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Goucha recorda entrevista a Mário Machado: “Uma conversa daquelas não cabe num programa magazinesco”

“Hoje, dou a mão à palmatória", reconheceu Manuel Luís Goucha.

Ana Ramos
4 min leitura
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Manuel Luís Goucha participou na XI Conferência e X Prémio de Comunicação Corações Capazes de Construir, da Associação Corações com Coroa, e foi moderador de um dos painéis. O apresentador recordou a entrevista que fez a Mário Machado.

O painel sobre “Que país pensamos ser?” tinha como oradores: Bárbara Reis, jornalista; Daniela Craveiro, socióloga; Joana Gonçalves de Sá, investigadora; e João Ferro Rodrigues, economista. A dada altura da conversa, a jornalista e redatora principal do jornal Público lembrou a entrevista que Manuel Luís Goucha fez a Mário Machado, militante neonazi, no “Você na TV!”: “Na altura, eu escrevi a criticar isso”.

Na opinião de Bárbara Reis, o papel do jornalismo é “desmentir e provar que as informações são falsas” e “não dar palco ao Mário Machado como se ele fosse um cidadão normal”.

Manuel Luís Goucha justificou: “Foram 15 minutos que me perseguem até hoje e eu tenho de me justificar. Não fui eu que convidei o Mário Machado para o ‘Você na TV!’, que era um programa magazinesco completamente diferente daquilo que faço hoje em dia, que são conversas de 50 minutos com um único convidado”. “Cheguei de férias e conversei com ele. Quando me foi colocada a questão se eu deveria conversar com ele, eu disse: ‘Por que não? Vou tentar fazer o contraditório, esgrimindo argumentos com ele’”, explicou.

“Hoje, dou a mão à palmatória: uma conversa daquelas não cabe num programa magazinesco, porque se perde ali entre uma canção e, depois, um tema avulso, quase supérfluo, como uma receita de gastronomia, por exemplo. Não houve uma VT, uma peça de enquadramento, para que se dissesse quem é aquele homem e porque é que já esteve na prisão. Dou a mão à palmatória: faltou isso”, admitiu Manuel Luís Goucha.

De acordo com o apresentador, uma conversa do género teria “cabimento, por exemplo, numa conversa longa num programa da noite para se combater as suas ideias ou num informativo”, de forma a “se combater as suas ideias”.

“Acho que é no palco do mediatismo televisivo ou no palco de uma entrevista na imprensa que se combatem os argumentos. Porque estas pessoas não precisam destes meios de comunicação porque têm as redes sociais. O Trump vence porque tem as redes sociais”, comentou Manuel Luís Goucha.

“Se não tivermos a coragem de os combater no palco da discussão e dos argumentos, então, eles conseguem, por outra via, chegar lá. Agora, dou, sim senhor, a mão à palmatória: não o devia ter feito num conceito magazinesco”, reconheceu o comunicador.

“Já conversei com André Ventura no âmbito das eleições presidenciais, tal como conversei com todos os outros candidatos e, na altura, os do Chega acusaram-me de comunismo e os comunistas acusaram-me de fascismo… Portanto, tudo bem”, rematou Manuel Luís Goucha.

O moderador do painel falava com os convidados sobre o tipo de democracia que existe em Portugal e ainda sobre o “distanciamento da política”: “Será que a nossa democracia é madura e resistente a todos os riscos? Teremos, realmente, essa democracia que muitos pensamos ter?”.

Veja aqui a conversa completa.