Mafalda Rodiles e Gustavo Santos estiveram à conversa para o programa de Júlia Pinheiro, na SIC, transmitido esta terça-feira, e falaram sobre a paternidade e a maternidade.
A dada altura, a atriz falou sobre os seus pais, que “são super exigentes”: “Os meus pais não são de falar sobre sentimentos, não são de falar sobre emoções, não são de demonstrar. Nunca foram de abraços, de dizer ‘eu amo-te, eu gosto de ti’ ou ‘és incrível, eu tenho orgulho em ti’. Eu nunca ouvi estas coisas dos meus pais”.
Quando cresceu, Mafalda Rodiles acredita que teve “um bocadinho a coisa de querer ser diferente, mas não era só o querer da vontade”, sublinhando, contudo, que os seus pais “foram ótimos pais” e que “deram o melhor deles”.
“Sempre se preocuparam muito com isso e, para eles, achavam que era isto, o estudar comigo, fazer com que eu fosse a melhor. Até podiam não conseguir, mas conseguiram. Eu era sempre a melhor aluna da turma e isso deve-se muito a eles”, recordou Mafalda Rodiles, referindo que “queria agradá-los”.
Mafalda Rodiles afirmou que esta forma de ser tornou-a uma pessoa “muito independente”, até porque a mãe fazia questão de lhe lembrar, muito cedo, que, um dia, já cá não iria estar e, por isso, precisava de saber desenrascar-se: “Fiquei em pânico, chorei”.
“Ela pôs-me sempre muito isso da independência, por isso é que eu sou uma solucionadora. Sempre estive habituada a virar-me sozinha para aí desde os 15 anos”, continuou Mafalda Rodiles.
“Não era o querer agradar, mas era o querer ser vista. Ou seja, como eu vi que a minha mãe, por mais que eu fosse incrível e a melhor aluna e tal, para ela, era ok. Ela dizia-me: ‘Não é mais do que a tua obrigação’. E, depois, focava, se calhar, nas coisas não tão boas”, acrescentou Mafalda Rodiles, dizendo que a mãe era “realmente muito exigente”.
“Eu queria que a minha mãe me valorizasse. Depois, na terapia, eu percebi um bocadinho isso, porque foi inconsciente… eu queria ser vista, daí eu ter resolvido ser atriz, o ser muito independente, o ser a melhor”, contou Mafalda Rodiles.
Para Mafalda Rodiles, houve duas alturas da sua vida em que percebeu que pensava dessa forma: “A primeira foi quando eu percebi que tinha transtorno alimentar, que foi quando fui para o Brasil e, imagina, tu estás tão desfocado de ti que não percebes que tens um problema. E eu só percebi quando me vejo sozinha numa cidade, em que não estou a trabalhar, em que passo os dias sozinha e, aí, eu percebi que algo não estava certo”.
“Depois, quando engravido da Mel e passei a cuidar bem de mim, porque estou a gerar uma vida e começo, não sei, a olhar para mim. Quando eu engravido, transformo-me, porque eu deixo de fazer mal a mim própria”, rematou Mafalda Rodiles, que é mãe de Mel, de nove anos, e mais dois filhos.
Veja aqui uma parte da conversa.
