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Carmen Mouro garante: “Não entrei na televisão para fazer apenas um programa”

André Vilar
14 min leitura

Quem a conheceu na adolescência dificilmente a imaginaria no lugar onde hoje se encontra. Carmen Mouro é formada em Direito mas completamente apaixonada pelo mundo da moda, da beleza e do lifestyle. Em 2019 arriscou entrar no universo televisivo ao comando de Tu Consegues (SIC Caras), e em relação a 2020 fecha-se em copas mas garante saber que cartas jogar.

A Televisão – A Carmen nasceu em Angola mas já viveu em sete países diferentes. O que é que esta experiência trouxe à sua vida? Não a assusta viver em constante adaptação a novas realidades?
Viver em sete países acrescentou-me precisamente capacidade de adaptação, capacidade de perceber que fora da zona de conforto estamos em constante crescimento. As novas realidades, os novos desafios, acrescentaram-me ferramentas para lidar com a vida. Portanto não lido com esta questão como um problema, mas sim como uma oportunidade. Prefiro surpreender-me, em vez de me assustar. Prefiro aprender, em vez de me retrair. Adoro Portugal, adoro o Brasil, adoro o Dubai, tenho um carinho especial por Angola, porque foi o país que me viu nascer, mas a minha casa é o mundo. As oportunidades para nos realizarmos sob o ponto de vista pessoal, para sermos as pessoas que queremos ser verdadeiramente, podem estar em qualquer lugar. Tento sempre transmitir isso aos meus filhos.

Tem uma vasta experiência no universo da moda e do lifestyle, no entanto, é formada em Direito. À partida dois mundos que nada têm a ver um com o outro. Como é que surgiu o curso de Direito na sua vida?
Talvez seja mais interessante e surpreendente explicar como é que a moda surgiu na minha vida, uma vez que o Direito apareceu primeiro. Mas vamos por partes. Eu sempre soube que acabaria por me licenciar em alguma coisa. Desde pequena que tenho isso como dado adquirido. A minha família sempre me incentivou a ir atrás dos meus sonhos, fossem eles quais fossem, mas também me educou no sentido de estudar para ter mais oportunidades, mais backgroung e mais chances de vencer na vida.
O curso de Direito é uma extensão da minha personalidade. Sou uma pessoa muito organizada. Gosto de ordem. Gosto de regras que tornem a vida e o trabalho mais fáceis. Quando estamos organizados perdemos menos tempo com coisas supérfluas e sobra-nos mais tempo para aquilo que é realmente importante. Não me tenho dado mal com esta estratégia.
De resto, um curso de Direito é uma belíssima ferramenta de trabalho para uma empresária como eu. O sucesso nos negócios depende bastante do conhecimento do enquadramento jurídico de um país. Quem pode jogar este trunfo no mundo empresarial, estará sempre um passo à frente da concorrência.

“Na adolescência chamavam-me Robocop, por ter um andar desajeitado”

E agora sim: como é que nasceu esta paixão pela moda, pela beleza e pelo lifestyle?
Quem apenas me conheceu agora tem dificuldade em acreditar que durante quase toda a vida fui uma Maria-rapaz. Na adolescência chamavam-me Robocop, por ter um andar desajeitado; ou Ana Machadão, que era uma personagem de uma telenovela brasileira, que trabalhava como mecânico numa oficina e que aparecia sempre de fato-macaco e suja de óleo. Por aqui se percebe que eu não era propriamente um exemplo de sensualidade.
A moda surgiu na minha vida quando já ia a caminho dos 30, numa altura em que fazia muitas viagens de negócios. As primeiras oportunidades para fazer sessões fotográficas surgiram no Brasil. Depois comecei a ser convidada para modelo de passarela e até já desfilei alta-costura no Dubai.
Este trajecto é curioso e faz-me pensar que a vida está mesmo cheia de oportunidades. Nunca liguei muito à minha aparência durante quase toda a juventude. Hoje, adoro sentir-me bonita e cuido do meu corpo. Para além disso, gosto tanto de ver mulheres bonitas, que dediquei parte da minha vida a cuidar da beleza, saúde e bem-estar delas.
Amo a sensação de poder fazer a diferença para outras mulheres que, independentemente da idade, querem sentir-se bonitas, querem sentir-se bem tratadas, querem sentir-sem bem com elas mesmas, tal como eu quis, a partir de uma determinada altura. Isso faz-me mesmo feliz.

