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Henrique Dias percebeu o impacto de “Pôr do Sol” quando “chegou à política”

"Foi muito estranho para nós ter a imagem do Rui e de pessoas que tatuaram a imagem do Rui nos gémeos", contou Henrique Dias.

Ana Ramos
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Henrique Dias, um dos criadores da série da RTP “Pôr do Sol”, esteve à conversa com Teresa Oliveira, na Rádio Renascença, esta quarta-feira, para falar sobre o sucesso do filme “Pôr do Sol: O Mistério do Colar de São Cajó”, que estreou nos cinemas na semana passada.

“Quando perguntam qual é uma das razões do sucesso do ‘Pôr do Sol’, para já, é a estupidez, porque acho que a estupidez é subvalorizada em Portugal. Acho que o Nicolau Breyner tem aquela frase genial de que o humor, para ele e para mim também, encontra-se ali num cruzamento entre a inteligência e a estupidez”, comentou.

“Em Portugal, ninguém liga muito à estupidez e deviam porque a estupidez é sempre um bom ponto de partida para muitas coisas. Acho que o facto de termos essa estupidez e de o José Fragoso e a RTP nos darem liberdade total foi uma das razões para as coisas correrem bem”, sublinhou Henrique Dias.

Além disso, Henrique Dias acredita que o facto de este trabalho ter sido feito “por pessoas que fazem novelas ajudou muito”: “A maior parte das coisas que vemos feitas que brincaram com novelas eram feitas por pessoas que não faziam novelas e isso pode parecer um pouco sobranceiro”.

“Eu tinha a convicção, o desejo de que a coisa fosse correr bem, era mais otimista, mas nunca pensei que a coisa ia chegar a este ponto. Foi muito estranho para nós ter a imagem do Rui e de pessoas que tatuaram a imagem do Rui nos gémeos. É uma coisa muito assustadora”, admitiu Henrique Dias.

Henrique Dias confessou que teve noção do impacto da série “quando chegou à política”: “Quando vi, numa comissão de inquérito, um deputado do PSD a falar dos Bourbon de Linhaça a dizer ‘Isto que se está a passar, sr. dr., é a mesma coisa que os Bourbon de Linhaça que têm um cavalo muito valioso, mas que corre para trás”.

“Depois, a Catarina Martins também falou, depois, no ‘Hemiciclo’ também houve alguém que disse: ‘Isto parece os Bourbon de Linhaça’. Fez-me lembrar as coisas do Herman, há uns anos, quando chegavam ao Parlamento. Acho que, quando chegam ao Parlamento e entram num discurso político, é o melhor sinal de que a coisa tomou uma proporção que não estamos à espera”, contou Henrique Dias.

Henrique Dias revelou ainda que a RTP pretendia que houvesse uma nova temporada da série: “Obviamente que a RTP, depois do sucesso, insistiu imenso connosco e queria e queria. Se fosse nos Estados Unidos, tinham-nos oferecido três milhões de dólares. Cá não. Aqui, não”.

Apesar de haver “melhores condições financeiras”, Henrique Dias e a equipa preferiram não continuar com a série e fazer o filme, de forma a não insistir demasiado em algo que tinha dado certo: “Pensamos, mas a questão era que o risco era grande e, acima de tudo, nós temos mais ideias. Eu, o Rui e o Manel vamos trabalhar em mais coisas, queremos fazer mais coisas. Não queríamos ficar aqueles atores, produtores e realizadores que ficam ligados eternamente a uma coisa”.

“Está feito. Correu muito bem e, depois, há uma coisa que o Manel diz muitas vezes e com razão: ‘Deixar saudades’. É uma coisa a que as pessoas não estão habituadas. Deixar saudades é bom”, rematou Henrique Dias.

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