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Rir é mais difícil do que parece

A Televisão
4 min leitura

Falar_Televisao 2012

«Rir faz bem à saúde!» é provavelmente a única frase que, na minha cabeça, vem sempre de mãos dadas com outra: «Há mais pessoas que desistem, do que pessoas que fracassam!», de Henry Ford. À partida não há qualquer ligação entre as duas, mas se a enquadramos no nosso contexto socio e económico-cultural, modificamos completamente a forma de pensar. Isto é, se nos situarmos neste país de capital Ulisseia, conseguimos, sem sombra para dúvida, perceber que a comédia pura já não é feita, em televisão, há alguns anos.

Gosto Disto, Vídeo Pop, Não há Crise, Apanhados são só alguns programas que, embora tenham piada, têm um desgaste fora do normal…ou talvez não, porque não podemos aguardar que um programa que vive de vídeos, vistos milhões de vezes, recolhidos da internet tenha as audiências de outros produtos televisivos que implicam uma faina de bastantes horas diárias, como é o caso dos Jornais informativos e das Telenovelas; ou que um programa em que as piadas mais frequentes são os mais recorrentes do clichés do quotidiano. E o que há de mal nos clichés? Nada, se forem assumidos como tal e se forem acompanhados de piadas frescas e joviais.

Agora… e não desprezando, de todo, os programas referidos (que têm obviamente o seu valor reforçado pelas audiências razoáveis que obtêm), faltam em Portugal programas com uma carga dramática elevada. Existem sim programas televisivos que nos fazem rir, como as Telenovelas com os seus núcleos cómicos, ou as séries americanas que podemos acompanhar nos canais de TV por cabo, ou até os talk-shows apresentados por pessoas em que o carisma sobeja. Mas quem é que se esqueceu das gargalhas que já deu ao assistir a Roque Santeiro? Quem não tem saudades de séries como A Minha Sogra é um Bruxa? Quem já não sente uma certa nostalgia por já não poder assistir semanalmente a Estado de Graça?

Portugal precisa de rir. Precisa de se rir com os outros. Precisa de se rir de si mesmo e das suas graças, bem ao estilo de Gil Vicente. Portugal não carece mais da palavra «crise» a ser usada como desculpa para muito do que não deveria ser usada. Necessita de produtos tal como as séries de carácter cómico produzidos nos EUA, programas que nos façam rir durante minutos e minutos a fio.

Necessitamos de contrariar o que Henry Ford afirmou e não desistir antes de tentar. Fracassar não é positivo, mas desistir antes de tentar é muito pior. Onde está a coragem que dominou o nosso sangue e que nos levou a conquistar metade do mundo? Vamos arriscar e fazer um programa para rir, escrito e pensado para nos rirmos das personagens, para nos doer a barriga de tanto gargalhar. Nos rirmos de nós. Eu preciso de rir. Nós precisamos de rir. TU precisar de rir!

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