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Mariana Vieira da Silva sobre deixar de ser ministra: “O telefone, de repente, deixa de tocar a um ritmo absolutamente incessante”

A ex-ministra da Presidência foi um dos rostos mais conhecidos dos portugueses na altura da pandemia da Covid-19.

Ana Ramos
6 min leitura
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Mariana Vieira da Silva foi ministra da Presidência no Governo de António Costa e terminou as suas funções recentemente, passando a ser deputada do PS. Esta quarta-feira, esteve na Rádio Renascença à conversa com ‘As Três da Manhã’ sobre a sua nova realidade.

A ex-ministra foi um dos rostos mais conhecidos dos portugueses na altura da pandemia da Covid-19, uma vez que conduziu muitas das conferências de imprensa que davam as novidades relativamente aos números da doença no país e às medidas que o Governo iria implementar. Com a mudança recente de Governo, que tem agora Luís Montenegro (Aliança Democrática – PPD/PSD; CDS-PP; PPM) como primeiro-ministro, Mariana Vieira da Silva passou a assumir a função de deputada do PS na Assembleia da República.

Foram oito anos, mais concretamente 3050 dias “de presença no Governo e isso é uma vida”, além de que representa “uma mudança de ritmo grande” na sua vida.

“O alívio é muito real, porque o telefone, de repente, deixa de tocar a um ritmo absolutamente incessante a que tocava e isso faz muita, muita diferença. Deixam de bater à porta do meu gabinete para entrar. Isso faz uma grande diferença”, comentou Mariana Vieira da Silva.

“Trabalham-se muitas horas mas essa não é a principal questão. A principal questão é que há uma obrigação de estar sempre ligado, de poder sempre atender o telefone, a qualquer hora”, descreveu Mariana Vieira da Silva.

“É uma mudança de ritmo muito acelerada e estou aqui na fase da quebra da adrenalina”, acrescentou.

A partir de agora, Mariana Vieira da Silva vai poder mudar algumas rotinas: “Leio mais, posso nadar mais, posso estar mais com as pessoas e posso ter mais essa sensação de que ‘hoje é sábado e vou não olhar para o telemóvel durante um dia inteiro’. E isso é uma grande diferença”.

“Mas na política e na democracia nós precisamos mesmo de compreender que é tão importante quem está a governar como quem está do outro lado a opor-se e a propor uma alternativa. Este momento logo seguinte é que é uma grande alteração de vida e de ritmo”, afirmou Mariana Vieira da Silva.

Na rubrica “Desculpa, mas vais ter de perguntar”, Ana Galvão perguntou: “Como é que aguentou dar a cara por um Governo que passou por uma guerra, uma pandemia, um Eduardo Cabrita e um João Galamba?”.

“Dei a cara com muito orgulho e acho que consegui sempre e isso, como vocês as três sabem, é um desafio, que os momentos de comunicação fossem muito francos e muito verdadeiros e que, mesmo sendo uma Mariana menos sorridente e mais tensa, fosse eu e aquilo em que eu acredito a apresentar”, respondeu Mariana Vieira da Silva.

Algo que marcou Mariana Vieira da Silva nas funções como ministra da Presidência foi o tempo do confinamento: “É difícil fugir ao tema da pandemia, porque nós estivemos numa situação de choque e de limite tal que a sensação de ultrapassar, mesmo quando, às vezes, tínhamos de explicar coisas muito diferentes”.

“A capacidade que o país teve de ouvir os peritos em conjunto e tomar decisões com um nível de consenso muito elevado é sempre uma das coisas que me dá mais orgulho também talvez por ser das coisas e das decisões mais difíceis que tomámos”, sublinhou Mariana Vieira da Silva.

“Desde que Marcelo dissolveu o Governo, evita passar à porta do Palácio de Belém ou passa, abre o vidro do carro e grita: ‘Ó palerma, olha o que fizeste’?”, leu Joana Marques.

“Eu moro muito perto, portanto, evitar é muito difícil, posso ir a pé, mas de carro passo quase obrigatoriamente. Julgo que todos, incluindo o sr. Presidente da República, vamos viver períodos de instabilidade que nos vai fazer ter muitas saudades destes últimos três governos”, acredita Mariana Vieira da Silva.

“Ficou conhecida como o ‘Xanax do Costa’ pelo efeito calmante que tinha no primeiro-ministro. Quantas Marianas Vieiras da Silva são precisas para acalmar Pedro Nuno Santos?”, questionaram ainda ‘As Três da Manhã’.

“Acho que isso fica por muitos anos de trabalho conjunto. Não sei, a vida faz parte da política, essa sensação de tensão que vivemos permanentemente e acho que todos encontramos o nosso escape. Acho que o do Pedro Nuno é o kickboxing”, referiu Mariana Vieira da Silva.

Quanto ao futuro de Mariana Vieira da Silva, continuará a passar pela política: “Imagino-me na vida política durante muitos anos porque, na verdade, isto é o que eu gosto de fazer”.

“Tenho muito gosto em procurar soluções para os problemas que vou vendo, tenho uma espécie de vício, sempre que vejo uma notícia. Isso leva-me a pensar numa solução e eu tenho dito que, ao longo do tempo, fui percebendo que, mesmo quando estudei Sociologia, quando me preocupei com essas dimensões das políticas públicas, na verdade, tem essa dimensão de intervenção. Se não a tiver, acho que encontrarei muitas coisas para fazer que não são essa, mas gosto dela e, por isso, escolho ir para o Parlamento fazer oposição”, rematou Mariana Vieira da Silva.

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