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Minissérie ‘Assédio’ mostra a denúncia contra os abusos de um médico

Diana Casanova
4 min leitura
Imagem: Globo/Ramón Vasconcelos

Um médico que dá vida onde há infertilidade. Que devolve sonhos a famílias sem esperança. Ícone da reprodução humana no Brasil, Roger Sadala (Antonio Calloni) conquista a confiança das pacientes com grande facilidade. Essa empatia inicial acaba por ser mais um elemento de confusão mental quando elas são abusadas e violadas ainda sob o efeito de medicamentos ou anestesia. Inédita em Portugal, a minissérie Assédio traz a história da união de mulheres que formaram uma rede para denunciar uma sequência de abusos sexuais cometidos por um médico bem-sucedido e respeitado. A trama, composta por dez episódios, tem estreia marcada para esta segunda-feira, dia 25 de novembro, às 23h20, na Globo, com exibição de segunda a sexta-feira.

Escrita por Maria Camargo e com direção artística de Amora Mautner, Assédio traz à tona um tema atual: a luta e a força das mulheres. “Vamos falar sobre essas mulheres que em algum momento deixam de ser apenas vítimas de assédio e violência sexual e passam a ser protagonistas das suas histórias. Elas representam esse mundo que está mudando. Vamos falar de uma sociedade que há muito tempo está calcada em um modelo machista de funcionamento, de coisas que são consideradas naturais e normais, e não deveriam ser. Os assédios e, sobretudo, os estupros e a violência sexual são o ponto mais radical desse funcionamento. Estamos falando de mulheres que são atacadas por um médico especialista em fertilização. São mulheres que estão com uma fragilidade emocional, que desejam muito um filho e se sentem fracassadas por não ter. Então recorrem a esse homem, como última esperança de realizar esse sonho”, explica a autora Maria Camargo.

Essas angústias, dúvidas, conquistas e desabafos são contadas através das histórias de Stela (Adriana Esteves), Eugenia (Paula Possani), Maria José (Hermila Guedes), Vera (Fernanda D’umbra) e Daiane (Jéssica Ellen). A atriz Adriana Esteves interpreta uma das vítimas do doutor Roger Sadala. “A Stela é uma mulher, vítima de dores e frustrações fortes, que foram agravadas por uma enorme sensibilidade. Procuro ter responsabilidade em apresentar uma história, com fidelidade e respeito a pessoas que passaram por situação semelhante”, conta a artista.

Assédio também vai mostrar a obstinação da jornalista Mira (Elisa Volpatto), além, claro, das mulheres que cercam Roger Sadala, tais como a sua primeira mulher, Glória (Mariana Lima) e a sua segunda esposa, Carolina (Paola Oliveira). A série tem ainda participações especiais de Mônica Iozzi, Bárbara Paz, Vera Fischer, entre outras.

A diretora artística Amora Mautner acredita que ter muitas mulheres envolvidas na série ajudou na concepção de todo o projeto. “Estar com outras mulheres para falar deste assunto nos deu esse privilégio. Temos a sensação comum de já termos sido assediadas em algum momento da vida, em algum aspecto”, conta, explicando ainda o conceito da escalação das atrizes. “Desde o início, como o conceito era ser plural, representar várias mulheres e vítimas, fizemos uma escalação que misturou grandes nomes da TV com pessoas ainda não tão conhecidas do grande público, mas muito prestigiadas no teatro. Todos estão brilhantes”, avalia.

Assédio é uma minissérie escrita por Maria Camargo, com Bianca Ramoneda, Fernando Rebello e Pedro de Barros. A obra é livremente inspirada no livro “A Clínica: A Farsa e os Crimes de Roger Abdelmassih”, de Vicente Vilardaga. A direção artística é de Amora Mautner, direção-geral de Joana Jabace e direção de Guto Botelho. 

Redatora e cronista