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Joana Barrios recorda a primeira amamentação: “Experiência terrível, complexa e dolorosa”

Duarte Costa
4 min leitura
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Joana Barrios assinalou a Semana Mundial do Aleitamento Materno, uma inicitativa que se realiza há três décadas e que tem como objetivo chamar a atenção para a importância do aleitamento materno na vida de uma criança.

Nesse sentido, Joana Barrios acabou por revelar detalhes sobre a sua própria experiência num longo texto que publicou na rede social Instagram.

“Tenho duas experiências totalmente distintas neste campo, proporcionadas pelo mesmo corpo, pelas mesmas mamas. Em 2014 foi uma experiência terrível, complexa, dolorosa e potencialmente traumática, não fosse ter a sorte de estar muito bem acompanhada. Em 2017, mesmo estando preparada para receber o que o corpo quisesse, não deixei de recear a impossibilidade de amamentar”, contou.

“O corpo é porém um lugar magnífico, e não tive um único percalço, mesmo tendo uma pequena tensão acrescida por causa das muitas intervenções cirúrgicas a que o meu mais novo foi sujeito ainda em tenríssima idade. Aprendi muitíssimo com cada uma das experiências e escuso-me de aconselhar seja quem for porque cada uma é um universo inteiro. Eu própria sou dois universos”, referiu.

“Amamentar é, se possível, a opção mais bela. Pela salubridade, pelo laço, pela possibilidade de se escutar o corpo e se perceber o quão magnífico é, pela possibilidade de deixar que o tempo se detenha ali naqueles momentos. Não é tudo poesia, não tem de ser um calvário”, considerou.

Joana Barrios sublinhou ainda que “o corpo da mãe, amamentando ou não, não é mercantilizável”. “Não é mercadoria. O corpo da mãe é autosuficiente, logo assustador em especial para a indústria alimentar. A incapacidade de amamentar em 2014 expôs a minha cena com a comida/gastronomia/alimentação (através do NHOM NHOM). A minha experiência é, como disse, paradoxal, e por isso acho que tenho aqui um lugar de fala dentro da comunidade”, acrescentou Joana Barrios.

“Nunca recebi qualquer tipo de apoio ou aconselhamento para o aleitamento ou para a impossibilidade de amamentar. Também não recebi pressões para amamentar ou para deixar de o fazer. Na minha experiência fora de portas este era um não-assunto que ao início achei até cool que não se falasse de nada disso, porque às vezes é chato quando falam a toda a hora da mesma coisa, mas depois percebi que era só bizarro que, em tantos locais oficiais, não se constituísse sequer enquanto assunto. Vai daí, eduquei-me. Porque me foi possível. Passaram quase oito anos e ainda falta informação, ainda falta partilha de informação”, lamentou.

“Falta partilha de histórias de terror que depois têm plot twists incríveis como nos livros da Agatha Christie e de contos de fadas e de realismo mágico e de poesia e de contos infantis, de fantasia, de ficção científica e claro, de biografias de grandes Amas de Leite. Falta espaço para as mães. Falta espaço para as crianças recém-nascidas. Falta tempo para as mães. Falta tempo para as crianças recém-nascidas. Falta acolhimento institucionalizado (e não sou eu a dizer, basta ler notícias), faltam meios, falta a ideia de que isto é mesmo um lugar lindo e que a comunidade no sentido lato do termo se envolve e protege a criança e a sua mãe enquanto ativos (sem a conotação capitalista primária do termo, mas também com ela, sim) essenciais ao/do planeta”, concluiu Joana Barrios.

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