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Marluce Silva questionada: “Nunca duvidaste da inocência do Carlos [Cruz]?”

"Acho que, hoje em dia, 90% acredita na inocência dele."

Ana Ramos
7 min leitura
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Marluce Silva esteve à conversa com Manuel Luís Goucha, esta quata-feira, na TVI, e falou sobre o processo Casa Pia e a forma como impactou a vida da sua família.

“Foi um terramoto, foi pior do que um terramoto, sei lá o que foi. Foi uma maldade muito grande e foi uma falta de justiça incrível em todos os sentidos”, afirmou a ex-companheira de Carlos Cruz.

“Não houve investigação no computador, não houve investigação em telefone, não houve nada! Prenderam, pronto, porque tinham de prender e acabou”, comentou Marluce Silva.

“Nunca duvidaste da inocência do Carlos?”, questionou Manuel Luís Goucha. “Nunca”, respondeu Marluce Silva.

“Condenaram-no com uma coisa que é ressonância da verdade. Não é verdade, é a ressonância. Então, houve aí uma falha muito grande, perigosa até para o povo português, porque tu podes ser acusado, eu posso ser acusada, qualquer um… Mas não deixaram provar! É isso que o Tribunal Europeu quer que o tribunal português faça, que é deixe falar, deixe provar, mas o tribunal português não aceitou ainda, mas já voltou a reclamação para o Tribunal Europeu. Eles têm de aceitar, porque senão não existiria o Tribunal Europeu”, explicou Marluce Silva.

“Mesmo que ele não ganhe, ele tem filhos e tem netos, isso não vai ficar assim… É que foi horrível! Até podiam ter inventado tráfico de droga, tráfico de arma, de qualquer coisa – que não era verdade também, mas que era mais bonito do que uma coisa tão horrorosa para uma pessoa que é um humanista como o Carlos”, considerou Marluce Silva.

Marluce Silva contou que a família também sofreu nessa fase: “As pessoas escreviam cartas para a Marta, diziam coisas feias à Marta e a mim era tudo o que estava ligado aos meus filhos. A Raquel [Rocheta] passou muito também. Então, tudo o que estava ali me fez sofrer muito”.

“Depois, as notícias, aquilo era uma injustiça, era de uma maldade, era de uma crueldade… dois anos seguidos, era tudo, do pé ao cabelo diziam tudo. Era ridículo, era humilhante! Aquilo magoou muito, porque eu sabia que era tudo mentira, eu sabia que era maldade, eu sabia que era inveja. Eu sabia que muita gente estava ganhando dinheiro nos jornais e nas revistas à custa daquilo”, continuou Marluce Silva.

“Acho que alguém, por inveja, maldade, ciúme, lançou isso. Mataram em vida! Vinganças, depois, aproveitamentos de invejas, aproveitamentos de ciúmes… de pessoas que trabalharam com ele não conseguiram ir mais além, porque o Carlos era muito correto e muito duro com o trabalho dele, por isso é que ele conseguiu chegar onde chegou, ele só realmente dava lugar a quem merecia, não a outras pessoas”, acredita Marluce Silva.

Marluce Silva recordou que toda a situação lhe deu “uma revolta muito grande”: “Depois, era assim, eu saía à rua, pessoas que eram da minha casa, que comiam na minha casa, que dormiam na minha casa, que nos convidavam para tudo o que era lado olhavam para nós, viravam a cara, atravessavam a rua… mas isso muitas vezes”.

“O meu correio ficou vazio… nem um convite para lado nenhum, o telefone deixou de tocar ninguém mais disse nada. Todo o mundo não queria ver-nos, a mim, à Marta e aquilo magoa. Magoa não só pelo facto do caso, mas das pessoas que diziam ser nossas amigas”, lembrou Marluce Silva, referindo, contudo, que pessoas que não a conheciam “começaram a gostar muito” de si e da sua família e a estar ao seu lado.

“A mim nunca me agrediram, pelo contrário, sempre me deram os Parabéns, sempre me elogiaram. Nunca houve nada de mal comigo. À Marta atacaram muito”, disse Marluce Silva, acrescentando que acabou por ir com a filha para o Brasil, nessa altura.

“A imprensa começa a atacar a Marta, a começar a divulgar coisas feias a respeito de uma menina de 18, 19 anos e eu disse: ‘Não, essa menina não pode ficar aqui. Se fizeram isso com o pai dela, se arrasaram com a nossa vida, então, uma menina que fica aqui com essa idade acabou’”, referiu Marluce Silva, indicando que estiveram a viver 10 anos no Brasil.

Quando lá chegou, Marluce Silva começou a fazer terapia: “Aqui era difícil fazer terapia, porque as pessoas estavam tão cheias… até os psicólogos estavam tão cheios de coisas que não sabiam se era verdade, se era mentira. Não sabiam como tratar de nós, mas lá eu consegui ter uma ótima psicóloga, fiquei muito amiga dela”. Foi por indicação da sua psicóloga que foi realizar um curso de desenvolvimento pessoal, primeiro, para se sentir melhor, mas, depois, começou “a pensar nas pessoas têm os problemas” que também teve e que não sabem como sair da situação.

Marluce Silva disse ter conseguido ultrapassar essa fase e acredita que a sua filha Marta também perdoou: “Acho que todos nós perdoamos. Não havia outro meio, senão nós estávamos acabados, nós tínhamos morrido, nós tínhamos tido doenças. Nós conseguimos sobreviver a isso tudo”.

“Eu acho que ele perdoou. O Carlos tem um bom coração. Ele está magoado e está querendo provar que não… Acho que, hoje em dia, 90% acredita na inocência dele, pelo que eu vejo, pelo que eu sinto, pelo que eu leio, porque já ficou tão descarado tudo. Aquele processo foi tão mexido, os meninos diziam, desdiziam, falavam, não falavam, outros diziam que tinham sido pagos, outros que não, então, acho que caiu na ‘descredibilidade’”, concluiu Marluce Silva.

Veja aqui, aqui e aqui uma parte da conversa.