fbpx

Ontem e hoje

A Televisão
2 min leitura

Numa destas tardes, apanhei na antena da RTP Memória o concurso Agora É Que São Elas, apresentado, algures nos anos 90, por Júlio Isidro. Em cada edição do programa várias duplas de concorrentes, uma mulher anónima e um homem famoso, tinham que adivinhar o desfecho de uma narrativa que era apresentada através de vários sketches com atores bem conhecidos. Naquela edição em específico, as concorrentes tinham que adivinhar o desfecho de uma história que retratava uma jovem rapariga a assumir-se perante os seus pais enquanto lésbica. A jovem, interpretada por Cristina Areia, apresentava a sua namorada à sua mãe, Maria Vieira, que estava incrédula e que tecia as maiores barbaridades sobre o relacionamento que acabava de tomar conhecimento.

E, de facto, não era apenas a personagem de Maria Vieira que mantinha aquela posição. Quer o público em estúdio, quer os próprios concorrentes, tentavam encontrar um desfecho para aquela história com o maior dos preconceitos acabando por escolher as alternativas de respostas sempre mais brejeiras e homofóbicas. No fim, todos acabavam por se rir e exclamavam “que pouca vergonha!” ou “que palhaçada!”.

No fundo, e enquanto assistia a esta pérola do canal Memória, fiquei feliz. Perante estes arquivos do entretenimento de há 10/15 anos atrás, é inegável o facto de que a abordagem que a televisão começou a adotar para com determinados temas mudou drasticamente ao longo deste tempo. A sexualidade é um desses exemplos. Atualmente a “pouca vergonha!”, exclamada há alguns anos atrás, é mesmo tecer todos os comentários discriminatórios e homofóbicos que preencheram aquela edição, conduzida já na altura por um Júlio Isidro muito discreto e equilibrado nos seus comentários. E ainda bem.

Siga-me:
Redactor.