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Inês Lopes Gonçalves emociona-se ao contar história sobre Sara Tavares: “Vamos ter muitas saudades”

"Ela acho que vai estar sempre, sempre ligada à vida deles, à nossa vida."

Ana Ramos
4 min leitura
Rádio Renascença/Facebook

Inês Lopes partilhou, na emissão desta segunda-feira da Rádio Renascença, uma história sobre Sara Tavares.

“Ontem, ficámos todos bastante comovidos com a morte de Sara Tavares”, começou por dizer a locutora, admitindo que está “triste e também é preciso assumir quando isso acontece”.

“O Ivo, que é o meu marido, tocou, durante muito anos, com a Sara Tavares. Há um dia, em 2015, no dia 3 de junho, o Ivo ia fazer o último concerto com a Sara, antes de os nossos filhos nascerem”, contou Inês Lopes Gonçalves.

“Ele tinha decidido que aquele era o último porque estava ali a aproximar-se a data do parto. Ele disse: ‘Ok, então, este é o último’. Era um concerto em Lisboa, na zona de Algés, e assim foi. À noite, até optei por não ir ao concerto porque já estava um bocadinho cansada”, recordou Inês Lopes Gonçalves.

“Estava em casa, o Ivo saiu para tocar e, passado para aí meia hora, 45 minutos, nem tanto de ele sair, bem, foi assim um rebentar de águas… assim à Hollywood mesmo. Então e agora? Ligo ao Ivo: ‘Ivo, passou-se isto’. E ele: ‘O quê? Não, é nada’. No outro lado diziam: ‘Com calma, isso ainda vai demorar imenso tempo’. Depois, liguei ao médico: ‘Olhe, estão aqui a dizer que, se calhar, ele tem tempo’. E ele: ‘Não, não. Ele não tem tempo'”, relatou ainda Inês Lopes Gonçalves.

Contudo, o companheiro de Inês Lopes Gonçalves estava a 10 minutos “de subir para o palco, para um concerto, para milhares de pessoas e não sabia o que fazer”: “Ele estava nervosíssimo. Andava de um lado para o outro, a levantar as mãos à cabeça: ‘E agora o que é que eu faço? Será que tenho tempo? Será que posso tocar? Será que dá para esperar duas horas?’”.

“Às tantas, a Sara apercebe-se de que estava ali uma agitação qualquer… e disse: ‘O que é que se passa?’. ‘Olha, passa-se isto: A Inês está no hospital, a bolsa rebentou, os miúdos vão nascer a qualquer momento’. E a Sara olhou para ele e disse só: ‘O que é que estás aqui a fazer? Vai-te embora’”, acrescentou Inês Lopes Gonçalves.

Inês Lopes Gonçalves considerou esse gesto “extraordinário, porque poucas pessoas fariam isto”: “E eu não condeno porque é um trabalho, obviamente. Eu percebo, é um concerto… De repente, um artista não tem de ficar privado de um dos músicos por esta razão”.

“Mas acho que isto revela muito do que era a Sara, da doçura que ela tinha. E foi muito bonito porque, depois, quando tocou esta canção, ela contou esta história, dedicou-a aos meus filhos. Percebemos isso porque começámos a receber muitas mensagens a dizer: ‘Bem-vindos! Parabéns’, etc. E, depois, apercebi-me da quantidade de coincidências”, destacou ainda Inês Lopes Gonçalves.

“Eu soube que estava grávida deles no dia do concerto dos 20 anos de carreira dela. E foi o primeiro festival onde eles foram, foi para ver a Sara. Ela acho que vai estar sempre, sempre ligada à vida deles, à nossa vida e vamos ter muitas saudades”, rematou Inês Lopes Gonçalves, visivelmente emocionada.