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TVI cancelou programa de ontem de Augusto Santos Silva e este acusa a estação de «censura»

Diana Casanova
5 min leitura
Augusto Santos Silva exerceu funções enquanto Ministro da Defesa Nacional no XVIII Governo Constitucional de Portugal © pensarlisboa.com
Augusto Santos Silva Exerceu Funções Enquanto Ministro Da Defesa Nacional No Xviii Governo Constitucional De Portugal © Pensarlisboa.com
Augusto Santos Silva exerceu funções enquanto Ministro da Defesa Nacional no XVIII Governo Constitucional de Portugal © pensarlisboa.com

Foi na noite de ontem, às 22h, que estava previsto o programa de Augusto Santos Silva – Os Porquês da Política – ser exibido mas a TVI24 mudou a sua grelha «em consequência de acontecimentos da atualidade», nomeadamente a entrevista que Pedro Passos Coelhos concedeu à SIC. Este acontecimento «justifica, em nosso entender, a realização de um debate, com uma análise mais alargada», refere a estação em comunicado, destacando ainda que «este tipo de situação é comum nos canais de notícias do cabo».

Quem não concordou com a decisão foi o ex-ministro socialista que viu o seu contrato ser terminado unilateralmente pela TVI no passado mês de junho. Augusto Santos Silva acusa mesmo a estação de «censura», isto através de uma publicação na sua página de Facebook na tarde ontem, a qual transcrevemos em seguida.

Ora aqui estou de novo a dar os esclarecimentos que penso dever aos espectadores de ‘Os Porquês da Política’:
1. Nos termos da rescisão unilateral do contrato pela TVI, e tal como me foi explicitamente comunicado por escrito, a rubrica termina no próximo dia 28 de julho. Isto significa ser exibida hoje, 14, e nos próximos dias 21 e 28.
2. A última confirmação do dia e da hora da rubrica de que sou autor foi-me dada ontem à noite: seria hoje, às 22h00. Em consequência, preparei-me e desloquei-me do Porto para Lisboa.
3. Às 16h52, portanto a cerca de 6 horas do início da rubrica (que é emitida em direto), recebi um telefonema do Departamento de Agenda da TVI, comunicando-me que o programa Política Mesmo, em que a rubrica se insere, não seria exibido, sendo substituído por um debate sobre a entrevista do primeiro-ministro à SIC. Perguntei porquê, foi-me respondido que se tratava de uma decisão editorial.
4. Deixemos por enquanto de lado a má educação de tudo isto: eu, autor de ‘Os Porquês da Política’, vou ser impedido de realizar o meu próprio programa, de que sou responsável nos termos de um contrato de prestação de serviços que se encontra em vigor até ao fim de julho.
5. Isto tem um nome: censura. Censura é impedir administrativamente que alguém com direito à palavra a possa exercer, para que o conteúdo dessa palavra não seja acessível ao público. Não resta nenhuma espécie de dúvida: fui censurado pela TVI. 41 anos depois do 25 de abril, a censura está de regresso a Portugal.

Dada a justificação apresentada pela TVI em comunicado à imprensa, Augusto Santos Silva refutou os pontos referidos pela direção de informação do canal, tal como pode ler em seguida.

Li a justificação apresentada pela direção de informação da TVI sobre a decisão de cancelar, a meio da tarde de hoje, a minha rubrica ‘Os Porquês da Política’. A ver se compreendo:
1. Portanto, a direção de informação da TVI só hoje à tarde se deu conta de que o primeiro-ministro ia dar uma entrevista à SIC. Tem piada, devem ser os únicos portugueses que não estavam antecipadamente informados disso.
2. Portanto, a direção de informação da TVI entende que eu não poderia analisar a entrevista do primeiro-ministro à SIC. Tem piada, esse era naturalmente um dos temas já combinados entre (à luz do contrato) os únicos legítimos responsáveis pelo conteúdo da emissão: eu próprio e o jornalista que me entrevista.
3. Portanto, a direção de informação entende que, para certos temas de atualidade, a “análise” tem de ser “alargada” (cito do comunicado). Tem piada, nunca vi os comentários dos outros comentadores que comentam na TVI apenas em diálogo com os jornalistas – a saber, Marcelo Rebelo de Sousa e Manuela Ferreira Leite – serem removidos da antena com essa fundamentação.
4. Portanto, a direção de informação entende que se limitou a fazer uma alteração em função de um acontecimento pontual de atualidade. Tem piada, já tenho curiosidade de saber o que vai acontecer nas duas próximas terças-feiras.
5. Porque uma coisa é certa: eu tenho a obrigação contratual de assegurar ‘Os Porquês da Política’ nas duas próximas terças-feiras e tenciono cumprir essa obrigação.

Redatora e cronista