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Morreu o fadista Carlos do Carmo

A Televisão
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Morreu o fadista Carlos do Carmo hoje de manhã no hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Segundo avança o Expresso, Carlos do Carmo morreu esta manhã no hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde tinha dado entrada ontem com um aneurisma.

Filho de Alfredo de Almeida, comerciante de livros e, posteriormente, proprietário da casa de fados O Faia, e de sua mulher, a fadista Lucília do Carmo, Carlos do Carmo nasceu na Maternidade Magalhães Coutinho, e passou a infância no bairro da Bica.

Estudou no Liceu Passos Manuel, antes de partir, com 15 anos de idade, para a Suíça. Neste país frequentou o Institut auf dem Rosenberg, um colégio alemão situado em São Galo, durante três anos, tendo oportunidade de estudar línguas estrangeiras, tornando-se fluente em francês, inglês, alemão, italiano e espanhol. Depois, já em Genebra, obteve um diploma em Gestão Hoteleira.

Carlos do Carmo, completou em dezembro 81 anos, é, segundo a “Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX”, uma “figura marcante no estabelecimento de mudanças na tradição fadista“, sendo uma das “suas maiores referências, com reconhecimento nacional e internacional”.

Carlos do Carmo cresceu num ambiente fadista. e em 1963 gravou um fado da sua mãe, “Loucura”, num disco do Quarteto de Mário Simões.

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Carlos do Carmo revelou, ao longo da carreira, “uma voz límpida e uma dicção clara cuidadosamente ajustada ao sentido dos poemas”, segundo a Enciclopédia dirigida pela etnomusicóloga Salwa Castel-Branco, onde se lê ainda que as alterações que fez no fado foram influenciadas pelos seus gostos musicais que incluem referências da bossa nova, de Frank Sinatra e Jacques Brel, de quem gravou “La valse a mille temps”.

Depois do 25 de Abril, tornou-se “o representante máximo do fado novo”, de acordo com a mesma fonte.

Foi, por duas vezes, agraciado pela Presidência da República com graus honoríficos — no final da década de 90, mais precisamente, a 4 de setembro de 1997, o Presidente Jorge Sampaio atribuiu-lhe o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique. Posteriormente, a 28 de novembro de 2016, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa fê-lo Grande-Oficial da Ordem do Mérito, distinção que lhe foi entregue em cerimónia realizada a 3 de dezembro de 2016.

Recebeu diversos outros prémios, atribuídos pelos seus álbuns ou pela sua carreira — em 1991, a Casa da Imprensa, entrega-lhe o prémio Prestígio, no âmbito da Grande Noite do Fado. Em 1998, a SIC e a revista Caras atribui-lhe o Globo de Ouro de Excelência e Mérito; uma distinção que antes tinha sido atribuída a Mário Soares, David Mourão-Ferreira ou Ruy de Carvalho. Já em 2002, o álbum Nove Fados e Uma Canção de Amor, valeu-lhe um Globo na categoria de Melhor Disco do Ano.

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Em 2003, recebeu o Prémio José Afonso, atribuído pela Câmara Municipal da Amadora, na sequência do qual foi publicado o livro Carlos do Carmo, do Fado e do Mundo, uma entrevista biográfica realizada por Viriato Teles.

Em 2004, o então Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Pedro Santana Lopes, atribuiu-lhe a Medalha de Mérito Municipal, de grau ouro, o mais elevado.

Grammy Latino

Em 2014, torna-se, a par da soprano Elisabete Matos, no segundo artista português a ganhar um Grammy, obtido na categoria Lifetime Achievement, entregue apenas aos artistas pelo conjunto da obra que produziram ao longo da sua carreira e não devido ao êxito que lograram com determinada canção ou álbum. No mesmo ano, a 19 de novembro, o fadista recebe o Grammy Latino de Carreira, no Hollywood MGM de Las Vegas.

Na sequência do prémio volta a ser homenageado pela Câmara Municipal de Lisboa, que lhe outorga, pela mão de António Costa, uma nova Medalha de Mérito Municipal.

Também a Rádio Comercial lhe prestou uma singular homenagem, ao produzir um vídeo onde 35 cantores portugueses de diferentes gerações cantam Lisboa Menina e Moça, entre eles Paulo de Carvalho, Jorge Palma, Rui Reininho, Camané, Mariza, Ana Moura, Tiago Bettencourt ou David Fonseca.

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