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Netflix vs Spielberg: Realizador não quer produções streaming nomeadas para Óscares

A. Oliveira
3 min leitura

As plataformas de streaming como a Netflix e a HBO vieram revolucionar a forma como os espectadores consomem produtos televisivos e cinematográficos, mas não só, também os habituais prémios para a ficção foram vítimas do abanão streamim.

Na opinião do conceituado realizador Steven Spielberg, realizador de filmes como The Post, as produções da Netflix não deveriam ser nomeadas para os Óscares, devendo ser apenas possível concorrerem a prémios como os Emmys.

O realizador quer mesmo impedir que volte a haver filmes da Netflix nomeados para os Óscares, contrariando assim o que aconteceu na edição deste ano com o filme Roma, de Alfonso Cuarón, que chegou a estar no topo das preferências para receber a estatueta para melhor filme.

Foi o site IndieWire, especializado na indústria cinematográfica, que deu conta da posição de Spielberg. Para o realizador as produções para o streaming deverão ser sujeitas a regras mais limitativas para poderem concorrer em igualdade de circunstâncias com as produções de Hollywood.

No entender de Spielberg, o facto dos filmes não entrarem num percurso comercial normal – com a audência de dados de audiência e dada a inesistência de bilheteira, cria uma situação de desigualdade. Aliás, o realizador defende até que as produções para streaming são “um tv movie”, razão que justifica a associação destas produções a prémios como os Emmy.

Atenta à polémica, que parece estar a surgir, a plataforma Netflix recorreu ao seu Twitter no passado domingo para se defender. “Adoramos o cinema. Outras coisas que adoramos: [permitir] o acesso a pessoas que nem sempre podem pagar [um bilhete de cinema], ou que vivem em cidades sem cinemas; permitir a todos, e em todos os lugares, desfrutar do acesso às estreias ao mesmo tempo; dar aos realizadores mais caminhos para partilharem a sua arte. E estas coisas não são mutuamente exclusivas”.

Já o ator e realizador Ben Affleck disse, à margem da promoção do filme Triple Frontier (Netflix), que “A Netflix está a ajudar a definir o futuro do cinema e da distribuição. Não há qualquer diferença entre fazer um filme para o Netflix ou fazê-lo para qualquer outro estúdio”.

Recorde-se que o tema que coloca frente a frente o circuito convencional do cinema, produção-distribuição-exibição, e as plataformas de streaming já fez aquecer os festivais de Cannes e de Veneza, com o festival francês a ignorar a nova forma de ver cinema (através do streaming), ao passo que Veneza consagrou com o Leão de Ouro o filme Roma, da Netflix.

O clima promete continuar a aquecer sobretudo pela Netflix se preparar para lançar The Irishman de Martin Scorsese ainda em 2019.