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Mas há mais áreas pelas quais a Carmen se sente apaixonada. A dança, por exemplo, é uma delas. Trata-se de um hobbie ou algo em que gostava de investir no futuro?
A dança é uma paixão muito antiga. Foi, aliás, a primeira. O ritmo da Lambada, deixava-me em êxtase. E isso tornou-se ainda mais vincado quando a meio da adolescência fui viver para o Brasil. Nessa altura, a dança era quase tão importante para mim como o ar que respirava.
Continuo a gostar muito de dançar e, provavelmente, não vou parar de dançar enquanto me for concedido o privilégio de ter forças nas pernas. Mas transformar a dança numa área de negócio, não me passa para já, pela cabeça.

“Precisava de algo que me desafiasse, porque a moda já começava a representar uma zona de conforto.”

 A Carmen já era conhecida por ser a proprietária dos Spazio Di Belle (em Lisboa, Luanda e Dubai) mas, recentemente, decidiu saltar para o universo da televisão. Como é que se dá este ‘salto’? Porquê arriscar na produção e apresentação de programas televisivos?Há dois motivos para dar este salto. O primeiro prende-se com o facto da moda já não ser suficiente para expressar o meu potencial enquanto ser humano. Da mesma forma, anteriormente, os negócios também tinham deixado de ser suficientes para me expressar na plenitude, abrindo espaço para a entrada da moda na minha vida. Faz parte da minha evolução pessoal.
De certa forma, pode dizer-se que a televisão surge como upgrade à carreira na moda. Precisava de algo que me desafiasse, porque a moda já começava a representar uma zona de conforto. E o que acabou por aparecer no horizonte para satisfazer essa necessidade, foi precisamente a televisão. Era isto que me o coração me pedia, mas também era este o caminho que a cabeça, racionalmente, me indicava.
Eu não sabia fazer televisão mas, no fundo, tinha a certeza de que estaria à altura do desafio. Tinha a certeza de que, com a atitude certa, com humildade, conseguiria aprender. Rodeei-me então das pessoas certas, de gente que faz televisão há muitos anos e tudo acabou por fluir.
Mas, tal como disse, no início da resposta, há dois motivos que me fizeram dar o salto para o mundo da TV. O segundo enquadra-se numa estratégia de marketing para o meu próximo passo no mundo empresarial. Eu raramente faço o que quer que seja apenas com objectivos imediatos. Estou sempre a deitar à terra sementes para o que vem a seguir. E a televisão surge nesse enquadramento. Ou seja, o facto de lançar o meu nome na esfera mediática aqui em Portugal, serve também para criar condições que a marca que vou lançar com o meu nome, adquira alguma notoriedade antes mesmo de surgir no mercado.
Vou ter uma linha de roupa, calçado, perfumes, adereços, etc. É um passo muito ambicioso e quero que seja um êxito. Desejo, do fundo do coração, e tudo farei para que isso aconteça, que Carmen Mouro, seja uma marca vencedora. A TV faz parte da estratégia para chegar lá.

Como é que nasceu a ideia do ‘Tu Consegues’? Foi difícil colocar este programa no ar, na SIC Caras?
A ideia de fazer um programa relacionado com moda, surge pelo facto de eu estar ligada à moda. E como sei que há milhares e milhares de jovens, por todo o mundo, a querer triunfar neste meio, sem saber a que portas hão-de bater, achei que o mais indicado seria criar uma forma de os ajudar. O vencedor do programa vai fazer um curso de manequim em Londres, com tudo pago. Não há melhor maneira de começar uma carreira destas.
Se foi difícil colocar o programa na SIC? Eu acho que os produtos de qualidade, seja em que área for, acabam por vingar. O Tu Consegues é um produto de qualidade. É óbvio que fiz a minha parte, mas o mérito é de toda a gente que me ajudou a fazê-la bem e que, para além disso, fez o respectivo trabalho de forma extraordinária. Estou muito feliz com o resultado final.
Talvez o mais difícil em todo o processo, tenha sido convencer as pessoas do mundo da televisão de que uma outsider, era capaz de fazer um programa. Quando cheguei à SIC com o produto finalizado, provei que eu consigo!

