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Uma série de coisas a dizer

A Televisão
5 min leitura

Séries portuguesas e séries internacionais: dois produtos televisivos que aformalam o mesmo nome, mas que nem por isso comungam da mesma máxima. A máxima mais básica, se bem que não a mais reverenciada, de que “a pressa é inimiga na perfeição”.

Antes da procura incessante de fazer melhor se ter transformado numa espécie de Atlântida, ou seja, algo já muito distante das memórias de qualquer ser humano ainda vivo e algo que praticamente já se considera um mito, o sadismo e as mentes anacrónicas não predominavam, de todo, neste pequeno continente que é a televisão.

Enquanto que as séries americanas têm uma semana para escrever, gravar e editar cerca de 45 minutos, ou seja uma episódio. (E por isso podemos assistir a séries de qualidade que já duram vários anos, como CSI ou Donas de Casa Desesperadas, ou até séries mais recente como The New Normal ou Glee). Nós, os portugueses, conseguimos exceder, regularmente, o ritmo de gravação de telenovela, com aquele que deveria ser um formato mais cuidado e de qualidade quase de cinema (como acontece nos Estados Unidos da América). Logo: enquanto que nas séries internacionais existe um cuidado extremo em produzir cada episódio, tal como se tratasse da última reserva de petróleo do mundo, no nosso país, as séries, salvo raras exceções como Equador, são gravadas a um ritmo por vezes superior a um ritmo de novela; isto é: cerca de 6 episódios semanais, cerca de 300 minutos (menos de um sexto do tempo disponível nos EUA). Portanto, a qualidade exímia não primará propriamente (não desprezando, obviamente, o distinto e admirável trabalho realizado em Portugal com as suas novelas, que aliás já ganharam 4 indicações ao Emmy, ganhando 2 delas) nas séries nacionais.

Se bem que existem séries realizadas a um nível de cinema, português, tais como Liberdade 21, Noite Sangrenta, Vida Privada de Salazar, Destino Imortal, não nos podemos esquecer das séries temáticas que a RTP tem produzido ultimamente e que são gravadas, literalmente entre os intervalos das novelas das privadas, ou seja, quando o lote de atores disponíveis é superior. O que é que isto implica? Evidentemente que os atores serão sobrecarregados com textos e mais textos, que têm de decorar de um dia para o outro. Textos esses que, por vezes, se podem ler melhor nas sua profundas olheiras que nas suas numerosas falas.

Não nos podemos esquecer também do tratamento que as séries, já transmitidas no passado, de quase late night da TVI têm recebido nestes últimos dois meses. Séries que são literalmente reemitidas para tapar buracos na programação e que ocupam o lugar das séries, que a meu ver serão séries de uma qualidade notável. Séries a não perder e que terão, espero, uma promoção ao seu nível. Seria também uma considerável lacuna, esquecermo-nos do pouco investimento realizado pela SIC neste tipo formato televisivo. Temos séries de excelente qualidade e a serem emitidas. Temos. Mas séries, internacionais. Já as séries nacionais, essas foram poucas as que foram concebidas. Espero que em prol de concretizar uma boa novela. Dancin Days.

Sinceramente, não sei se nos falta a cereja no topo do bolo ou se pura e simplesmente colocamos demasiado fermento nas nossas sobremesas televisivas. Agora…com isto quero dizer que as séries portuguesas são intragáveis? Não! De maneira alguma! Existem, e todos nós sabemos, séries de alta qualidade lusitanas. Quero apenas reforçar as evidentes diferenças que existem entre as NOSSAS séries e as séries DELES. Quero apenas reforçar que os atores são cada vez mais obrigados a fazer jejum das suas vidas pessoais e a estar, durante um curto ou longo período de tempo, num Ramadão de sossego. Quero sim reforçar que, embora não sejamos o país mais opulento do mundo, não nos faltam ricos e doces profissionais, afortunados e mélicos génios e, mais importante, riqueza de talento e de sonho.

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