou a levar a cabo exageros ou hipérboles – eles usam a palavra racista ao peito com orgulho. Entre as respostas a esse tweet encontravam-se as de vários outros perfis assumidamente racistas, provocando e regozijando-se com a divulgação de perfis novos para seguir”, descreveu Nuno Markl.

“Estas pessoas não são chungaria básica. É gente com discurso refinado, letrada, orgulhando-se do seu racismo como se o racismo fosse uma corrente de pensamento aceitável e digna de pertencer ao debate público”, continuou Nuno Markl.

“Como é óbvio, todos contentes e saídos da casca, louvando Elon Musk como o herói que lhes deu a liberdade para assumirem o seu ódio e poderem propagar algumas das alarvidades mais violentas que me passaram pelos olhos. Estamos a falar de sujeitos que lançam chistes jocosos sobre a morte de africanos, que trocam literatura sobre a sua doentia ideologia como eu troco dicas de filmes com pessoal do Letterboxd”, explicou Nuno Markl.

“Pode ser o poder da sugestão, mas eu já olho para o X branco em fundo negro como uma espécie de nova suástica”, afirmou.

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