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Representação e Depressão

A Televisão
3 min leitura

A notícia sobre Rogério Samora e a sua recente luta contra a depressão, devido à personagem que encarna em “Rosa Fogo”, pôs-me a pensar: até que ponto o ser humano consegue mudar, abstrair-se de si e, e representar algo que não é realmente, sem deixar mazelas? Até que ponto resiste, sem que isso o consuma por inteiro, e os dois mundos se misturem?

Casos de depressões do género não nos faltam na história mundial, como Marylin Monroe, Owen Wilson… Muitos sofrem em silêncio, outros, como Rogério, fazem questão de partilhar (e a meu ver bem!) este tipo de situação. Fisicamente, representar exige muito de uma pessoa. Assim como está cientificamente provado que quando uma pessoa mente, existe mais actividade cerebral do que quando esta está a ser verdadeira, o mesmo se deve passar na representação: dias, semanas, meses, a comportar-se de uma forma que não a sua, a falar de outra forma, olhar, trejeitos… O corpo humano não é insensível a estes estímulos e acaba por querer assimilar estes comportamentos.

Isto falando de uma perspetiva puramente fisiológica (e já temos uma ideia do esforço necessário). Agora quando a isto juntamos a componente emocional… Muitos atores dizem que determinadas cenas ou personagens requerem uma visita ao seu passado, aos seus traumas e angústias, para dar mais credibilidade. Pois bem, isto não é altamente destrutivo, se for feito constantemente? A meu ver sim. Claro que temos de ter em conta os equilíbrios e resistências emocionais de cada um. Existem atores e atrizes norte-americanos que fazem novelas há mais de 20 anos e aguentam-se perfeitamente, distanciam-se claramente dos seus personagens no dia-a-dia, etc. Agora também convém referir que mesmo assim, as novelas hispânicas e portuguesas têm subjacentes cargas emocionais elevadíssimas. Adoramos o drama, a carga sentimental e a efusão de reações dos atores.

Espero sinceramente que o Rogério consiga superar esta etapa, com calma e com paciência. Não como diz, que nem que morra ao fazer a novela. Um perfeito disparate. Deixei esta reflexão, porque me pareceu pertinente face à situação por ele vivida.

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