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Após ver entrevista ao bispo Américo Aguiar, Leonor Poeiras mostra-se indignada: “Se não fosse grave, eu ria”

"É grave que tenha existido um", disse o bispo.

Ana Ramos
5 min leitura
SIC

Leonor Poeiras mostrou-se, esta segunda-feira, nas redes sociais, indignada com uma notícia sobre abusos sexuais na Igreja e com a entrevista realizada ao bispo de Setúbal, Américo Aguiar, na SIC.

“Mais de metade dos padres suspensos por suspeitas de abusos sexuais voltaram ao ativo. Lista da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja levou ao afastamento de 14 padres, mas oito deles já voltaram ao ativo. Duas vítimas receberam apoio psicológico”, pode ler-se numa notícia partilhada pela antiga apresentadora nas stories do Instagram.

“‘Por falta de provas’, diz a Diocese do Porto. E no dia em que sai esta notícia, o bispo Américo Aguiar vai à televisão dar uma entrevista e deixar uma mensagem de Natal e não lhe perguntam sobre isto, lol. Se não fosse grave, eu ria”, comentou Leonor Poeiras.

Durante a entrevista, Américo Aguiar afirmou que “desde 2019 até agora as coisas têm evoluído positivamente”: “Eu acho que é importante também termos consciência que não está tudo feito, mas há muito caminho que foi feito e ainda bem que foi feito”.

“Primeiro, passados estes anos, as vítimas têm o lugar que devem, que é de prioridade na nossa preocupação. Segundo, a dor não prescreve! Não me venham cá com direitos canónicos, nem com leis, porque para quem viveu, infelizmente, essa situação não há prescrição. Depois, são feridas eternamente a serem tratadas, não há medicação que resolva e que sane na totalidade essas feridas. Temos de ter consciência disso”, afirmou Américo Aguiar.

“Nós temos de felicitar homens e mulheres que têm coragem de abrir o seu coração para contar o que aconteceu porque é muito difícil. Colocar sempre na prioridade a atenção do acolhimento e do carinho as pessoas que têm a coragem de abrir o seu coração”, continuou o bispo Américo Aguiar.

“Aqui, é importante que a Conferência Episcopal tenha desencadeado um processo com a Comissão Independente para sabermos, termos consciência da realidade do passado e assumir esse passado”, sublinhou Américo Aguiar.

“Ficou surpreendido com os resultados?”, questionou Júlia Pinheiro.

“Surpreendido, sim, porque mais do que um é grave. Depois, podemos discutir os números e as extrapolações, mas acho que isso não interessa nada. É grave que tenha existido um, ainda para mais mais do que um como, infelizmente, se constatou”, considerou Américo Aguiar.

O bispo de Setúbal, Américo Aguiar, recordou ainda que, há dias, “as autoridades publicaram os dados do último ano”: “Em Portugal, estamos a viver, por ano, mil e tal casos de abusos de menores e nós temos de alertar a sociedade transversalmente que isto não pode acontecer e não pode acontecer, em primeiro lugar, por parte das gentes da Igreja, como é óbvio, mas não pode acontecer, de todo”.

“Portanto, mil e tal casos por ano, alguma coisa não está a funcionar”, disse Américo Aguiar.

Sobre o futuro, o bispo Américo Aguiar defendeu que é importante trabalhar “todos em rede de maneira a fazer a prevenção”: “Naquilo que depende nós, prevenir que isto não aconteça, seja na educação para os sinais na parte das crianças e dos jovens; seja na educação para a atenção na parte de quem trabalha com crianças; seja na atenção daqueles que formam os sacerdotes, os agentes pastorais, os professores, os desportistas e todas as outras áreas profissionais de maneira a que também humanamente sejamos capazes de sinalizar estas situações de modo a que elas não ocorram”.

Américo Aguiar indicou que as comissões diocesanas já estão também “a fazer um trabalho mais articulado”, com profissionais de várias áreas.

Sobre as eventuais indemnizações a vítimas, Américo Aguiar defendeu que “cada pessoa deve, com o seu bispo, com a sua diocese, apresentar a sua situação, que deve ser trabalhada e correspondida de acordo com a realidade de cada pessoa”. Contudo, explicou que os bispos portugueses, o Grupo Vita e as comissões diocesanas estão a trabalhar para que o valor “não seja arbitrário, para que tenha alguma linha de coerência”.

Veja aqui uma parte da conversa.

Leonor Poeiras
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