Maria João Luís foi uma das convidadas de Manuel Luís Goucha, esta segunda-feira, na TVI, e falou sobre as cheias de 1967 que vitimaram cerca de 30 familiares.
Na altura, Maria João Luís tinha quatro anos: “São as cheias de 67, são as cheias terríveis que assolaram o país e que mataram 700 e tal pessoas. Para mim, foi dramático”.
“Lembro-me que, como não queriam que eu tivesse noção do que se estava a passar, deixaram-me num quarto com uma pessoa sempre comigo, mas eu ouvia os gritos das pessoas que entravam na minha casa, ouvia o choro. Morreram 30 pessoas da minha família, sensivelmente. Foi muita gente, foi uma das famílias mais afetadas na zona da Lezíria”, recordou Maria João Luís.
Contudo, durante anos, a atriz apagou “aquilo completamente” da sua memória: “Até que, mais tarde, há realmente um dia em que eu me lembro de tudo. De repente, eu lembrei-me do sítio onde eu estava, das pessoas que me faziam companhia enquanto eu estava naquele quarto… Cada vez que eu ia à casa de banho, passava pela sala onde o meu pai estava sentado com a cabeça entre as mãos”.
“Lembrei-me de tudo e lembrei-me, sobretudo, dessa coisa que nenhuma criança deve passar, que ninguém deve assistir, que é ver os pais a chorar. Ver os pais a chorar é uma coisa terrível”, continuou Maria João Luís.
“É um momento terrível, é uma coisa assustadora e o que é incrível é como eu apago isso tudo e, de repente, num flash, vem tudo à minha memória”, disse ainda.
Veja aqui e aqui uma parte da conversa.