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Uma curta aventura

A Televisão
6 min leitura

«A Grande Aventura – A Rota dos Vulcões» chegou ontem à TVI, numa emissão única que parece ter «caído do céu»: por um lado, surgiu na grelha sem uma razão lógica (a não ser a de ter servido para encher o horário nobre de um domingo) e, por outro, por ser um bom e diferente formato (há algum tempo que não se vê algo do género na televisão portuguesa).

Se recuarmos no tempo uns meses e olharmos para a TVI que estreou «Perdidos na Tribo», vemos que «A Grande Aventura», apesar da curta duração, põe aquele formato a um canto! O programa que deu ontem é que deve, realmente, ser apelidado de doc-reality, pois mostra a realidade de uma região do planeta, a forma como os seus habitantes vivem, como trabalham, como reagem às pessoas de outras culturas. Há credibilidade neste formato e os atores escolhidos para participarem nesta aventura dão vontade de assistir ao programa pelo que mostra. E a seleção dos operadores de câmara escolhidos para as filmagens também foi bem feita: havia planos dignos de uma reportagem!

Uma das surpresas deste programa foi a apresentadora, a atriz Fernanda Serrano. Ela esteve irrepreensível, conduzindo bem o formato, falando no tom certo e tendo empatia com a câmara (talvez pela sua experiência como atriz). Acredito que a empatia que a Fernanda tem com os atores que estavam a competir tenha ajudado a que a sua condução, quando se encontrava com eles a meio da aventura, tenha sido mais fluida e autêntica. A ver vamos se a TVI vai voltar a apostar nela como apresentadora, quer seja numa (possível) nova edição d’ «A Grande Aventura» ou num formato do género.

As três duplas em competição (Joana Solnado e Tiago Aldeia, Sara Prata e Luís Esparteiro, Jani Zhao e Frederico Barata) foram bem escolhidas, não só pela forma como se comportaram perante as câmaras, mas também pela agilidade que tinham em desenrascar-se, o que era o trunfo do programa. E por não cederem a vedetismos e terem arriscado a sobreviver recorrendo à população local, dormindo nas casas que calhassem e comendo o que lhes dessem. Foi uma lição para algumas pessoas…

Mas nem tudo foi perfeito! O programa pecou por ter surgido numa emissão única e num programa que durou uma noite inteira. Este formato poderia ter dado para duas ou três emissões, mais curtas; um só programa, que surgiu e desapareceu da grelha (qual a justificação para ter sido gravado? Foi um programa-piloto?), tornou-se maçador (com o público a ver pela segunda e terceira vez acontecimentos já vistos anteriormente – pedido de boleia, pedir para dormir, pedir para comer…) e previsível. Os desafios ajudaram à competição, mostraram a realidade das regiões por onde passavam e mostrou a forma de sobrevivência daquele povo; esses desafios mostraram um pouco a fragilidade do formato (baixo orçamento) e, sem dúvida, deveria ter havido mais desafios (para dar dinamismo ao programa e manter sempre o interesse). E é aí que vemos a grande diferença entre «Peking Express» (versão original d’ «A Grande Aventura») e «The Amazing Race» (formato em que equipas de duas pessoas competem por um prémio final, viajando por várias regiões do planeta, completando desafios e que já teve várias versões em todo o Mundo): o formato adaptado pela TVI é um produto mais pobre (por ser gravado em pouco tempo e com poucos recursos, nomeadamente monetários), mas ao mesmo tempo mais rico (por mostrar mais concretamente um determinado povo e uma cultura de forma detalhada).

Fazendo um balanço do programa que foi (unicamente) ontem para o ar, o saldo é mais que positivo! É um formato que foi uma pena ter durado só um horário nobre, que não tenham feito várias emissões ou que tenha sido gravado em três dias. Terá sido um teste? Acho que este programa deveria voltar à antena, com novos concorrentes (quem sabe com um novo «cenário»), com uma duração mais alongada. Foi um desperdício ter-se esgotado numa só noite! Pegando em «Peking Express», há muitas formas de recriar o produto, de agarrar os telespetadores, de o fazer crescer. Vamos ver qual será a decisão da TVI, mas sem dúvida alguma que foi ótimo ver um formato como este na televisão nacional… e não ter que ir, como telespetador, para os canais por Cabo para ver algo do género!

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