“O público apenas vê o glamour dos desfiles e das sessões fotográfica, mas ser manequim não é para qualquer um.”

Nas promos à estreia do programa a Carmen começa por explicar que a vida dos modelos está associada ao brilho e ao glamour mas que está repleta de desafios. De que desafios falava?
Os modelos têm, por vezes, de trabalhar ao frio, à chuva, com animais selvagens, com jet lag, têm de fazer cenas íntimas com pessoas que não conhecem, têm de se despir em frente a equipas inteiras com quem não têm qualquer intimidade, têm de enfrentar a concorrência feroz de outros tantos modelos que aspiram aos mesmos trabalhos, enfim, é uma área profissional muito competitiva. O público apenas vê o glamour dos desfiles e das sessões fotográfica, mas ser manequim não é para qualquer um. É preciso uma tremenda força mental, espírito de sacrifício e muita disciplina. São esses os desafios que é preciso superar.

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O programa pretende encontrar a próxima estrela da moda portuguesa. Pelo que já teve oportunidade de ver, há fortes candidatos e candidatas para este título?Há concorrentes com enorme potencial. Ou muito me engano ou lançámos no programa vários dos futuros talentos da moda portuguesa. Sobretudo entre os dez finalistas, acredito que temos ali muita matéria prima para trabalhar. Há vários diamantes em bruto para lapidar.

Como é que está a ser a experiência de trabalhar ao lado de nomes como Nuno Gama (estilista), Sharam Diniz (atriz e modelo) e Leticia Birkheuer (atriz e modelo)?
Eles são maravilhosos! Entendem de moda, entendem de televisão e entendem de pessoas. É fantástico trabalhar com eles. E é fantástico tê-los como mentores dos concorrentes. O Nuno, a Sharam e a Letícia são decisivos para o crescimento destes aspirantes a manequim. Não podia estar mais feliz com a escolha.

“Não entrei na televisão para fazer apenas um programa e desaparecer logo de seguida.”

O ano de 2019 terminou com a sua ascensão no mundo da televisão com o programa ‘Tu Consegues’. E 2020? Promete novidades em televisão? Conte-nos o que vem aí.
Eu não gosto de fazer promessas, mas sim de apresentar projectos. Tenho projectos, não vou esconder, mas também sei que tudo tem um tempo certo para ser anunciado e, pela minha veia empresarial, sei ainda que o segredo é a alma do negócio. Por todos estes motivos, não posso contar muito mais acerca do que está para vir. Porém, na altura devida, todos saberão que projectos são estes. Uma coisa é certa, não entrei na televisão para fazer apenas um programa e desaparecer logo de seguida. As ascensões rápidas, seguidas de quedas vertiginosas, não são o meu estilo.

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Em Portugal chamar-se-ia à Carmen a ‘mulher dos sete ofícios’. Está presente em vários ramos, gosta de arriscar, não tem medo de ir mais além…O que é que faz a Carmen Mouro no (pouco) tempo livre que tem? Guarda tempo para si e para os seus?
Eu acredito que há sempre forma de arranjar tempo para aquilo que é importante para nós. Cuido de mim, cuido do meu corpo, gosto de passar tempo de qualidade com os meus filhos e com os meus amigos. Não tenho muito tempo livre, mas consigo geri-lo. Também tenho pessoas a trabalhar para mim que me permitem respirar, porque confio nelas. Para além disso, a maioria dos meus negócios funciona em velocidade de cruzeiro.
Portanto, sobra tempo para mim e para os meus. Sobra tempo para fazer desporto, sobra tempo para passear, sobra tempo para abraçar e mimar quem merece e quem eu realmente amo.